4. O Perigo Mora Ao Lado

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Após a guerra ficou determinado que as pessoas só serão consideradas cidadãs de onde vivem ao completarem 10 de idade. Esse ano Cassie será considerada cidadã da Base Central.
Cassie está muito ansiosa para o tão aguardado dia. O dia em que ela e outras crianças pegaram suas identidades permanentes está chegando.
Mas uma vez a Base Sul está no comando, eles são os responsáveis pelo registro dos cidadãos das bases.
Os preparativos já estão iniciando. Um grande complexo está sendo montado próximo a sede do governo de nossa base. Grandes aeronaves de ultima geração sobrevoam acima de nossas cabeças a todo instante.
Me espanta a quantidade de soldados do sul armados, alguns mais mal encarados que outros mas na verdade todos tem o mesmo semblante. Maligno.
- Eric porque o papai está conversando com essas pessoas?- pergunta Cassie sempre curiosa.
- Eu não sei. Deve ser só negócios, esqueceu que nosso pai trabalha para o governo.- No instante em que termino de falar vejo uma mulher sair de dentro do enorme complexo de vidro do governo do sul. Aparenta ter meia idade, ruiva e parece que também é uma mulher de negócios, pois todos se calam quando ela começa a falar.- Quer saber vamos logo para a escola, não podemos nos atrasar ou vamos levar uma advertência e o papai não vai gostar. Cassie, Cassie você está me ouvindo.
-Sim Eric.- percebo que minhã irmã não parou um segundo sequer de fitar a mulher ruiva, ela a olhava com um olhar de desconfiança. Mas deve ser normal para uma criança de 10 anos, aquele velho ditado: NUNCA CONFIE EM ESTRANHOS.
- Então vamos.- caminhamos juntos por cerca de vinte minutos até chegar a escola, Cassie não disse uma só palavra.
Ao chegar nos deparamos com um mural na frente da escola onde estava escrito as datas que as crianças que completaram 10 anos ou que irão completar até o fim do ano poderão pegar suas identidades permanentes. Isso anima minha irmã e a deixa contente, pois sua amiga Amber Garcia estará no mesmo complexo que o seu.
- Veja Cassie o grande dia está mais esperto do que pensávamos.
- Quando será? Me diz logo Eric.- confesso que adoro ver minha irmã ansiosa, amo ver sua expressão de preocupação quando algo muito importante está para acontecer.
- Calma. Será daqui a uma semana, na próxima segunda pra ser mais exato. Então vamos começar os preparativos, mas até lá temos que estudar. Já pra sala mocinha.
- Tudo bem. Não vejo a hora de encontrar Amber e contar que vamos ficar juntas no dia da identificação. Até mais Eric.
- Tchau querida. Te vejo na saída.
Nos despedimos e vamos para nossas salas que ficam e direções opostas. Fico feliz por ela. Desde que mamãe se foi faço tudo o que estiver a meu alcance para tornar seus dias felizes. Já faz três anos que isso acontece.

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- Como você está querida?- ele se esforça ao máximo para ser um bom pai, para um homem que trabalha para o governo ele está se saindo muito bem. Não nos falta nada em casa, agradeço muito a ele por tudo que faz por nós. - Precisa melhorar anjinho, em três dias você pegará sua identidade permanente.
- Cassie você previsa se alimentar. Tem que ficar forte, ou quer sair feia na foto.- não sou muito bom com chantagem mas ela odeia que a chamem de feia.
- Não sou feia.- ela dá de ombros.
- Mas vai ficar senão se alimentar direito.- meu pai entra na brincadeira,  ele faz tudo parecer mais engraçado.
- Eu só acho que a dona Marta vai ficar muito triste ao saber que você não comeu essa sopa deliciosa que ela preparou especialmente pra você.- Dona Marta sabe mesmo cozinhar, ela prepara refeições divinas com tanta maestria, Amo o manjar de chocolate que ela prepara todos os domingos e os biscoitos de nata que comemos no café da tarde todos os dias.- Está uma delicia.
- Eric, não acredito que você tomou minha sopa.- ela diz com um tom como se fosse me atacar a qualquer momento. Mas sei que só está fazendo birra. Afinal ninguém resiste as mãos de fada da Dona Marta.
- Claro. Que não só pelo cheiro da para sentir que está uma maravilha.
- Filha se você não comer eu vou atacar essa tigela.- meu pai sorri discretamente.- E não vou deixar nadinha pra contar história.
Cassie nos olha. Olha pra tigela. Pra nós. Pra tigela. E não resiste. Acaba tomando toda a sopa e ainda pede mais. Crianças. Sempre chamando atenção.
  
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- Eric, você se lembra de quando tive aquele pesadelo com um mulher ruiva?.- forço minha mente para tentar resgatar as memórias daquela madruga. Mas é fácil lembrar, porque ela sonhou com minha morte.
- Sim.- respondo.
- A mulher do meu sonho é a mesma que estava conversando com o papai quando passamos pelo complexo que o sul estava montando.
- Cassie deve ser só coisa da sua cabeça. Pesadelos não são reais.
- Eu sei que não são. Mas era a mesma mulher Eric.
- Cassie, você deve estar cansada. Deixe de falar asneiras. Amanhã é o seu grande dia.
Dou-lhe um beijo na testa e a cubro com sua coberta.
Ao chegar em meu quarto me sinto preocupado. Alguma coisa no subconsciente me diz para acreditar. Mas logo acabo acabo pegando no sono, e o mundo ao meu redor desaparece. Estou no meu mundo agora.

RESISTÊNCIAOnde histórias criam vida. Descubra agora