Capítulo 1

68 4 0
                                    

Dou uma tragada, sinto a fumaça nos meus pulmões, em seguida respiro fundo e a fumaça sai pela minha boca. Meus músculos relaxam, a mochila nas minhas costas mexe junto a mim, enquanto ando pela rua totalmente vazia, o vento balança meus cachos e me arrepio. Ajeito meu óculos, minhas argolas grandes vão contra meu ombro quando levo meu cirrago no canto da boca, subindo um pouco a manga do casaco jeans, do braço esquerdo, assim vejo as letras tatuadas do lado, também esquerdo, do meu pulso. Believe. Dou outra tragada, olho pros meus tênis brancos, a blusa branca até um pouco a cima do umbigo, onde tem um piercing prata de bolinha, do lado esquerdo do meu quadril, vejo a minha tatuagem. São rosas vermelhas e galos marrons com espinhos. Minha calça jeans preta não deixa o urso de pelúcia tatuado na minha coxa grossa, que está "ligado" aos galos das rosas, com uma cordinha.

Apago cirrago já pequeno na parede preta e jogo no lixo. Subo a manga direita e vejo a âncora azul no meu pulso com uma corda marrom, com algas presas na mesma e uma pequena flor em um lado da âncora.

O sol finalmente aparece no horizonte, me fazendo fechar um pouco os meus olhos verdes, por conta da claridade, assim tempos depois. Chamo no táxi que aparece na estrada, que estava vazia. Ele para e entro, sentando no banco de trás. Fecho a porta, tiro a mochila das costas. O motorista olha para trás sorrindo, retribui com um sorrinho sem dentes. Coloco a mão meu piercing no septo, ajeitando-o, sinto o cheiro de cigarro na mão e assim tiro de perto no meu nariz.

- Bom dia senhorita - diz o motorista. Tossi.

- Bom dia - minha voz sai fraca por conta do tempo que não falo, desde que acordei. Dou o endereço ao motorista e o carro se movimenta.


************Dias antes*************

- Lucy - chamou-me a Irmã Elizabeth.

- O que queres, irmã? - disse olhando a freira que cuidou de mim quando vim para este orfanato.

Sim, sou órfã. Meus pais morreram em um acidente de carro, sobrevivi. Irmã Elizabeth disse-me que saí viva sem nenhum arranhão. Odeio este lugar, ninguém gosta de mim. Nem mesmo a Elizabeth.

- Irmã Mary queres falar com a senhorita - falou me lançando um olhar de "o-que-você-fez-?".

- Juro que não fiz nada - disse levantando as mãos e abri bem os olhos.

- Tudo bem, vai logo - disse me dando tapinhas no ombro esquerdo.

Andei rapidamente pelos corredores do orfanato, cheguei no escritório da irmã e bati na porta. Não gosto nem um pouquinho dela.

- Entra - ouvi sua voz abafada, por conta da porta. Assim abri rápido, entrei avistei sua cadeira vazia e ela a minha espera de pé, olhando a janela escura fechada. Fechou a cortina brutamente, me assustando e berrou :

- Feche a porta!

Rapidamente fechei sem ficar de costas para ela, pois ela não é nada confiável.

- Agora com a chave - disse se virando para mim brava, seus olhos em fogo. Via ódio neles. Ela jogou a chave para mim e a peguei no ar. Meus olhos ainda arregalados, tranquei sem tirar os olhos da Irmã Mary - Senta, por favor - falou assutadoramente devagar e assim o fiz.

O ar pesado, me fez engolir a seco. Não tinha medo dela, mas se ela descobrisse o que fiz (Sim, eu fiz uma coisa). Nunca ia poder sair deste lugar. NUNCA. Olhei para a minha calça jeans escura, juntei minhas mãos, brincando com as minhas unhas grandes, sem esmalte.

- Senhorita olhe para mim quando eu estiver falando - quase gritou.

Levantei minha cabeça, meus olhos verdes se cruzaram com os dela, que é azul escuro, quase azul marinho.

ButterflyOnde histórias criam vida. Descubra agora