1º Capítulo

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E todos os dias a mesma coisa. Todos os dias o mesmo sofrimento. Mas que mal fiz eu ao mundo para me odiarem de tal maneira?

Cheguei a casa e abri a porta devagarinho. Não havia sinais da minha mãe. Subi as escadas a correr e fechei-me no quarto. Atirei a mochila ao chão e deixei-me cair sobre a cama. Olhei para os meus pulsos e notei que muitos cortes que já tinha feito cicatrizaram rapidamente. Mas como é possível?!

Um grande estouro na porta fez-me estremecer e olhar para lá.

"- EVELYN?! ÉS TU?!" a minha mãe gritou. Porra ela está em casa. Eu morro de medo dela. Ela bate-me sempre que está bêbada, resumindo, todos os dias. Ela culpa-me pelo acidente do meu pai. Há uns meses atrás eu ia de carro com o meu pai. Íamos os dois a rir e a conversar. No exato momento em que ele olhou para mim, um camião chocou contra nós. Ambos fomos projetados do carro e caímos ao pé um do outro. Eu não sentia uma perna, tinha uma dor muito forte no braço e a minha cabeça estava pesada. Lutei para manter os olhos abertos e tentei fazer com que o meu pai lutasse também, mas ele não foi forte o suficiente e acabou por morrer minutos depois da ambulância chegar. A minha mãe deve achar que é fácil para mim ter visto o meu próprio pai a morrer e eu não poder fazer nada. É muito fácil realmente.

"- EVELYN EU SEI QUE ESTÁS AÍ! ABRE A PORTA" ela voltou a gritar enquanto que tentava derrubar a porta.

Senti lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto e rapidamente peguei no meu telemóvel. Procurei pelo número do meu namorado e liguei-lhe. Após alguns toques ele atendeu.

"- Estou?!" falou rudemente.

"- Derek! Derek, por favor anda buscar-me..." Eu implorei, soluçando de tanto chorar. Estou aterrorizada.

-" Mas deves pensar que eu tenho a tua vida? O que raio é que tens?" ele perguntou.

"- Derek, a minha mãe está quase a arrombar a porta! Não sei quanto tempo é que vai demorar para a porta cair, mas é muito pouco!" eu disse e ele suspirou.

"- Outra vez? Deves achar que eu sou o teu guarda costas ou coisa do género, e ainda para mais estou ocupado..." ele disse e eu choquei pelas suas palavras. Mas ele é parvo ou quê?!

"- Mas tu estás parvo ou quê?!" Eu perguntei e ele desligou. Odeio a minha vida. Não faço a menor ideia porque é que ainda estou aqui.

Olhei para a janela e ocorreu-me uma ideia. Como é que não pensei nisto antes?! Corri até à janela, abria-a. Saltei e caí de pé na relva. Olhei para trás e ouvi um estrondo. De repente vi o rosto da minha mãe e comecei a fugir.

"- EVELYN VOLTA AQUI MINHA ESTÚPIDA!" ela gritou.

Eu não olhei para trás e comecei a correr mais rápido. Continuei a correr sem parar mas algo me chamou atenção. Um rapaz e uma rapariga aos beijos. Faz lembrar-me quando eu e o Derek eramos chegados. Mas outra coisa me chamou ainda mais atenção. O rapaz era loiro, tal com o Derek. Quando os dois se afastaram petrifiquei. Era ele. Lágrimas começaram a escorrer incontrolavelmente pelo meu rosto.

"- D-Derek?! O que se passa?!" eu perguntei. Ele olhou para mim e mandou-me um olhar de morte.

"- Tu ainda não te apercebeste que eu já não quero nada contigo?!" ele falou rudemente.

"- QUANDO EU MAIS PRECISO DE TI É ISTO QUE TU ME FAZES?! FOSTE DAS ÚNICAS PESSOAS QUE EU CONFIEI O MEU AMOR, O MEU CORAÇÃO, OS MEUS SEGREDOS! SABES QUE MAIS, ÉS UM PARVO! EU NÃO PRECISO DE TI, EU NÃO PRECISO DE NINGUÉM NESTE MUNDO! as pessoas que eu mais precisava já não estão cá..." eu sussurrei a última parte. Ele parecia destroçado pela maneira como falei, mas é isso que ele merece. Durante 1 ano e meio confiei nele e ele faz-me isto?! Continuo sem perceber...

Virei costas e continuei a correr. Atravessei a rua a correr e fui até ao cemitério. Fui até ao sítio habitual. A campa do meu pai. Sentei-me e respirei fundo. Deixei as lágrimas cair sem algum problema. Para mim chorar é rotina. Já não me lembro do que é rir.

"- Eu preciso de ti... Volta por favor..." eu sussurrei.

"- Menina! Já passou a hora das visitas! Tem de ir embora!" o senhor da manutenção avisou.

"- Estou a sair..." eu respondi.

"- Adeus... Amo-te!" voltei a sussurrar e levantei-me.

Eu não quero voltar para casa. De certeza que a minha mãe ainda lá está. Eu não tenho mesmo sorte nenhuma... Decidi ir para o parque e sentar-me no banco. Ter saudades é uma das piores sensações de sempre. Era este o parque que eu costumava vir com a Ella, minha melhor amiga. Ela morreu de cancro. A partir dessa perda nunca mais me apeguei às pessoas. O meu pai morreu, a minha melhor amiga morreu, a minha mãe odeia-me e o meu namorado traiu-me. Vida perfeita não?!

"- Olha olha, a menina Adams..." uma voz familiar falou. Claro. Josh e Jonathan, os gémeos mais parvos da escola.

"- Que é que vocês querem?!" Eu perguntei aborrecida.

"- Não sabes?!" eles perguntaram. Eu arregalei os olhos. Já sei o que me espera. Uma sova. O que mais poderia uma rapariga de 19 anos desejar? Tudo menos isto.

"- N-não por f-favor não." Eu implorei.

Um deles fechou o punho e quando este estava quase a conectar-se com a minha cara algo o impediu.

"- Maldita abelha! Vai! Sai daqui! Sh! Sh!" Ele afugentou uma abelha, que o impedira de me esmurrar.

Eu levantei-me e comecei a correr. Ja estava escuro e eu estou cheia de fome. Parei junto a uma loja de conveniência. Fechada. Boa. Ao lado estava uma máquina com snacks.

Tirei 50 cêntimos do bolso e coloquei na máquina. Escolhi um chocolate e peguei nele.

Comecei a comer e voltei para casa. Aquilo estava uma desarrumação. Não havia sinais da minha mãe por lado nenhum. Felizmente.

Fui para o meu quarto, deitei-me e adormeci a chorar. Odeio a minha vida.

A.N- Héy :3 Bem esta é a minha primeira fic aqui :D espero que tenham gostado... deem a vossa opinião ^~^

Obrigada <3

-Maria

Touch Of An Angel (Harry Styles) -pausa-Onde histórias criam vida. Descubra agora