1. Adeus

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- Dra Nathalie, a senhora tem 5 minutos para se despedir.

Fiquei completamente sem entender o porque das palavras do soldado ao trazer minha mãe algemada, muito menos o porque de ela estar com uma expressão de terror em seu rosto, não consigo se quer entender o porque de meu pai estar tão seguro de si e não dizer nada, não há uma troca de palavras sequer entre os dois. A medida que minha mãe se aproxima, meu coração bate mais forte, sinto como se meu sangue fervesse em minhas veias, eu sei que essa será a última vez que verei minha mãe.

- Mãe, o que está acontecendo? Porquê a senhora está algemada? mãe a senhora não é uma criminosa- essas são as únicas palavras que consigo dizer antes de sentir meus olhos arderem e lacrimejarem. Já vi várias crianças terem seus pais levados para o norte e serem largados em meio a selva como forma de punição por infringir as leis, mas ser levado para o norte é uma sentença que só é aplicada aos a grandes criminosos.

- Filho eu só quero que você entenda que eu te amo, e que eu vou sempre estar com vocês.

Nesse momento minha irmã Cassie já está aos berros, se pra mim está difícil aceitar essa perda, para ela deve ser pior ainda, perder a mãe aos 7 anos. Muito provavelmente não se lembrará dela daqui a alguns anos. 

- Mamãe a senhora vai voltar- pergunta Cassie com o rosto coberto por lagrimas.

- Meu amor, a mamãe te ama tanto. Escute, eu quero que você obedeça o papai e ao Eric- minha mãe não consegue se conter e consigo ver algumas lagrimas escorrendo de seus olhos. Nesse momento meu pai à abraça numa tentativa de amenizar sua dor, mas todos sabemos que será em vão.

- Eric cuide de sua irmã, e seja um bom garoto. Eu te amo.

- Sim mamãe. Eu prometo.

- Amor não deixe que nade de mal aconteça a eles.

- Sim querida. Eu ... Eu prometo.- meu pai tenta se manter firme mas posso sentir a tristeza na maneira que ele olha pra minha mãe, no lábios trêmulos. Nesse momento ele a beija, como um último gesto de amor.

Um soldado se aproxima com passos largos apunhalando uma arma e nos dá a pior noticia que já ouvimos.

- Dra, está na hora de partirmos.

A dor toma conta de mim, me sinto paralisado. Fico imóvel imaginando o que mamãe fez para ser banida para o sul, o que será de tão grave que mesmo papai trabalhando para o governo não pode negociar uma sentença mais leve. 

- lembrem-se. Eu amo vocês.

Fiquei imóvel. Vendo minha mãe sendo levada para dentro de uma aeronave. Sendo levado para o norte para morrer solitário, com fome, frio ou sendo morta por alguma fera.

A aeronave levanta vôo, e em questão de segundos de parte rumo ao norte. Ficamos um bom tempo ali parados na pista de decolagem logo atrás do prédio do Governo da Base Central, mas eu sabia que eles não iriam voltar. Nunca mais.

Um único pensamento corre por minha mente. Um dia eu irei de me vingar.

RESISTÊNCIAOnde histórias criam vida. Descubra agora