Chapter 2

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Durante toda a semana eu faço o mesmo dilema de sempre. Eu vou dormir tarde fazendo qualquer coisa que signifique não sair do meu quarto e no outro dia pela manhã vou para a escola parecendo um zumbi do The Walking Dead. Surpreendentemente hoje eu estava mais cansada do que em todos os outros dias.

Apesar de eu mal conseguir deixar meus olhos abertos quando acordo, eu sei que não conseguiria começar a dormir cedo, e é tão natural que quando vejo já são 2 da manhã. Sem contar que ontem minha irmã chegou batendo porta, jogando coisa no chão, reclamando e todo esse barulho me deixa estressada. Resultado: estou um bagaço.

Já faz um mês que começou as aulas e parece que foi três anos seguidos sem finais de semana.

Cheguei na escola com o meu humor habitual, o qual sempre se referem quando falam de mim. "É aquela menina que tá sempre de cara amarrada?". Também é comum escutar um "É a irmã da Sofia?" de vez em sempre. Sim, minha querida irmã é meio conhecida por estas redondezas, o que piora ainda mais a situação já que ela estuda na mesma sala que eu depois de repetir o ano devido suas péssimas notas e ausência em aula.

Sem a mínima vontade vou para sala onde terá matemática nos dois primeiros períodos e sento-me perto da janela já prevendo minha distração durante a correção de exercícios. Sinceramente eu odeio matemática.

                                •~•

Ao fim do turno da manhã agradeço a todos os deuses e santos (ou qualquer coisa em vocês acreditem) pelo fim dessas cansativas aulas e me encaminho até o refeitório onde finalmente poderei comer alguma coisa, visto que sonhei com isso a manhã inteira. Ao passar pela porta que dá entrada ao lugar não pude deixar de notar, mais uma vez, que não importa em que escola você estude, a divisão entre grupos é quase uma regra. Pela lógica imposta pelos mais diversos padrões, você aparentemente precisa ser popular, fingir amizades, fingir ser quem você não é, e claro, saber atormentar aqueles que são ridículos perante os olhos dos adolescentes mais "legais", para aproveitar o ensino médio e não precisar almoçar sozinho no banheiro.

Após pegar um sanduíche, uma das únicas coisas comestíveis daquele lugar, e um suco de abacaxi, caminhei em meio a todos aqueles grupos separados das mesas mais cheias, favoráveis e "requisitadas" até o meu lugar de sempre: um pequeno banco perto de uma árvore mais ao fundo do pátio da escola, onde me escoraria mais tarde.

Eu já estava pronta para ter meus últimos minutos descansando meus neurônios perto da árvore quando vejo Nancy toda animada vindo em minha direção.

- Zara!! Você era mesmo a pessoa que eu estava procurando! Não se importa se eu me sentar aqui, não é? – Ela faz um gesto apontando para o espaço ao meu lado e vai em direção a ele sem esperar por uma resposta como confirmação.

- Desculpa, mas na verdade eu me importo.

- Vou ignorar isso e continuar a conversa como a ótima amiga que sou. O que você está fazendo?

- Amiga? Desde quando somos amigas?

- Essa não posso negar que doeu, mas ignorando novamente.... O que você está fazendo?

Olhei para a minha suposta amiga e soltei um longo suspiro. Não importa o quanto eu tente afasta-la de mim, parece que ela nunca desiste do seu objetivo de me fazer menos sozinha. Para falar a verdade, não faço a mínima ideia do porquê de ela ainda falar comigo. Nós duas somos muito diferentes, ela sempre está alegre e rodeada de amigos, porém mesmo assim vive me puxando para conversar no intervalo, ou até mesmo durante as aulas. Ela é realmente uma pessoa muito querida e é por esse motivo que não a quero por perto. Eu gostaria muito que pudéssemos ser amigas próximas e tudo mais, assim como já fui de outras pessoas, mas quero que cada um possa confiar sua amizade e seus segredos a mim por vontade própria e não por uma ação involuntária que acaba expondo seus maiores podres.

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⏰ Última atualização: Sep 21, 2016 ⏰

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