Eu te perdoo

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Eu estava nervosa, suando frio e engolindo seco, afinal, não é todo dia que você enfrenta a morte não é mesmo? 

Tão estranho, mas ao mesmo tempo tão normal. Estava eu sentada em uma das mesas da sorveteria em que Natália trabalhava, eu já estava ali há 30 minutos esperando Drake. 

Parecia que cada minuto que passava, durasse uma hora, nunca fiquei tão impaciente em toda a minha vida. 

Tudo o que está acontecendo comigo... As vezes eu me pergunto o porquê de tudo isso, o que eu fiz para passar por todas essas coisas? 

Minha mãe sempre me disse que eu tinha um coração bom demais para o mundo cruel lá fora, ela sempre tentava me proteger de todo o mal, e eu falava que eu não precisava de proteção, que eu estava pronta para enfrentar qualquer coisa. Eu estava completamente errada, de novo. Ninguém está totalmente pronto para o mundo, ninguém sabe por completo sobre as coisas que estão por vir, ninguém está completamente pronto. 

Cada segundo que passava, eu reparava em cada detalhe nas pessoas que andavam pelo shopping, será que aquelas pessoas estavam atrasadas para irem à algum lugar? Será que elas irão encontrar o amor da vida delas? Ou estão apenas passeando pelo shopping, comprando roupas, comendo fast foods

Em tantas pessoas em que eu estava observando, me deparei com uma menina ruiva vindo em minha direção e se sentando na cadeira ao lado, era Lola, ela estava com um olhar triste de arrependimento.

 — Mary, me desculpa por tudo. Eu fui muito infantil em te criticar por não me contar as coisas e mentir para mim sobre sua casa, eu entendo que você não queria me envolver com seus problemas mas... Eu acabei me envolvendo... Por favor, eu não quero ficar de mal com minha melhor amiga. — Lola me olha com um olhar caído, de tristeza e, também de sono, pois passou várias noite em claro.

— Eu realmente queria te deixar fora de tudo isso, mas quanto mais eu tentei, mais você ficou sabendo de mais coisa. É claro que eu te perdoo Lolita, você não tem culpa de nada, você só queria ajudar. — Nós nos abraçamos forte, foi um abraço verdadeiro, algo que eu não tinha há muito tempo. 

Nos afastamos daquele longo abraço, eu sentia falta disso, da minha melhor amiga de sempre, do meu ombro amigo. Eu sentia que uma chama havia se acendido em mim novamente. 

— Sem brigas a partir de agora, tá bom? — Lola me disse e eu assenti com a cabeça.

Nós ficamos conversando por um tempo, quando eu senti a cadeira ao meu lado no qual meu braço estava apoiado, ser movida para trás, Drake, finalmente havia chegado na sorveteria. 

— Por que você demorou tanto? — eu perguntei

— Eu fiquei pensando muito se eu vinha ou não, fiquei pensando se valia mesmo a pena arriscar minha vida por causa de uma garota, fiquei pensando também, se eu pintasse meu cabelo de rosa, iria ficar legal? — Drake disse apoiando seus cotovelos na mesa e encostou seu rosto em suas mãos.

— É claro que vale a pena se arriscar pela sua melhor amiga, e outra coisa, nós vamos enfrentar nosso maior medo, nós temos chance de vencer ele. — eu disse, determinada.

— Vencer? Olha, eu acho mais fácil eu pintar meu cabelo de rosa. — Drake disse. 

Eu entendo que Drake não acreditava muito que iriamos conseguir alguma coisa com Vangeful, mas mesmo se não conseguirmos Natália de volta, pelo menos, tentamos.

— Vocês não acham que... estamos indo rápido demais? Tipo... estamos indo para a casa de Vangeful procurar Natália... E se algo der errado? — Lola disse.

— Não estamos indo rápido demais, Lola... Você não quer ver sua namorada logo? Ela pode estar em perigo e nós estamos aqui, conversando em uma mesa de sorveteria, que por sinal era seu trabalho. Vamos, ou não vamos?  — eu disse me levantando. 

— Vamos. — os dois disseram ao mesmo tempo e se levantaram. 

— Se vamos fazer isso, temos que ficar juntos. — Lola disse no meio de nós dois e segurou nossas mãos.

Saímos do shopping, e fomos em direção à "minha casa", eu nem considerava mais uma casa, muito menos, minha

Eu contava cada passo, cada azulejo da calçada, eu prestava atenção em cada pessoa andando, parecia que tudo estava acontecendo tão rápido e ao mesmo tempo tão lento, eu estava nervosa.

Finalmente, nós chegamos, em frente a casa. Aquela casa enorme, me fez lembrar a primeira vez em que vim aqui, que minha mãe me apressava para entrar e ver o meu novo quarto, eu era tão inocente, eu jamais imaginaria que isso tudo ia acontecer. 

— Quem bate? — Lola perguntou.

— Bate o quê? — Drake disse.

— Na porta, sua anta. — Lola disse. 

— Eu bato. — eu disse, um pouco determinada, um pouco nervosa, um pouco ansiosa...

Fechei minha mão, e toquei na madeira da porta três vezes. Esperamos alguns segundos e... ele, ele nos atendeu. Vangeful atendeu a porta e olhou nos olhos de cada um de nós.

— Olá crianças! Por onde andavam? — Vangeful disse, escorado na porta.

— Estávamos na praia, o lugar era lindo. — eu disse, o olhando fixamente. 

— Que bom! É bom mesmo aproveitar nossa vida enquanto á tempo. Entrem! — Vangeful nos deu espaço para passarmos. 

Eu, Drake e Lola nos olhamos e entramos na casa. Era um clima horrível, é claro, depois que você sabe das coisas que já aconteceram nesse lugar, automaticamente você vê a casa com outros olhos. 









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