Os irmãos

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Meu medo e desespero aumentava a cada passo que os dois davam se aproximando de mim, queria correr pra longe e não voltar mais para aquele mundo louco.

·VOCÊ! HUMANO! -Sobressaltei ao ouvir a voz dele, mas o olhei,  intimidada por sua altura... Era muito alto mesmo...- EU, O GRANDE PAPYRUS! IREI AJUDÁ-LO!

Ele ia me ajudar? Sério? Depois de tudo que passei naquele lugar, não queria  mais confiar em ninguém. Mas meu corpo doía tanto... Podia sentir meus ossos, era como se estivessem sendo quebrados aos poucos, pelo frio. Minha garganta doía e já quase não conseguia andar. Olhei para Sans, ele parecia não acreditar na escolha do maior, eu apenas assenti com a cabeça levemente, eu precisava mesmo de ajuda...

·CERTO! VAMOS LEVÁ-LA PARA NOSSA CASA! -Papyrus segurou em minha mão e começou a me puxar para a casa deles...

Sans nos seguia lá atrás, podia ver a luz de sua única íris vermelha no meio de uma maldita neblina. Sabia que iria morrer daquele jeito... Mas precisava acreditar só dessa vez, esse tal de Papyrus não parecia ser um psicopata como Sans, então, por quê não?
   Sentia um cheiro horrível de sangue, corpos mortos... Era muito ruim, eu tremia sem parar, uma mistura de frio e medo, Papyrus percebeu.

·HUMANO! NÃO PRECISA TER MEDO! EU, O MAGNÍFICO PAPYRUS IRÁ CUIDAR DE VOCÊ! -Aquilo me fez confiar um pouco mais nele.

Algum tempo depois andando, Papyrus parou, havíamos parado em frente uma casa de madeira, neve cobria o telhado e janelas, sacada... Por fora, Em frente a casa, dois buracos estavam no chão, um do lado do outro, me perguntava o que havia ali...

·ENTRE! -Ele dizia abrindo a porta e me empurrando pra dentro apressado.

Entrei e olhei ao redor, não sabia com que palavra descrever o lugar... Era uma zona! No centro, havia um sofá vermelho todo ferrado, era rasgado e a espuma saía pra fora. Na frente do sofá, no chão, um tapete da mesma cor, um pouco mais escuro, talvez pelo sangue que dominou quase todos os cantos da sala. As paredes tinham uma cor beje feio, com  marcas pretas, pelo mofo. A mistura do cheiro de sangue com mofo era horrível. Senti algo subir por minha garganta, mas segurei para não por pra fora... Ali não era meu lugar...

·SINTA-SE EM CASA! VOCÊ NÃO SAIRÁ MESMO! NYEH·HEH·HEHE·HEH!

Gelei ao ouvir aquilo, ia fugir dali mas quando me virei, vi Sans fechar a porta, com um sorriso maldoso. Agora sim estava perdida! O quê faria agora? Meu corpo doía ainda mais, ainda sentia muito frio.

·QUE TAL TOMAR UM BANHO? -Ele disse vindo até mim e me pegando no colo
·N-não... Eu não preciso...! -Tentava impedi-lo, mas ele estava determinado. Sans apenas observava.

Me levou para o andar de cima e foi para o fim do corredor, onde entramos no banheiro. O banheiro era sujo, mas nem tão sujo, meamo assim precisava ser limpo. Ele segurou-me e tirou meu vestido rasgado, a sapatilha desgastada e o shorts, junto da roupa de baixo. Em momento algum eu parei de tentar fazê-lo me soltar, mas ele era mais forte que eu, não pude fazer nada mais que chutar seu 'rosto', que pareceu não o agradar muito, mas também não fez nada contra minha ação. Ele segurava meus pulsos acima de minha cabeça, parecia até contemplar meu corpo, que não era muito adulto nem tão infantil, tinha minhas curvas, era o ideal para uma garota de 13 anos. Aquilo era constrangedor, nem mesmo minha mãe via meu corpo nu, por quê ele tinha que ver?!
  Ele me ergue pra cima, me segurando ainda apenas pelos pulsos, me levou pra dentro do box e me pos de baixo do chuveiro, abriu a água... Estava fria! Eu gritava e esperneava, mas a temperatura começou a ficar mais quente, mesmo assim, não parava de me remexer. Ele só molhou meu corpo mesmo, "lavou" meu cabelo e desligou a água novamente, demorou menos de três minutos, ele não dizia nada, a única coisa que fazia barulho ali era o som de meus grunidos e o chuveiro. Ele me pos no chão novamente, fora do box. Minha cabeça permanecia baixa, não queria estar ali... Mesmo não estando mais sentindo tanta dor, estava um pouco melhor. Ele me deu uma toalha, eu peguei lentamente, enrolando no meu corpo.

