Lobo Mau (pt. 2)

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Alguma coisa dentro de mim pediu que a seguisse. Desta vez, em meio à mágoa e à fome, decidi aceder ao meu próprio pedido... Alguns quilómetros mais à frente estava uma casinha pequena. Fachada cor de rosa, telhado vermelho perfeitamente piramidal, uma porta de madeira e duas janelinhas. Olhei em volta, impaciente. Não vi Elizabeth em lado nenhum e supus que ela tivesse entrado. Por qualquer razão decidi bater à porta.

-Está aberta!-ouvi uma voz lá dentro.
  
Entrei e, ao contornar a porta, encontrei uma velha mulher deitada numa cama. Seria aquela a avó da Capuchinho Vermelho?Antes que o meu cérebro pudesse raciocinar,a mulher chamou:

-Lizzie? És tu, minha querida? Os meus olhos já não são o que eram,mas... Oh! Tu cresceste!

 Ao ouvir a mulher dizer que não via bem, alguma coisa em mim se acionou. Ela estava vulnerável e eu faminto!O meu primeiro instinto foi devorá-la... Quando acabei e a fome amainou percebi o que fizera. Quebrara a minha promessa! Comecei a entrar em pânico...Pus a touca que a mulher usava e vesti uma camisa de dormir que estava ali,sobre uma cadeira. Deitei-me na cama e esperei que a rapariga chegasse, se ela viesse. E pouco depois ela veio. Entrou com a cestinha que eu agora já não sentia vontade de atacar e sorriu-me. Aquele sorriso magoou-me. Fez-me querer denunciar-me, mas limitei-me a ficar ali, deitado, só a olhar para ela...

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