Capítulo sete

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- Por que você tem um Porshe? Você não tem asas? – pergunto, cruzando as pernas e tirando o cabelo do meu rosto.

Mase sorriu.

- Meu pai gostava de colecionar carros antigos. Eu gostava dos novos.

- E esse Porshe?

- Era de um caçador.

Assinto. Ele parecia desconfortável.

- Quantos anos você tem? – pergunto.

- Vinte e três.

- Seus pais...?

- Meu pai... Ele está desaparecido e minha mãe morreu quando eu nasci.

- Sinto muito.

- Não sinta – ele fechou o capô do carro e sentou na beirada. – Não gosta de Sex Pistols?

- Eu não curto muito o estilo de música punk rock. Prefiro apenas o rock industrial.

Mase esboçou um sorriso lentamente. Ele possuía tantas tatuagens...

- Já tomou café?

- Ainda não... – respondo. – Os macarrones, sabe? Encheram-me – menti, passando a mão sobre a barriga.

- Quer dar uma volta? Tenho pizza no banco de trás.

Pisquei. Dar uma volta com um desconhecido que tinha uma pizza velha e cheia de moscas no banco de trás? Ora, por que ele não disse isso antes?

Limpei a minha bunda – que parecia ridiculamente grande naquela saia estupida – e fui até Mase, que abriu a porta do carro para eu entrar.

- Que cavalheiro...

- Você merece – ele piscou e depois sorriu. Queria chutar o seu saco.

Mase achava que iria me conquistar com aquele sorriso pervertido. Coitadinho!

- Por que você está rindo? – ele perguntou, entrando no carro, com uma fatia de pizza de portuguesa em mãos.

- Por que você tem pizza? – mudo de assunto.

- Eu gosto de cozinhar. Quando quero me livrar dos pensamentos, faço uma pizza e vou até o meu carro comer, olhando para essa paisagem linda e mentirosa.

- O que você era antes de morrer?

- Eu nunca morri, Brooke – ele deu de ombros e sorriu despreocupadamente.

- Isso significa que você tem duas vidas, assim como eu?

- Não... Quando já se nasce Anjo, você só tem uma vida. Você, no caso, teve duas por que era de duas raças. Sangue humano corria por suas veias, mas agora, o sangue de Anjo corre por você.

- Que sorte a minha – digo, colocando o punho sobre o queixo e mordendo a pizza. Estava deliciosa. – Você cozinha muito bem!

- Gracias.

- Espanhol? Por favor, não me venha com essas!

- Obrigado, querida.

- Volte para o espanhol, por favor – sorrio.

- Para onde quer ir, mi hermosa?

- Para o shopping, por favor. Soube que vai ter alguma liquidação de alguma marca qualquer.

No mundo dos mortos? Alô, garota!

Mase riu.

- Posso te levar para ver uma sessão de corvos mortos. Tem bastante sangue, mas não acho que tenha muita ação como um filme do Tom Cruise.

As Faces de um Anjo I livro doisOnde histórias criam vida. Descubra agora