·O-obrigado... -Murmurei baixo, não ouvi resposta. Levantei meu olhar pra ele receosamente, ele olhava pro lado, parecia tramar algo, mesmo não tento certeza.

Ele olhou pra mim e me viu o encarando, rapidamente me pegou no colo novamente e saímos do banheiro, o vapor quente saía pra fora do local pela porta, atraindo a atenção de Sans. Pude ver ele nos encarando sério, do andar de baixo, ele me dava medo... Papyrus me levou pra dentro de um quarto, era organizado e... limpo? Sim, ali era limpo e muito organizado, diferente do resto da casa. Fui colocada na cama, ele foi até o 'guarda-roupas' e começou a fuçar lá dentro. Olhei pra dentro do pequeno closet, haviam roupas como as dele penduradas em cabides, imaginava que aquele fosse o quarto dele. Comecei a me secar sentada ali na cama, sem descobrir muito meu corpo, ainda sentia vergonha, mesmo Papyrus não demonstrando muitos sinais de perversão ou qualquer outra coisa do tipo, ele parecia tão inocente... Mesmo com aquela aparência assustadora. Ele se virou e veio até a cama

·ACHO QUE CABEM EM VOCÊ! QUALQUER COISA, É SÓ TROCAR ALI DENTRO, E POR FAVOR, NÃO FAÇA BAGUNÇA! DEPOIS NÃO HESITE EM IR PARA A SALA! -Ele disse com um sorriso. Ele saiu do quarto e fechou a porta de novo.

Fiquei olhando para a porta, talvez esperando que ele passasse a tranca mas não aconteceu, ele deixou encostada... Ele não era tão ruim, afinal. Peguei as roupas que ele me deu, era uma calça preta, uma blusa de frio moletom roxa com listras rosas... Me perguntava onde ele teria arrumado aquelas roupas. Eram quentes, então... Não seria ruim usá-las, não é? Vesti aquela blusa, até perceber que não tinha roupa íntima (calcinha), fui lentamente até o closet e procurei por dentro de umas caixas que haviam ali, sem bagunçar nada, como ele pediu. Encontrei e terminei de me vestir, peguei um par de meias também, calcei e sequei o cabelo, logo saí do quarto, como não tinha a obrigação de por a toalha no lugar, deixei ali mesmo, encima da cama... Fui lentamente até a sala, no andar de baixo. Sans me viu e rapidamente olhou pra mim, aquele olhar... fez meu corpo todo estremecer, mas dessa vez não era frio, era apenas medo. Ele desviou o olhar novamente, totalmente desinteressado, voltou a fechar os olhos e tentar dormir. Eu ouvi alguns barulhos na cozinha, estavam todos distraídos...
   Eu me aproximava silenciosamente da porta, era minha oportunidade... Estava à um passo de conseguir minha liberdade, quando uns ossos surgiram do chão e bloquearam o caminho da porta. Em pulei pra trás assustada, olhei para o sofá, onde Sans estava deitado, minha respiração estava acelerada.

·nope. -Ele disse olhando pra mim ainda com aquele sorriso.

Ia mesmo morrer ali? Eu não sabia... Mas eu respirei fundo e me enchi de determinação... !

HorrortaleOnde histórias criam vida. Descubra agora