Capítulo 1 - Liz/Arthur

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Liz

Acordei com o coração acelerado e um grande frio na barriga, era o meu primeiro dia de aula na escola São Bartolomeu e o medo do que me esperava lá foi crescendo dentro de mim. Levantei da minha cama e fui direto para o quarto do Leon. Ele ainda dormia profundamente, eu sentei ao seu lado e o chamei:

— Leon, acorda. – eu o sacudi de leve. Ele resmungou algo ininteligível e virou para o outro lado. Eu o chamei novamente: — Leon, você não disse que me levaria para a escola? – ele levantou a cabeça e olhou para mim.

— Já está na hora? – eu assenti. – Que saco, por que precisa ser tão cedo? – eu dei de ombros. – Pode ir se arrumar, eu vou tomar um banho. Eu te levo e depois vou trabalhar. – me levantei e quando já estava quase saindo, ele me chamou: — Ei, Liz. – me virei para encará-lo. – Bom dia para você também. – eu sorri e voltei para dar um beijo na bochecha dele.

— Bom dia, leão. Estou tão nervosa que até me esqueci de falar direito. – disse fazendo um coque no cabelo.

— Não precisa ficar assim, você sabe que é para um bem maior. Vamos nos livrar dessa cidade asquerosa, só mais um ano e adeus Nova Esperança. – ele saiu da cama e deu um beijo na minha cabeça. – Lembre-se que se alguém tentar algo contra você, eu vou dar uma lição que jamais irão se esquecer. E o Ricardo vai estar lá também, vai dar tudo certo, você vai ver. – eu concordei com a cabeça, mas meu coração ainda estava acelerado.

Saí do quarto do Leon de volta para o meu, tomei um banho e coloquei a roupa que tinha escolhido na noite anterior. Nada muito rebuscado, calça jeans, blusa branca, tênis, jaqueta e bolsa, tudo o mais simples possível. Minha intenção era passar despercebida mesmo, mas sabia que seria impossível por conta do meu cabelo. Sem falar que todos sabiam que eu estudaria lá este ano, foi o assunto da cidade por semanas e mesmo que eu não frequentasse os lugares públicos daqui, a gente sempre acaba sabendo de todas as fofocas desse lugar. Senti o meu estômago revirar mais uma vez, mas me obriguei a ficar bem. "Você é mais forte do que tudo isso, Liz!", falei enquanto me olhava no espelho. Respirei fundo e soltei o ar devagar no exato momento em que Leon bateu na porta.

— Flor de lis, já está pronta, moleza? – ele gritou.

— Sim, já vou sair. Só mais um minuto. – corri para colocar o resto das coisas na bolsa e sorri ao me lembrar de que "flor de lis" era o apelido que o meu pai havia me dado, mas depois que ele sumiu, o meu irmão passou a me chamar assim, para que ainda o sentíssemos por perto. Eu comecei a chama-lo de "leão" pelo mesmo motivo e no final das contas, acabamos nos acostumamos com o tratamento.

Desci em direção a cozinha e Leon já estava sentado tomando café, graças a Deus, o meu avô não parecia estar em casa. Me sentei ao lado do meu irmão e me servi de suco.

— Onde está o vovô? – perguntei e Leon deu de ombros.

— Quando desci, o velho já não estava aqui. Melhor assim, não estava a fim de me aborrecer logo de manhã. – eu assenti.

— Nem eu, já ouvi tanto por causa dessa volta para a escola que estou de saco cheio. – falei aborrecida.

— Esquece o Seu Nicolau, ele não vale a pena. Logo a gente vai estar livre dele, Liz. Foca no que é importante. – olhei para o meu irmão e tive que rir.

— Quem é você e o que fez com o leão inconsequente que eu conheço? – ele revirou os olhos para mim e depois deu uma risada.

— Porra, você tem que decidir se quer que eu seja o cara maluco ou o centrado. Fica reclamando quando eu faço bobagens, mas não deixa de me zoar se eu banco o sério! – eu gargalhei.

Fire On My Mind (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora