2 . Um corte no coração

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Jade Angel

Entrei no banheiro e comecei a chorar, meu coração está sempre cheio disso, estou cansada de ouvir esse tipo de coisa .

Peguei uma agulha no meu bolso, e comecei a cortar meus braços pálidos, aquilo doía, mas me fazia "sentir melhor", eu estava me matando aos poucos, porque tudo que eu queria, era que Deus - se ele realmente existisse- me levasse logo desse lugar horrível .

-JADE! DEIXA EU FALAR COM VOCÊ POR FAVOR! - gritou Alan Burn do lado de fora

-SAI! ME DEIXE EM PAZ! EU NÃO QUERO VER VOCÊ NUNCA MAIS - gritei com raiva

Peguei um pedaço de papel higiênico, tentei fazer com que o sangue parasse, mas nada adiantava .

Abri a porta e fui até a pia, passei água, e o sangue ainda era muito, eu estava sozinha naquele banheiro, meu rosto vermelho de chorar, meu braço doendo, e meu coração quebrado.

Peguei meu celular em meu bolso e vi uma mensagem da minha mãe :

-"Boa tarde meu amor , a mamãe vai fazer sopa quando chegar do trabalho ~ mamãe."

Ela não deve ter chegado em casa , e não sabe que não acordei Keila para ir a escola, e quando eu chegar ela vai me bater, e me prender no armário, como sempre fazia.

Quando meu braço parou de sangrar eu sai do banheiro como se não estivesse acontecendo nada .

Subi para sala e nem olhei na cara de Alan Burn, ele só ficava tentando falar comigo, mas eu apenas sentei em meu lugar em silêncio .

-Jade, está tudo bem ?! - perguntou a professora Giulia, vindo até minha mesa

-Está sim, obrigado por perguntar .- respondi forçando um sorriso .

-Qualquer coisa , vou estar na sala dos professores .- ela falou sorrindo

-Tudo bem .- falei forçando novamente um sorriso que eu queria que fosse real, eu só queria poder sorrir, só queria que meu coração não estivesse doendo tanto .

Depois que a aula de matemática terminou, Alan veio tentar falar comigo novamente .

-Posso falar com você ?! - perguntou

-Não, não pode .- respondi sincera.

-Eu, não queria que ela estivesse falando aquilo .- falou

-Você não tem culpa , eu só não voi andar com um cara que anda com Beatriz Nurk , que sempre está me chamando de "magrela", "Koisafeia", "estranha" e outros apelidos que não gosto de dizer .- disse a verdade, e vi o quanto aquele apelidos eram horríveis .

-Me desculpa, mas ... Eu não ... Eu não gosto dela, ela faz coisas ruins .- falou ele totalmente vermelho

-Por que está vermelho ?! - perguntei ainda brava .

-Porque, eu estou envergonhado de ter feito você ouvir aquilo, e por você ter jogado -risada- aquele sanduíche .- ele terminou .

-Isso não é engraçado .- falei sorrindo

-Você sorriu .- falou

Eu sorri e ele ficou olhando meu braço que estava sangrando por debaixo da jaqueta

-Jade, você machucou o braço ?! - perguntou

-Isso... Isso foi... Foi na hora que eu bati o braço no banheiro... Na hora que sai correndo .- gaguejei

Falei e sai correndo .

Entrei no banheiro, e meu braço sangrava muito .

Aquela dor era horrível, não mas tanto quanto a dor de saber que quando eu chegar em casa vou ter que ficar presa no armário .

Voltei para a sala de aula e todos já estavam saindo da sala de aula .

Peguei minha mochila e fui descendo .

-JADE .- ele pegou em meu braço - eu não terminei

-Terminou ... O que ?! - perguntei andando até o ponto .

-O seu braço, o que aconteceu ?! - perguntou

-Alan Burn, é melhor você ir, estamos no ponto, não vai ser bom para sua "reputação" no time de basquete.- falei

-Eu não ligo para o que falam .- ele me parecia convicente

Eu vi de longe meu ônibus .

-É meu ônibus, eu preciso ir .- falei

-Espera .- ele falou

Olhou em meus olhos e me abraçou, um abraço quente e tranquilizante, daqueles que eu não ganhava a anos, todos olhavam .

Quando percebi entrei no ônibus .

Um sorriso estranho apeteceu no meu rosto. Meu coração estava muito acelerado, mas isso passou quando o ônibus parou e desci .

E o medo tomou conta de mim novamente.

CONTINUA...

1º As Dores Que Carrego Em Meus Cortes Onde histórias criam vida. Descubra agora