(Lucas na imagem acima)
"Agnes, o que você tem?" Perguntou minha mãe sentando-se no sofá e puxando a atenção de todos da casa para mim. Eu estava assistindo TV espichada no sofá com meu irmão, meu pai na sua poltrona lendo o jornal e minha mãe estava em seu quarto (pelo menos até vir para a sala e fazem todos olharem para mim.)
"Nada..." Falei como se não soubesse do que ela estava falando.
"Está acontecendo alguma coisa sim! Quando tem alguma coisa acontecendo, você fica congelando seus dedos exatamente como está fazendo agora!" Parei imediatamente de soprar gelo nos meus dedos. "Venha aqui." A segui até seu quarto. "Pode me contar tudo." Suspirei. Eu até que gosto de me abrir para minha mãe. Contei tudo sobre o Andrey. Tudo o que ele fez com minhas amigas e que pretende fazer a mesma coisa comigo. "Isso é verdade mesmo, minha filha?" Assenti com a cabeça. "Eu vou conversar com o pastor então. Vamos para a igreja essa tarde." Sorri e a abracei.
Chegamos na igreja e entramos para procurar o pastor.
"Olá!" Ele veio nos cumprimentar assim que nos avistou.
"Oi, pastor! A Agnes quer conversar com o senhor sobre o seu filho, o Andrey."
"Claro. Pode falar Agnes." Olhei em volta.
"Nós... podemos conversar em um local mais... reservado...?" Perguntei um pouco sem graça.
"Claro, minha querida. Me sigam até meu escritório, por favor." O seguimos e, assim que chegamos, nos sentamos em um sofá branco no canto da sala. "Pode falar agora." Tudo o que contei para minha mãe contei para ele também. Quando terminei de falar, o pastor assentiu com a cabeça após ouvir com atenção o meu relato. "Entendo. Eu vou conversar com o Andrey e, se você reparar que não houve mudança alguma, pode me informar." Sorri e assenti.
"Se sente melhor?" Perguntou minha mãe dentro do carro a caminho de casa.
"Muito. Finalmente o Andrey vai parar."
Já está na hora de irmos para a igreja e eu já estou pronta para sair.
"Vamos, Pedro! Você demora mais do que sua irmã para a arrumar!" Gritou meu pai do portão.
"Já vou!" Pedro saiu de dentro de casa é trancou a porta.
Chegamos na igreja e não demoramos para entrar. O Andrey ficou me encarando o culto todo! Fiz de tudo para prestar atenção no culto, mas não foi fácil, então pedi a Deus uma ajudinha.O culto acabou e eu consegui prestar atenção. Estávamos na cantina lanchando, até que a Rafaela chegou desesperada e segurou em meu braço.
"Agnes, o que você fez?!"
"O que que eu fiz?!"
"Você falou para o pastor, sobre o Andrey?!" Falou em um tom de voz mais baixo, para não chamar atenção.
"Falei! Era a melhor coisa que eu poderia fazer!"
"Não era não!" Suspirei impaciente.
"Tá bom, Rafaela. Só fiz o que achei que seria melhor para mim e para as meninas da igreja. Tchau, tenho que ir." Me retirei dali e fui avisar a minha mãe que já iria embora. Eu moro perto da igreja mesmo.
Enquanto caminhava para casa, senti alguém segurar cintura por trás de mim e me virei rapidamente. Era o Andrey. Por que, Senhor? Podia ser qualquer um, mas tinha que ser o Andrey? Ele estava me olhando como um assassino, o que me assustou.
"Quem você pensa que é para ficar falando dos meus atos com meu pai?!" Sorri implicante.
"Eu sou Agnes Snow e eu falo com seu pai quando quiser. A culpa não é minha que você usa sua beleza física para fazer mal a garotas e afasta-las da igreja. Seu pai deve ter vergonha de você, Andrey! Ele é um homem maravilhoso e que gosta de falar de Deus para as pessoas, já você, é totalmente o contrário do homem incrível que é seu pai." Ele me encarou carrancudo e depois se virou para sair pisando forte em direção à igreja.
Fui para casa feliz e, assim que cheguei, fui direto para o meu quarto. Já ia deitar na minha cama, depois de colocar um pijama confortável, quando passei os olhos pela minha prateleira e minha pequena roda gigante, que neste momento estava brilhando, e, automaticamente, fui até ela e passei o dedo por toda a sua extensão. Até que reparei uma portinha um canto escondido dela e a abri. Lá dentro havia um papelzinho dobrado somente. Desdobrei o papel e me deparei com uma caligrafia que desconheço. Lá estava escrito:"Vá para a divisa entre o Luz e o Gelo na noite de 21 de Outubro."
Apenas isso. Mas... um minuto. 21 de Outubro é hoje! Peguei minha bicicleta e saí de casa rápido para tentar chegar antes dos meus pais.
Cheguei na divisa e não vi nada além do muro robusto. Que decepção... abri o portão para o Luz e tive que fechar os olhos por um segundo por causa do brilho de lá e olhei em volta. Tinha algumas pessoas pelas ruas, mas ninguém que parecia estar à minha espera. Fechei o portão e me escorando nele, deslizei até o chão e coloquei a cabeça entre as pernas, até sentir alguém abrindo o portão e eu me rastejei para sair do caminho. Era o Lucas.
"Oi... Agnes. O que você está fazendo no chão?" Perguntou e me estendeu a mão.
"Ah... nada." Respondi já de pé. Será que foi ele que me chamou aqui? Aliás, estava dentro da roda-gigante que ele me deu. "É... sabe a roda-gigante que você me deu?" Ele assentiu e eu prossegui. "Dentro de uma portinha que se localizava ela, tinha um papelzinho pedindo pra eu virar pra cá, hoje." Ele corou e sorriu, pegou outro papel no bolso, me entregou e eu vi um feixe de luz forte, o que fez com que eu tivesse novamente de fechar os olhos e, quando os abri novamente, o Lucas havia sumido. Como ele conseguiu seguiu fazer aquilo?! Apenas pessoas com nível alto conseguem fazer teletransporte, ou seja, adultos! E nós, adolescentes, somos nível médio! Ele deve me explicar isso! Olhei as horas para saber se não estava muito tarde. 23:00h?! Peguei rapidamente minha bicicleta e voltei praticamente voando para casa. Cheguei lá e nem passei pelo portão, pois meus pais já haviam chegado e iriam me dar uma bronca daquelas. Optei por pular a janela do meu quarto.
Quando entrei, já ia ler o que estava escrito no papel que o Lucas me deu quando ouço:"Agnes, cadê você?!" Rapidamente corri para o banheiro e coloquei meu pijama para depois pular na cama e fingir estar dormindo. Logo ouço a porta do meu quarto se abrir. "Ah. Você está aqui." Minha mãe falou e me deu um beijo na testa e saiu, fechando a porta atrás de si. Depois de conferir que ela não entraria mais, acendi a luz e li o bilhete:
"Acho que não fui tão exato quanto o horário, certo? Me perdoe por isso. Quero te encontrar no mesmo lugar, ás exatas 20:00h da noite de quarta-feira. Te espero."
Sorri instantaneamente e apaguei a luz para dormir num sono bom e profundo, com sonhos maravilhosos imaginando o que aquele garoto queria comigo.
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Entre Dois Mundos
FantasyAgnes é uma garota de 16 anos que vive numa sociedade em que todos tem "super poderes" e o dela é o de controlar o gelo. Além de seus poderes habituais, Agnes descobre uma coisa a mais sobre si mesma e sua sociedade depende dela e de seus amigos...