Entre Dois Mundos

Capítulo 4

(Ana na imagem acima)
  
   Hoje é meu primeiro dia de aula no Todo. Estou tão animada!

"Pai, estou pronta! Vamos?"

"Vamos, filha." Ele falou, sorrindo.
O meu pai vai me levar, já que ele trabalha no Todo, por isso, fica mais fácil pra mim.

   Ao chegar lá, meu pai logo foi embora, só esperou que eu descesse do carro. Obrigado, pai. Ajudou muito! Pensei, com ironia. Entrei no colégio, principalmente com timidez, já que todos ficavam me encarando por eu ser nova e uma das únicas do Gelo que se encontravam ali. Olhei para o papel que me entregaram, à procura da minha sala, até esbarrar em alguém.

"Agnes?" Olhei para cima e encontrei os olhos do Lucas fixos em mim e eu instantaneamente sorri.

"Oi, Lucas!"

"Aí, Lucas! Quem é sua coleguinha?" Gritou um garoto dum grupinho que estava no canto.

"Nem conheço!" Ele me lançou um olhar como se estivesse me pedindo desculpas e se virou para eles, afastando-se e me deixando com a cara de quem acabou de levar um tapa.

"É sempre assim, colega." Falou uma voz feminina atrás de mim e, quando me virei, topei com uma garota do Fogo.

"Como assim? Eu e o Lucas já nos conhecemos. Somos amigos."

"Ah, é? Só se for fora da escola, por que aqui ele é uma peste." Assenti. "Você já sabe qual é sua turma, novata?"

"Não. Eu ia perguntar para o Lucas, mas parece que não nos conhecemos aqui." Ela perguntou minha idade e eu a informei.

"Você é da minha turma. Venha comigo."

"Veja só! Temos aluna nova!" Exclamou uma garota do Planta quando me viu e veio até mim. "Prazer! Meu nome é Alice! E o seu?"

"Prazer Alice. Eu sou a Agnes."

"Agnes! Que nome lindo!" Outra garota se aproximou. Ela era do Terra. "Meu nome é Amanda." Cumprimentei a ela também e comecei a procurar a garota do Fogo que falou comigo.

"Você está procurado a Ana? Aquela garota do Fogo?" Perguntou Alice e eu assenti. "Ela está ali." Apontou para a tal Ana, que estava sentada na última cadeira da última fileira.

"Ela é meio reservada, ok? E um pouco bruta às vezes." Informou a Amanda e eu assenti e agradeci, para ir até a Ana. Estranho, pensei. Parece que ninguém passa mal aqui por causa das outras pessoas.

"Oi, Ana. Obrigado por ter me trago até a sala certa. Se não fosse você eu estaria lá fora até agora. Se dependesse de outra pessoa..." olhei para o Lucas, que já havia entrado na sala e estava me encarando. Empinei o nariz e me voltei para a Ana.

"Por nada." Foi tudo o que ela me falou. Fiquei perdida, sem saber o que fazer.

"É... posso me sentar aqui?" Apontei para a carteira à sua frente e ela deu de ombros, então joguei minha bolsa lá e me sentei.

"Não acho que você vá gostar muito." No momento que ela falou, Lucas se sentou na carteira à frente da minha e eu, que estava virada para frente, me virei para a Ana, que começou a rir. "Gostei de você. Você é engraçada."

"Basta!" Gritou uma professora que eu nem mesmo havia percebido que estava ali e todos da turma se calaram e eu me virei para frente,  ignorando o olhar do Lucas. "Hoje temos uma nova aluna. Eu apresento a vocês, Agnes!" Ela apontou pra mim, fazendo todos da turma me encararem, o que me fez corar e dar apenas um tímido aceno. Escutei a Ana rir atrás de mim.

"Agnes, espera!" Ignorei o Lucas e me levantei para sair com a Ana, Amanda e Alice da sala, para a hora do intervalo. "Agnes, não me ignora! Eu preciso falar com você!"

"O que foi, Lucas?!"

"Me desculpa por mais cedo. É que... Ah, não dá pra eu te explicar agora!" Ele passou as mãos pelo cabelo. "Você vai se encontrar comigo na quarta?"

"Não sei, talvez não."

"Aff, Agnes! Por favor!"

"Lucas, o que você quer?! Não sei como, mas você me arrumou uma bolsa de estudos para a escola do Todo e, quando eu chego aqui, no meu primeiro dia, você fala para os seus 'coleguinhas' que não me conhece?! Ah, vá, né, meu amor?!" Me virei e saí da sala. Segui furiosa para um banco e me sentei, carrancuda.

"Ei, ei... o que aconteceu com o floco de neve?" Perguntou Ana, se aproximando.

"Ah, não enche, tá?" Respondi, impaciente.

"Nossa, desculpa, amore." Ela se virou para ir embora, mas eu segurei seu pulso, que soltei instantaneamente por ser muito quente.

"Desculpa, Ana... é que eu acabei de me estressar. Você pode me mostrar a biblioteca?" Ela sorriu.

"Vem comigo." A segui até a maior biblioteca que eu já vi na vida. Essa biblioteca é maior do que a do setor Gelo! Procurei algum livro que me fosse interessante e, quando achei, saí para o pátio. A Ana havia partido por conta da minha demora e, quando saí, fui à sua procura.

"Obrigado por me mostrar Ana. Se não fosse você, ficaria de cabeça quente o resto da aula." ela sorriu e assentiu. Fui para um banco num lugar mais afastado para ler meu livro. Ele era de ação e aventura, gostei muito, tanto pelos personagens quanto pela história.

"Oi! É Agnes, certo?" Falou um garoto do Água, ao se aproximar de mim.

"É isso mesmo." Respondi, sorrindo.

"Muito prazer. Meu nome é Scot Foster e, pelo o que dá pra ver, sou do Água." Ri.

"Não quer se sentar, Scot?" Ele assentiu e se sentou ao meu lado no banco.

"Ora, veja! Eu já li esse livro! É incrível, não?"

"É sim! Pelo pouco que li até agora já o amei."

"Então acredito que vá gostar do final." Assenti.

"Só peço que não conte." Ele riu e ouvimos o som do sinal, para voltarmos para a sala. "Você é de que turma, Scot?"

"Da sua!" Rimos e caminhamos juntos até a sala. Uma pena que ele sente tão longe de mim. É como se eu estivesse no setor Gelo e ele no Fogo, de tão longe que sentávamos um do outro. Pena que não era a mesma coisa com eu e o Lucas.

"Vejo que já fez amizade até com o idiota do Scot." Falou Lucas sentando-se em sua carteira e eu revirei os olhos.

"Pelo menos ele não é tão idiota quanto certas pessoas, que desprezam pessoas que são seus amigos!" Ouvi uma risada atrás de mim e Lucas bufou e se virou para frente.

   Estava esperando meu pai do lado de fora da escola, quando sinto alguém tocando meu ombro e me viro.

"Nossa, Lucas, me deixa em paz!"

"Tudo bem! Eu só preciso te avisar uma coisa!" Falou, soltando meu ombro e erguendo as mãos em ato de rendição.

"Tá, avisa logo. Meu pai já está chegando."

"Você não pode contar para ninguém, absolutamente ninguém que eu te dei a bolsa. Ok?" Falou em tom baixo para que só eu ouvisse.

"E por que não?!"