No capítulo anterior, vimos a Era dos Crossovers, quando a Marvel privilegiou "grandes" histórias nas quais todas as revistas dos heróis mutantes (mais de uma dúzia) se uniam para contar uma mesma trama. Houve algumas boas histórias, bons conceitos e muita besteira.
De qualquer modo, o exagero fez as vendas caírem drasticamente, afinal, os leitores cansaram de ter que comprar dúzias de revistas em um único mês para poder acompanhar uma história do Wolverine. E o efeito foi generalizado: após a bolha do mercado que o fez crescer aos mais altos níveis de venda (lembra que a nova revista X-Men 01, de 1991, foi a mais vendida de todos os tempos?), veio uma queda vertiginosa. Resultado: a Marvel Comics pediuconcordata em 1997, o primeiro passo do processo de falência.
Enquanto no mundo dos negócios houve toda uma manobra para salvar a empresa, no campo editorial também ocorreram mudanças. O Editor-Chefe Bob Harras foi encarregado de uma meta simples: melhorar as histórias ou cair fora. Assim, houve um esforço consciente de trazer tramas melhores, o que ocasionou na criação do selo Marvel Knights, por exemplo, dedicado a histórias mais adultas e sérias, comandado pelo desenhista Joe Quesada, que havia desenhado os X-Men pouco antes.
Uma fase de transição
Os X-Men continuaram a ter crossovers, mas agora bem mais enxutos e com uma qualidade melhor. Mas o time editorial foi consideravelmente modificado: Alan Davis – que tinha desenhado algumas histórias dos X-Men na época doMassacre de Mutantes, lá trás no fim dos anos 1980 – chegou para desenhar e escrever. Davis fez dupla com Terry Kavanagh e os dois assumiram tanto Uncanny X-Menquanto X-Men, com Adam Kubert na arte da primeira e o próprio Davis na segunda. Edições ocasionais foram desenhadas por nomes como obrasileiro Roger Cruz e alguns outros.
Alan Davis e Terry Kavanagh criaram uma pequena saga na qual os X-Men enfrentavam inimigos novos e algunsSkrulls até chegar ao seu grande momento: o arco The Twelve ou Os Doze, no Brasil, que correu nas revistas Uncanny X-Men 375 a 377 eX-Men 95 a 97, de 1999.
A trama inteira se baseava em uma pequena ideia lançada por Louise Simonson muitos anos antes, nos primeiros tempos da velha revista X-Factor. Numa história desenhada por seu marido, Walt Simonson, Ciclope tentava se reconciliar com Madeline Pryorno Alasca e terminava por combater o Molde Mestre, um tipo mais avançado de Sentinela, daquela mais velha geração ainda, criada por Stephen Lang. Enquanto combatia o imenso robô, Scott Summers ouviu a frase de que ele era "um dos doze".
Bem mais tarde, na época em que X-Men estava à cabo de Scott Lobdell e Andy Kubert, o mesmo Ciclope combateu um exército de comparsas do vilão Apocalipse – que veio do futuro, lembram? – e esses mutantes se referiam ao líder dos X-Men como um dos doze e que ele estaria "na linha de frente" quando o momento chegasse. Os vilões estavam extremamente orgulhosos de Ciclope e a batalha parecia apenas para testá-lo.
Então, Alan Davis, Terry Kavanagh e Adam Kubert trouxetam a história dos Doze à tona, mostrando-os como os libertadores da raça mutante. A batalha envolve novamente Apocalipse, que quer se apropriar de um novo corpo para tornar-se mais poderoso.
Os X-Men combatem o novo Morte, que é Wolverine. Capa de X-Men 96. Arte de Alan Davis.
Em uma batalha, Wolverine é aparentemente morto e na autópsia, Charles Xavierdescobre horrorizado que aquele não era Logan, mas um Skrull que havia tomado o seu lugar. Então, na minissérie The Astonishing X-men, em três edições, escritas e desenhadas por Alan Davis, a equipe enfrenta o novo Morte, um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse. No meio da batalha, claro, os X-Men descobrem que Morte é ninguém menos do que Wolverine.