capítulo 1

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Acordei 6:30 como de costume, me arrastei para o banheiro e fiquei um tempo a mais no banho, até que os gritos da minha mãe me despertam:

- Emily vai se atrasar de novo!

sempre me considerei uma garota bem sortuda, venho de uma família rica, nunca precisei me preocupar com nada, estava sempre em viagens e longe de mais de casa... minha mãe costuma dizer que sou impossível, mas eu acho que ela não me conhece bem o suficiente para dizer isso. Minha mãe não sabe direito da minha existência, ela é ex-miss então reprova totalmente o meu jeito de me vestir e criticar isso é o único diálogo que ela tem comigo. 

meu pai faleceu quando eu ainda era uma criança nos deixando uma bela de uma herança que minha mãe faz questão de gastar com coisas desnecessárias de beleza. felizmente tenho a minha parte e no final desse ano, quando fizer dezoito posso pegar e esquecer desse lugar.

Tenho um irmão gêmeo que não se parece nem um pouco comigo, tanto na aparência como na personalidade, meu irmão é o orgulho da família, capitão do time de basquete, namorada bonita e a casa é decorada com suas medalhas... o orgulho da minha mãe.

Ela não liga para todos os concursos de música que venci e nem para o meu boletim perfeito ou até para os trabalhos de caridade que passo o ano fazendo, porque para ela o fato de eu não me vestir bem anula tudo isso.

Desço para a cozinha e dou de cara com uma mesa repleta de coisas... sempre foi assim desde que me entendo por gente, a mesa farta, os empregados, eu e James tendo tudo na mão. Nunca entendi o porquê das atitudes da minha mãe... ela e meu pai formavam um casal lindo e unido pelo que me lembro... Não me recordo de nenhuma briga, nenhum desentendimento... ela mudou muito desde que ele se foi. 

Minha fome aumenta quando vejo um bolo de chocolate maravilhoso sobre a mesa, mas ver quem são as pessoas que estão sentadas tira a minha fome na hora.

minha mãe e meu irmão estão sentados conversando sobre alguma coisa que eu não faço questão de saber. 

James está com uma roupa toda engomadinha e isso me irrita profundamente, aquele cabelo perfeitinho dele a voz e o pior... O jeito que a vida parecia ser perfeita para ele. Reviro os olhos, pego um pedaço daquele bolo que ainda está me chamando e deixo os dois que nem perceberam a minha presença, conversando sozinhos.

Minha mãe me deu uma moto quando completei dezesseis anos... essa talvez seja a única coisa que ela fez por mim a vida toda. Uso ela para ir a escola porque com o capacete evito que me reconheçam e aproveito os poucos minutos de liberdade.

Quinze minutos depois avisto a escola. Estaciono no lugar de sempre, tiro o capacete e arrumo meu cabelo. Logo avisto a Hanna com aquela cara de reprovação que eu conheço bem.

- Atrasada! (Ela diz me dando um empurrãozinho de leve) -Onde você estava?

Hanna é minha única e melhor amiga, somos grudadas desde crianças e ela é a única pessoa no mundo que realmente me conhece.

- Dormi demais! 

- primeiro dia de aula... (ela diz respirando fundo e olhando em volta).

- primeiro dia de tortura você quis dizer. Vamos. (A abraço pelo ombro e a forço a andar).

- olha quem está vindo ali. (Hanna olha atrás de mim e balança a cabeça fazendo sinal para eu olhar).

Então, eu avisto a pessoa com os cachos amarelos mais perfeitos do mundo.

- Emily!  (Ela diz caminhando na minha direção. droga).

Eu não faço ideia do porque a namorada do meu irmão acha que eu gosto dela.

- Me desculpe Jessy... tenho coisa mais importante para fazer.
 


- Tão cedo Mily? James surge colocando a mão na cintura de Jessy.

Meu irmão sabe que odeio que me chamem assim.

Reviro meus olhos, pego Hanna pelo braço e saio rápido dali. mas como azar é meu sobrenome minha paz só dura alguns segundos, eu esbarro com a pessoa que eu mais odeio nesse mundo Sério, odeio mesmo!

- Que tal olhar por onde anda? 

- Calma aí estressadinha você também estava olhando pra baixo.

Olhei para o lado com a esperança de ter a Hanna ali para me segurar mas ela já tinha ido para a aula.

- Sai da minha frente Tyler.

- Como foi o verão Emily? Leu muitas histórias para os velhos?

- Sai da minha frente Tyler.

- olha o espaço. (Ele diz apontando para os lados).

Então empurro ele com força o fazendo derrubar mais duas pessoas.

- eu disse para sair da frente.

Tyler é o típico babaca do ensino médio, ele e eu éramos amigos, mas como tudo um dia acaba, com a gente não foi diferente... Ele se aproximou muito do meu irmão e se afastou de mim, dedicou a sua vida a fazer Bullying pelo fato de eu ser gorda, e meu irmão começou a crescer e parou de me defender.

Eu parei de ligar e passei a me defender sozinha, mas ele nunca desistiu de fazer da minha vida um verdadeiro inferno.

O dia de aula foi normal, Mr. Smith me fez lembrar o porquê odeio tanto quimica, as panelinhas no refeitório me fizeram lembrar o porquê odeio adolescentes e a educação física me fez lembrar o porquê eu odeio a escola.
O coral é o ponto alto do meu dia, lá é o único lugar onde tenho tranquilidade para fazer o que gosto e encontro pessoas iguais.

Hanna é Líder de torcida, eu já tentei de tudo para a tirar daquele ninho de cobras, mas ela ama todas aquelas acrobacias e a animação, então deixei para lá.

Já era costume para mim a esperar no estacionamento depois da aula enquanto ela troca de roupa, então lá estava eu, apoiada na moto e rolando o feed do Instagram em alguma página aleatória quando escuto uma briga, era Tyler... óbvio e mais algum integrante do clube de Química.

Eu não podia deixar esse estúpido praticar bullyng bem na minha frente, então eu fui lá, fui mesmo.

Já era tarde demais quando vi ele no chão e implorando para parar de apanhar. Eu não sei o motivo até hoje, mas ele morre de medo de mim, não que eu esteja reclamando.

- pode ir Joe, deixa ele comigo. (Digo devolvendo a mochila para o menino indefeso do meu lado).

- Foi só um soco, para de ser chorão e agradeça por eu estar num bom dia, agora vai procurar alguém do seu tamanho para provocar.

Chuto a perna dele e vou de encontro a Hanna que me olha com desaprovação.

- eu juro que foi só um soco e ele mereceu como sempre. (Digo levantando as mãos em sinal de rendição).

- eu não disse nada... Mas você sabe que-

-Violência não leva a lugar nenhum... Eu sei Han, agora vamos.

Sobrevivi ao primeiro dia.

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