1. Um anjo com pulsos rasgados

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Jade Angel

Minha vida sempre foi isso , tratada como escrava por minha irmã mais velha , e minha mãe , sem perceber nada disso .

Pulsos cortados , sempre usando jaquetas , não querendo dar explicações .

A faca tem sido minha única e melhor amiga .

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Acordei as nove , levantei fui até o espelho e vi meu cabelo preto totalmente bagunçado , meus olhos ainda estavam vermelhos de tanto ter chorado na madrugada , era um tom azul com partes muito vermelhas .

Fiz um coque no meu cabelo e fui em direção a cozinha .

Minha mãe já estava trabalhando e Keila estava sentada no sofá da sala fazendo a unha. Ela parecia bem concentrada no que fazia, se tinha algo que Keila fazia bem, isso era as unhas.

Fui para cozinha e abri o armário , procurei pelo cereal e não encontrei .

-Keila, acabou o cereal ? - perguntei indo até a sala .

-O que disse mucama ?! - perguntou Keila bloqueando a tela do celular.

-Eu não te deixei me chamar de mucama .- falei

-Você não tem que deixar, eu te chamo do jeito que eu quiser .- falou - e sobre o cereal , eu comi tudo , para não sobrar nada para você ! - terminou com um tom de autoridade

-Tudo bem, eu fico sem café da manhã . - falei olhando para baixo.

Abri a geladeira e peguei o leite, abri o armário e peguei um copo, coloquei leito no copo e tomei gelado, do jeito que gosto . De alguma forma, tomar leite gelado pela manhã me fazia bem, me dava um sentimento estranho de saudade.

Depois que tomei fui até o quarto, abri meu armário, peguei uma jaqueta preta e minha calça jeans preta rasgada .

Fui até o banheiro e abri o chuveiro, e como era bom sentir a água quente caindo em meus pés . Eu tinha vontade de cair como aquelas águas, para um lugar distante, sem barulho, sem família, sem pessoas.

Coloquei meus braços debaixo da água, e foi aí que comecei a sentir dor, mas essa dor não se comparava com a dor de ouvir um "magrela",  Beatriz Nork diz para mim todo dia . Alguns dizem que é só ignorar, mas é possível ignorar as marcas que ficam no coração?

Depois que tomei banho sequei o cabelo, e percebi que minha mecha verde escura estava ficando muito clara, e precisando pintar .

Coloquei minha roupa e fui para sala,  vi que Keila estava dormindo, em um sono bem profundo . Era a parte boa do meu dia, o silencio que ficava na minha cabeça quando eu não precisava ouvir ninguém.

Fui a cozinha e abri a geladeira, tirei de lá uma panela, coloquei em cima da pia, e peguei um prato no armário , coloquei um pouco de macarrão , esquentei no micro-ondas .

Comi o macarrão bem de pressa , escovei os dentes e passei meu batom preto . Esse batom era como "minha identidade" eu gostava de me esconder atrás dele.

Peguei minha mochila e abri a porta .

-Parece que alguém não vai para escola hoje .- falei zombando de Keila, que ainda estava dormindo .

Fechei a porta e sai. A rua onde eu morava era bem pobre. Vi um cachorro comendo uma comida que uma velhinha sempre deixava para ele . Vi crianças indo para a escola a pé .

Parei no ponto e fiquei esperando o ônibus .

Quando o ônibus chegou até a escola-depois de um longo tempo-desci e um garoto viu e gritou :

1º As Dores Que Carrego Em Meus Cortes Onde histórias criam vida. Descubra agora