III

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Oi! Tudo bem?
Cá estou eu, com outro capítulo. =D
O que vocês estão fazendo esses dias de quarentena? Confesso que na maior parte do tempo eu fico só curtindo a preguiça (e assistindo The Big Bang Theory).
Se cuidem, por favor! É surreal que tem gente que ainda não tá levando essa situação a sério (cof o presidente cof), então todo cuidado é pouco.
Saindo um pouco do assunto, esses dias tinha uma trend do twitter de montar personagens como cartoons e eu montei uma versão da Carol.

Não é completamente parecido com a visão que eu tenho na minha cabeça, mas é uma base hahahah se vocês quiserem, posso fazer dos outros personagens conforme eles forem aparecendo <3Enfim, boa leitura

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Não é completamente parecido com a visão que eu tenho na minha cabeça, mas é uma base hahahah se vocês quiserem, posso fazer dos outros personagens conforme eles forem aparecendo <3
Enfim, boa leitura. Espero que goste (e, se gostar, vota+comenta, e talvez recomenda pra umx amigx? Ajuda bastante a essa autora amadora aqui!).

Luv,
Millie ♡

Respirei fundo depois de colocar minha última mala dentro do carro. Eu já sabia que era sedentária e completamente despreparada para esforços físicos, mas nunca pensei que ficaria tão cansada ao carregar algumas malas. Acrescentei a minha to-do list mental: fazer mais exercícios assim que eu chegar na Capital.

Com minha mente focada no quão despreparada fisicamente eu sou, pude meio que descansar da realidade da mudança. Porém, logo entrei de volta na casa já vazia — a equipe de mudança já tinha pego todos os móveis — e suspirei. Se eu já não tivesse tão abalada, com certeza esse momento seria o momento que a ficha cairia e que eu ficaria triste.

Peguei minha bolsa que ainda estava no meu quarto e tranquei tudo, indo para o carro de vez e sendo seguida pelos meus pais, que também estavam fazendo as últimas coisas necessárias. Já sentada no carro, assisti eles trancarem a porta num ritual meio inconsciente.

Definitivamente a mudança era algo que me assustava. Assim, era o tipo de coisa que eu nem tentava esconder de mim nem de ninguém. Estava indo para um futuro completamente desconhecido e esse tipo de situação me fazia ex-tre-ma-men-te desconfortável, o que justificava minha reação negativa.

— Carol, querida, você tá muito calada hoje - meu pai apontou o óbvio. — Eu sei que isso não era o que você queria, e eu sinto muito por isso. Mas é o tipo de coisa que, no final das contas, é o melhor pra vida.

Eu preferi dar um sorriso triste e assentir, porque - por mais que eu soubesse que ele tinha razão em partes - eu ainda não conseguia ver a parte boa de tudo isso.

Na minha bolsa, trouxe coisas que eu simplesmente NÃO conseguia viver sem: meu celular, um livro de romance e meus fones.

Vasculhando minha playlist, escolhi uma música que combinava perfeitamente com meu mood do dia: All I Ask, da Adele. Ela era uma das minhas cantoras favoritas e (felizmente? Juro que não sei) as músicas dela representavam nitidamente a tristeza que eu estava sentindo, mesmo que não fossem pelos mesmos motivos.

Encostei a minha cabeça no vidro do carro, ignorando o fato de que a cada lombada ela acabava batendo e me dando uma onda de dor que durava (mais ou menos) dez segundos, meio que tendo um momento masoquista de sentir pena de mim mesma.

Poxa, minha vida é tão triste. Por que meus pais simplesmente não me entendem? Minha opinião merece ser levada em consideração, não é? Ok que eu ainda sou uma adolescente, mas tenho certa maturidade (as vezes).

No intervalo entre uma música e outra, escutei meus pais falando entre si. Não que eu quisesse bisbilhotar nem nada, foi totalmente sem querer, mas quando percebi que o tópico era eu tive que pausar a música para saber o que eles estavam dizendo.

— Às vezes dá certa pena da Carol, né? Me sinto culpada por ter que ser tão dura com ela porque se fosse eu na idade dela acho que me comportaria até pior.  — Minha mãe confessou.

— Eu entendo que é uma situação difícil, mas nós dois sabemos que não tinha o que fazer. A gente precisava se mudar mesmo e ela tem que lidar com isso. A única coisa que a gente pode fazer é tentar fazer isso ser o menos pior possível, e eu juro que vou. — Foi a resposta do meu pai.

— Acho que você tem razão. Talvez o fato da escola dela ser a mesma que a do filho do seu chefe seja algo que facilite pra ela.

— Bom, pelo que ele disse, a escola é muito bem preparada e não tem tantos alunos assim. Foi um sacrifício para conseguir a vaga da Carol, já que praticamente todos os alunos estudam lá desde cedo.

Ah, que ótimo. Que tranquilizador. Que facilitador de vidas esse meu pai.

Eu sei o que você tá pensando: isso foi sarcasmo? E eu te respondo: foi sim. Dos fortes.

Foi exigido de mim todo meu autocontrole para não fazer nenhum movimento brusco tamanha minha surpresa e indignação.

Já conseguia visualizar a imagem: eu, pobre menina do interior do Estado que não sabia se vestir, se portar ou falar como aquelas pessoas, no meio de um grupo de adolescentes ricos que se conheciam desde sempre. Eu seria massacrada, mastigada e cuspida fora. Todo mundo iria me odiar!

Justo quando eu achava que estava fadada a ser a novata invisível em alguma escola normal, meus pais me vêm com essa. Meu Deus, o que seria de mim?

Segurando minha vontade de chorar, dei play novamente na minha playlist. O que não colaborou nem um pouco com o meu autocontrole. Por que eu só tinha música triste? Wish You Were Here da Avril Lavigne não iria ajudar a me recompor.

Mergulhada na nova onda de tristeza que só minhas músicas sabiam como me proporcionar, comecei a lembrar da noite anterior.

Assim que desci do carro, foi mais um momento de confraternização com todo mundo que estava lá. Abracei todos, agradeci por estarem ali e conversamos por um bom tempo.

Depois, a maioria dos adultos foram embora e ficamos eu e minhas amigas sentadas no chão rindo e jogando papo fora.

— Ok — a Amanda, minha melhor amiga, chamou nossa atenção — é a última noite da Carol aqui por um tempo. Vamos fazer algo louco!

— Amanda, querida, louca tu já tá, né? — Falei, revirando meus olhos castanhos para ela. — Meus pais estão bem ali. A coisa mais louca que posso fazer é, sei lá, sair pulando aqui.

— Ai, nossa, nem vem — ela rebateu. — A gente pode jogar verdade ou desafio.

— Em qual momento da noite a gente voltou a ter onze anos? — Roberta, minha outra amiga, brincou.

— Por mais que eu concorde com a Roberta, — comecei — nossas opções de diversão agora são bem limitadas, então eu topo.

E isso resumiu boa parte da noite. Descobri várias coisas de amigas que não eram tão próximas assim de mim, revelei muitas coisas (quais os meninos que eu beijaria? Quem eu não suportava? Esse era o nível das perguntas), e, no final, foi mais um momento de distração da realidade.

No final de tudo, eu era grata pelas pessoas que estavam em minha vida e por todos os momentos que pudemos compartilhar juntas. A distância era difícil e preferiria não passar por ela, mas não tinha muito o que fazer sobre isso, além de esperar conseguir manter o contato com todo mundo que me fazia bem.

De Pernas Pro ArOnde histórias criam vida. Descubra agora