Remember Me

You can always count on me

Depois do momento bastante confuso que ocorreu dentro daquele quarto de hospital, eu preferi não dar ouvidos a Dinah e caminhei lentamente pelos corredores até o quarto onde Daniel estava. Minha cabeça estava latejando bastante e a dor atingia os meus olhos, fazendo com que eu pressionasse os dedos polegares nas pálpebras. Quantas vezes Lauren já deu indícios de que tinha recuperado a memória? Por que daquela vez eu estava sentindo meu corpo inteiro formigando e uma sensação estranha tomar conta de mim? Ela provavelmente estava tendo algum colapso de memória, eu realmente me recusava a acreditar que depois de cinco meses em coma Lauren acordaria lembrando de tudo.

Respirei fundo tentando organizar meus pensamentos quando parei em frente ao quarto de Daniel, ele me conhecia muito bem e era esperto demais para saber quando algo não estava certo e eu queria evitar perguntas. Agradecia imensamente ao Derek por ter contratado duas médicas que estavam substituindo Lauren e eu, elas se chamavam Callie e Arizona, ortopedista e pediatra respectivamente. Eu não tive nenhuma condição de trabalhar durante esses meses.

Abri a porta e a cena que vi fez meu coração bater mais rápido e um sorriso enorme tomar conta do meu rosto. Emilia estava deitada na cama ao lado de Daniel, lendo um livro para ele enquanto meu filho tinha a cabeça deitada no ombro dela, ouvindo atentamente o que a garota falava. Eu nunca iria me cansar de admirá-los. Sempre me perguntava qual seria a reação deles quando finalmente descobrissem que eram irmãos.

Quando ouviram a porta fechando, os dois olharam na direção para ver quem tinha entrado no quarto e aqueceu meu peito o sorriso que enfeitou o rosto dos dois quando me viram.

- Mama!

Dany rapidamente endireitou o corpo e abriu os braços, me chamando para um abraço. E eu só percebi que estava precisando tanto de um abraço bem apertado quando já estava entre seus braços, respirei fundo sentindo aquele cheiro tão bom de criança e forcei-me a segurar as lágrimas que queriam tanto cair. Olhei para cima e encontrei os olhos carinhosos de Emy, tirei um braço da cintura de meu filho e sorri para ela lhe puxando para o nosso abraço. Ficamos nós três ali durante alguns segundos apenas aproveitando um ao outro. Meus filhos.

- Tia Camz, está tudo bem? – Emilia perguntou quando me afastei deles e endireitei o corpo, enxugando algumas lágrimas. Só percebi que estava mesmo chorando quando elas rolaram pela minha bochecha.

- Mama, o que aconteceu?

Agora os dois estavam praticamente ajoelhados em cima da cama, me olhando preocupados e confusos, senti vontade de me estapear por ter fraquejado na frente deles. A última coisa que eu queria era preocupar meus filhos.

Suspirei e balancei a cabeça, sorrindo um pouco para tentar tranquiliza-los.

- Não aconteceu nada com que vocês precisem se preocupar. Na verdade eu vim aqui porque preciso dar uma ótima notícia para vocês.

Meu sorriso ficou ainda maior quando seus olhos se encheram de expectativas.

- Eu finalmente vou poder ir embora desse hospital? – Dany perguntou animado, mas logo franziu o cenho. – Não me leve a mal, mama. Mas eu já estou aqui faz tanto tempo que realmente nem lembro mais como é a nossa casa.

Meu sorriso foi morrendo aos poucos ao ouvir suas palavras. Segundo Dinah, Daniel já não corria mais riscos de vida, mas ainda era necessário que ele ficasse em observação no hospital durante alguns meses para ter certeza que estava tudo bem. Não me opus porque sabia que aquilo seria o melhor para ele, mas acho que já estava mais do que nada hora do meu filho ter alta e voltar a viver normalmente.

Antes que eu pudesse responder, Emilia virou-se para Daniel e sorriu antes de falar.

- Não se preocupe Dany, a tia DJ me disse que você está cada dia melhor e que logo logo vai receber alta. Aí nós vamos poder ir ao parque e brincar juntos fora dessa cama de hospital, não é tia Camz?