Elizabeth O'Conner
Mais um dia na minha rotina e zona de conforto, acordei por volta das 6h05, o colégio em que eu estudava não ficava tão longe de casa, então não havia necessidade de acordar tão cedo, porém, meu relógio biológico insistia em me colocar em pé um pouco antes do sol nascer. Como sempre, me arrumei em poucos minutos, detestava a ideia de usar uniforme escolar mas era fato que a tal obrigação fazia da minha vida menos complicada.
Saí de casa antes que meus pais ou o sol tivessem a chance de aparecer, dei algumas voltas pelo quarteirão afim de refletir sobre qualquer coisa na companhia de meus fones e depois de alguns minutos segui o caminho da escola, chegando lá fui direto para minha sala de aula e logo que cheguei, avistei alguns de meus amigos copiando provavelmente as tarefas de casa da aula passada.
— Hey, Lizzie, fez as tarefas de sociologia? - disse Jake, eu ri, ele era tão previsível.
— Yep. - joguei a mochila para que ele pudesse pega-la.
O ato já havia se tornado comum, Jake passava as tardes jogando e só estudava nas vésperas das provas, o que poderia causar complicações no futuro para um ser tão comum quanto eu, mas, bem, Jake tinha um QI acima da média.Me virei para Jessi e Ashley que estavam sentadas no canto da sala conversando certamente sobre Mike, o garoto cujo o pai era diretor da escola, Jessi e Mike estavam flertando por meses e eles finalmente tinham saído juntos, ela parecia agitada.
— Como foi? - perguntei.
— Incrível. - ela me lançou um sorriso tão largo que quis retirar o que eu acabara de perguntar.
— Assustador! - brinquei.
— Liz, você fez as tarefas de sociologia? - interrompeu Ash.
— Está com Jake.
— Maldito Jake, ele sempre pega suas tarefas primeiro.
— E por que você não fez?
— Estava deprimida.
— Deprimida?
— Longa história, minha família não é tão perfeita quanto a sua. - eu quis cortar a conversa, pois sabia o que havia acontecido e não desejava prolongar sua tristeza.
O pai de Ashley era um alcoólatra e a mãe tinha problemas com a depressão, Ashley recebia um papel social mais importante que o de estudante, filha e adolescente, ela era incrivelmente responsável e tinha razões para ser, uma flor em meio ao caos.
Abri minha boca para dizer que a ajudaria, mas de repente a sala estava lotada e o professor entrou antes que eu pudesse dizer ou receber qualquer informação, era o Sr. Milton, ele ensinava filosofia e o tema de hoje era liberdade.
A aula me fez refletir por um bom tempo, eu costumava pensar que liberdade significava ser livre para fazer exatamente tudo o que desejar, sem se importar com as consequências, mas descobri que o nome disso é libertinagem, eu estava errada em confundir os termos.
— A liberdade é limitada para que todos se sintam confortáveis e satisfeitos, se o limite for ultrapassado deixa de ser liberdade, afinal, não existe espaço para o egoísmo quando se trata de coletivismo. - continuou o Sr. Milton, fazendo com que eu julgasse todas as suas palavras como minha verdade universal.
O que ele dizia fazia todo o sentido, se você não pode escolher, que tipo de liberdade é essa? conheço muitas pessoas que pensam ter o poder de escolha, quando na verdade possuem apenas um paradoxo.
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Decifra-me
Mystery / ThrillerÉ um tanto clichê começar um livro com a definição de algum termo, mas neste caso, é necessário. Rafael, traduzido do hebraico significa "Deus da cura", eu tive um amigo imaginário com este nome por vários anos, me lembro de seus cabelos enrolados l...