Capítulo 1

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Dois dias antes

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Dois dias antes

(Ítalo)


— O que você quer falar conosco, meu filho? — Cauã pergunta assim que sentamos no sofá de sua casa. Há uma semana atrás eu disse que queria muito falar com ele e com sua esposa, Sam.

Respiro fundo pela milésima vez e tento esconder o tremor em minhas mãos.

— Então, vocês me conhecem há muito tempo, para ser preciso, desde que nasci. Sam, você e meu pai já foram melhores amigos e sei que ainda confiam muito um no outro; acredito que da mesma forma também confiam em mim, certo? — Pergunto dando introdução ao que realmente desejo falar-lhes.

Eles se entreolham e assentem com a cabeça. — Sim, confiamos muito em você. Mas está acontecendo alguma coisa para termos essa conversa em particular? — Sam pergunta.

— Não precisa ter vergonha, Ítalo, todos nós erramos, e se você tiver feito algo nós vamos entender. — Cauã diz com seu jeito de líder cuidadoso de sempre.

— Não. — Sorrio desconfiado. — Não é nada disso. Na verdade vim falar sobre outra coisa.

— Estamos ouvindo, filho, pode falar. — Cauã.

— Bom... Vocês sabem que eu e a Safira somos amigos há muito tempo, já nascemos juntos, praticamente. Crescemos no mesmo bairro, na mesma escola, na mesma igreja, vamos para a mesma faculdade... Fora que já fomos influenciados pela amizade que vocês têm com os meus pais, e isso serviu como impulso e exemplo para nós. — Falo e eles se entreolham mais uma vez.

— Continue. — Cauã pede assim que paro de falar.

— Nesses praticamente dezoito anos de amizade que possuímos já vivemos muita coisa: passamos por momentos felizes, tristes, de euforia, de choro, de facilidades e dificuldades, assim como já brigamos muito, mas sei que tudo isso serviu para fortalecer nossa relação. Eu vim precisamente para falar sobre nossa amizade, ou sobre nós dois. — Inspiro bem fundo. A cada segundo fica mais difícil me expressar, mesmo já possuindo tanta intimidade com os pais da Safira. — Tenho certeza que estão entendendo onde quero chegar, mas não quero que pensem nada errado: sempre tive a Safira como uma amiga mesmo, uma irmã que eu devia cuidar e proteger, porém há uns meses atrás eu percebi que alguma coisa estava mudando. Estar perto da Safira não era mais uma coisa tão normal assim, e eu fazia de tudo para vê-la com mais e mais frequência, simplesmente pelo fato de estar perto dela. E quando nós brincávamos ou brigávamos eu não sorria por sorrir ou falava por falar, eu a via de outra forma, ou melhor, a vejo de outra forma. — Continuo falando, e mesmo estando cada vez mais perto do momento o nervosismo vai apenas diminuindo. Falar da Safira é como remover de mim por um momento todos os problemas e medos. — O que sinto pela Safira agora é muito mais do que só amizade, mas ela ainda não sabe disso; na verdade apenas meus pais sabem, e eles me disseram para vir falar com vocês, então estou aqui, pronto para ouvir a aceitar seja o que for que me disserem, porque confio em vocês e sei que querem o melhor para ela. — Respiro fundo e silencio. Percebo que eles fazem o mesmo.

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