A custo da felicidade

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E se ...

E se Astrid nunca tivesse me parado a tempo? Teríamos ido embora, eu e Banguela, sozinhos no mundo. Voaríamos até chegar ao abismo eterno , o fim do mundo, e voltaríamos, parando em todos as ilhas que achássemos. Talvez teria encontrado minha mãe antes, talvez fosse viver com ela, e se não fosse, pararíamos em algum lugar na Ásia, soube que lá os dragões são louvados, talvez eu tenha nascido no lugar errado.

E se eu não tivesse atirado em você aquela noite? Sua tailfin estaria completa, e poderia estar voando sozinho.

E se o mundo que vivemos hoje ainda fosse como antes? Vikings matariam dragões por diversão e sobrevivencia, eu ainda seria a espinha de peixe da aldeia.

E se tudo nunca tivesse mudado? Nunca teria me tornado o chefe da tribo de Berk, nunca teria me tornado o herói, o treinador , também nunca encontraria minha mãe, o mundo ainda seria sepia, as cores não existiriam para mim. Eu poderia ter me tornado o padeiro ou um ferreiro, quem sabe? Apenas Odin pode saber disso, o mundo continuaria errado, a guerra nunca acabaria e todos nós sofreríamos. Astrid não teria me olhado duas vezes, não teria me beijado, não se tornaria minha melhor amiga e nunca teríamos nos casados, talvez ela se casasse com o cabeça de peixe, ele certamente é melhor que o Melequento ou o Tuffnut, não que eles sejam ruins, são grandes amigos, mas naquela época eles não eram assim, e certamente teriam continuado os mesmos. E eu não teria perdido a minha perna também.

A vida não teria seria a aventura que é, e eu nunca pensaria em viver uma, seria "muito perigoso" , meu antigo eu era inteligente, porem não era destemido, ele queria ser reconhecido, ter uma vida boa, ter uma namorada, ser um orgulho para o pai, eu posso ter conseguido tudo isso, mas naquela vida não seria assim, a verdade é que eu tive que matar um dragão para chegar onde estou, o morte vermelha, a rainha, o maior dragão que já foi visto.

Como é visto , não teria sido um vida boa, pacifica sim, o máximo possível, considerando os ataques frequentes, pacifica, não boa. Agora sentado no topo de um monte em uma ilha próxima a Berk, com Astrid dormindo apoiada em mim e com os pés em cima do Banguela, percebo que minha vida é boa.

Talvez apenas devêssemos procurar uma maneira de derrotar Dion, porem é impossível , com medo por minha aldeia fui até um templo de Odin e pedi pela tribo,  fui enviado para um campo de trigo, lá encontrei Frey, o deus do tempo, ele me deu uma visão do futuro. Berk em chamas, pessoas mortas, implorei uma solução e ele a apresentou, voltar no tempo, para quando ainda era o espinha de peixe, quando o mundo era errado, falou que Dion foi fruto do companheirismo entre dragões e humanos, e se eu mudasse o passado, Berk sobreviveria.

–Soluço?- Falou a voz rouca de sono de Astrid, a olhei e sorri.

–Sim.

–Eu estou com medo.- Ela disse franzindo a testa.- Sinto uma dor no meu coração e não sei porque, me prometa que não vai fazer nada imprudente, vamos derrotar Dion, juntos.

A loira olhou no fundo dos meus olhos e ardomeceu, beijei sua testa e pedi para que seu dragão a levasse para casa.

–Vamos banguela.- Subi nele e fomos para o local que Frey mandou, está na hora de salvar minha aldeia, mesmo que isso custe minha felicidade.

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