Capítulo 29 - Não consigo me concentrar assim

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Aproveitem esse capítulo enorme <3

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Chego à conclusão de que deveria ter escutado meus instintos e não saído da cama no instante em que piso na faculdade. Além do calor absurdo que está fazendo para um dia de primavera, eu já consigo sentir que conseguirei um grande e redondo zero na prova de anatomia. Dormir o dia inteiro seria mais produtivo do que vir até aqui para nada. De repente, eu não consigo lembrar coisa alguma que havia estudado tão duramente, e tenho a impressão de que a mesma coisa aconteceria durante a aula.

Gostaria de ter a tranquilidade de Olga, que não parava de tagarelar. Ela parece tão calma quanto alguém que está indo ao cinema, e não indo fazer a prova mais difícil do mundo.

Você já conseguiu se acalmar?, uma mensagem de Noah chega em meu celular e eu a leio discretamente. Eu não havia contado a Olga o quão próxima eu estava de meu ex-namorado, porque isso apenas a faria lembrar de Sebastian, e além disso, eu simplesmente nunca conseguia encontrar o momento apropriado para dizer.

– E então? Você acha que eu deveria aceitar? – ela me pergunta. – Ele é bonitinho, e já passou da hora de eu seguir em frente.

Respiro fundo, colocando o celular de volta em meu bolso.

– Faz só algumas semanas desde que você e Sebastian terminaram, Olga. Não faz tanto tempo assim.

– Pois pra mim parece que já se passaram meses – ela reclama, aborrecida.

– Isso é porque você o ama.

– Nem gosto mais dele tanto assim.

Percebo que o que diz é mentira quando entramos no corredor onde é a sala de Sebastian. Vejo-a prendendo a respiração, como se tivesse medo de que qualquer som fosse fazê-lo aparecer magicamente, e tento imaginar o quanto ela está se esforçando para não demonstrar tristeza.

E, se o objetivo de Olga para o dia de hoje era não vê-lo, seus planos irão por água abaixo dentro de alguns segundos, porque Sebastian está saindo de sua sala e nos verá em...

Ele para de andar de repente, assim como Olga. Por longos segundos, nenhum dos dois parece saber o que fazer, e eu me vejo na obrigação de indicar a ele que viesse em nossa direção. Ele caminha em passos lentos, e a cada centímetro a menos na distância entre os dois faz minha amiga apertar mais e mais seus punhos. Eu tento adivinhar qual dos dois está mais nervoso e, honestamente, não consigo.

Quando estão frente a frente, tenho a impressão de que Olga terá um ataque cardíaco a qualquer momento. Seu rosto está pálido, e ela cruza os braços para evitar que suas mãos tremam. Ela nunca admitiria isso, mas eu sei o quanto ela fica envergonhada e nervosa quando está próxima dele.

– Sim – ele diz, com seu tom de voz bastante baixo. Ele quase não consegue olhar em seus olhos.

– Sim o quê? – Olga pergunta, franzindo o cenho.

– Eu quero ser seu namorado.

O rosto dos dois adquire um tom rosado, e lentamente começo a dar pequenos passos para a frente, com a intenção de desaparecer dali e deixá-los a sós. Não duvido que em dois segundos vão estar se pegando no meio do corredor.

– Não – ela me interrompe, segurando meu braço. – Não vá. Eu já estou indo com você.

Sebastian olha para mim, sem entender. Tudo o que sei é que o brilho que tinha em seus olhos há poucos momentos começa a desaparecer. Acho que assim como eu, ele sente que essa conversa não vai acabar bem.

Quando você foi emboraOnde histórias criam vida. Descubra agora