Jade Angel
Minha vida sempre foi isso , tratada como escrava por minha irmã mais velha , e minha mãe , sem perceber nada disso .
Pulsos cortados , sempre usando jaquetas , não querendo dar explicações .
A faca tem sido minha única e melhor amiga .
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Acordei as nove , levantei fui até o espelho e vi meu cabelo preto totalmente bagunçado , meus olhos ainda estavam vermelhos de tanto ter chorado na madrugada , era um tom azul com partes muito vermelhas .
Fiz um coque no meu cabelo e fui em direção a cozinha .
Minha mãe já estava trabalhando e Keila estava sentada no sofá da sala fazendo a unha. Ela parecia bem concentrada no que fazia, se tinha algo que Keila fazia bem, isso era as unhas.
Fui para cozinha e abri o armário , procurei pelo cereal e não encontrei .
-Keila, acabou o cereal ? - perguntei indo até a sala .
-O que disse mucama ?! - perguntou Keila bloqueando a tela do celular.
-Eu não te deixei me chamar de mucama .- falei
-Você não tem que deixar, eu te chamo do jeito que eu quiser .- falou - e sobre o cereal , eu comi tudo , para não sobrar nada para você ! - terminou com um tom de autoridade
-Tudo bem, eu fico sem café da manhã . - falei olhando para baixo.
Abri a geladeira e peguei o leite, abri o armário e peguei um copo, coloquei leito no copo e tomei gelado, do jeito que gosto . De alguma forma, tomar leite gelado pela manhã me fazia bem, me dava um sentimento estranho de saudade.
Depois que tomei fui até o quarto, abri meu armário, peguei uma jaqueta preta e minha calça jeans preta rasgada .
Fui até o banheiro e abri o chuveiro, e como era bom sentir a água quente caindo em meus pés . Eu tinha vontade de cair como aquelas águas, para um lugar distante, sem barulho, sem família, sem pessoas.
Coloquei meus braços debaixo da água, e foi aí que comecei a sentir dor, mas essa dor não se comparava com a dor de ouvir um "magrela", Beatriz Nork diz para mim todo dia . Alguns dizem que é só ignorar, mas é possível ignorar as marcas que ficam no coração?
Depois que tomei banho sequei o cabelo, e percebi que minha mecha verde escura estava ficando muito clara, e precisando pintar .
Coloquei minha roupa e fui para sala, vi que Keila estava dormindo, em um sono bem profundo . Era a parte boa do meu dia, o silencio que ficava na minha cabeça quando eu não precisava ouvir ninguém.
Fui a cozinha e abri a geladeira, tirei de lá uma panela, coloquei em cima da pia, e peguei um prato no armário , coloquei um pouco de macarrão , esquentei no micro-ondas .
Comi o macarrão bem de pressa , escovei os dentes e passei meu batom preto . Esse batom era como "minha identidade" eu gostava de me esconder atrás dele.
Peguei minha mochila e abri a porta .
-Parece que alguém não vai para escola hoje .- falei zombando de Keila, que ainda estava dormindo .
Fechei a porta e sai. A rua onde eu morava era bem pobre. Vi um cachorro comendo uma comida que uma velhinha sempre deixava para ele . Vi crianças indo para a escola a pé .
Parei no ponto e fiquei esperando o ônibus .
Quando o ônibus chegou até a escola-depois de um longo tempo-desci e um garoto viu e gritou :
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1º As Dores Que Carrego Em Meus Cortes
SpiritualJade Angel, 17 anos, uma garota brasileira, de um bairro pobre na pequena cidade de Bonie, no estado de São Paulo . Como qualquer garota pobre ou rica, Jade tem problemas, mas problemas com sua família, sua irmã Keile Angel a faz de escreva por muit...