Prólogo

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Minerva era a diretora e a tudo observava, nada passava sob seu olhar. Era severa e implacável, seu olhar penetrante causava calafrios, seu rosto era magro, pele pálida, tinha um ar cadavérico. Sua palavra era lei e seu gesto era ditador. Ninguém ousava discordar de suas palavras. Usava preto e preto, tudo em um tom mórbido de preto, que contrastavam com sua pele pálida e as olheiras, parecia mais morta do que viva.

Em um dia cinza de inverno, chuvoso e ventoso, eis que aparece uma figura franzina vestida de tons alegres de laranja e amarelo, com meias brancas até o joelho e sapatilha de um preto brilhante, usava um sobretudo creme e uma toca cinza claro, os cabelos castanhos ondulados solto por baixo da toca e por cima dos ombros, era a nova professora de artes.

Minerva apenas observou o desastre do novo ser, sob seu olhar penetrante, a desaprovação gritava. Ela apenas falou:

"Tira esse sorriso do rosto, aqui é escola e não um parque de diversão! " – Virou as costas e saiu.

A nova professorinha sentiu um frio na espinha, ela sabia como era o conceito da diretora, mas pensou que não fosse tão fria assim. Mais que depressa, saiu correndo para sala dos professores a tempo de pegar as coisas para começar sua aula.

Ao entrar na sala, o ar era fúnebre, as crianças sem nenhum animo. Começou a aula e ela foi quieta até o fim, chegou a ser desanimador. A sala era mal iluminada, escura e fria, as crianças sem vida nos olhos e de uniformes pretos, davam ao lugar um ar pesado e monstrengo.

Foi assim ao longo da semana, cada dia mais depressivo, no último dia, estava indo para a sala dos professores e ao passar pela sala da diretora, avistei um fato estranho, Minerva chorava abraçada a um quadro.

Não quis interromper, mas aquilo soava mais estranho do que ela ser fria e cadavérica.

Na semana seguinte, lá estava o iceberg em pé na porta da escola, com seu olhar furioso, olhando para a professorinha, como se ela tivesse feito o pior pecado.

Ela apenas disse: "minha sala, agora! "

E então ela se sentou na sua grande cadeira de couro preto, entrelaçou seus longos dedos brancos e ossudos sob o queixo e apoiou os cotovelos na mesa, ela vociferou:

"Não acha feio, ficar metendo o bedelho nos assuntos alheios?

"Eu vi você espiando minhas coisas na sexta, pela janela. Não pense que eu não vi! "

"Melhor tomar cuidado mocinha! "

"Agora saia! "

Em um salto a professorinha saiu da sala, pálida, mais pálida que a própria Minerva.

A professorinha se perguntou, qual o real motivo de tanto mistério por chorar?

Não ousou mais passar perto da sala da diretora e conduziu suas tarefas com olhar baixo e desanimado.

Não diferente dos demais, entrou no ritmo depressivo de trabalhar num lugar daqueles. Ao fim de mais uma semana, passou pela sala da diretora e novamente viu a mesma cena, mas desta vez pode ver a fotografia no quadro, uma mulher cheia de vida, com uma menininha no colo. Ela chorava novamente. A professorinha não conseguiu distinguir quem eram, mas distinguiu o olhar de Minerva que a fuzilava pela vidraça da sala. A professorinha soltou um gritinho e saiu apressada, chorando de medo e tremendo.

Na segunda-feira o mesmo ritual aconteceu, Minerva chamando a professorinha para ter uma conversa, mas nesse dia foi diferente, Minerva explicou o que aconteceu e por que do choro e da foto, e desse momento em diante a professorinha nunca mais saiu da sala da Minerva e também nunca mais foi vista.

Minerva continuou conduzindo sua escola como sempre aconteceu.

Sob o olhar de MinervaOnde histórias criam vida. Descubra agora