Narciso

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Nota da autora:

O que vocês vão ler agora é um pouco diferente do que venho fazendo até aqui, mas a essência é a mesma. Espero que agrade. :D

Votos e comentários sempre são bem-vindos. Comentem mesmo, pois preciso saber o que vocês acham. Se estão gostando, se estão amando, odiando hahaha... Falem mesmo.

Obrigada desde já! :)

Boa leitura!




Afinal, Narciso é culpado?

Colocando-o em julgamento.

Faço de vocês o jure,

Ao mesmo tempo em que o acusarei,

Da mesma forma o defenderei

A sentença final caberá aos olhares mais atentos

Declaro aberta a sessão...

Que a voz seja da defesa.

Como primeira testemunha,

Trago a mãe do belo rapaz... A ninfa Liríope.

— Deixou claro o oráculo.

Narciso viveria a vida de um deus,

Se sua face nunca viesse a ver...

Caiu apenas na armadilha de Nêmesis

Que se fez da culpada única.

Punam a traidora!

— Ordem, eu peço!

Sem mais perguntas, meritíssimo.

Transfiguro-me agora no acusador.

Narciso é culpado do mais torpe pecado,

Mostrarei ao jure que

Narciso é a prova do que há de mais desprezível no homem.

Tragam-me a ninfa Eco!

Diga-me, menina dos gemidos eternos,

Quem era Narciso?

— Era o senhor do egoísmo,

Do desprezo e da crueldade.

Com o amor de todas as ninfas

Dos dois mundos ao seu redor,

Não amava nada mais que a si próprio.

Por culpa dele apenas,

Meu coração virou pedra,

Transfigurei-me em gemidos,

Fadada a vagar pela eternidade da amargura e solidão.

Protesto!

Isso não é cabível de aceitação.

Quem fala é apenas uma moça cuja paixão não foi correspondida.

— Aceito!

A testemunha está à disposição da defesa.

Pois bem, Eco, é verdade que és próxima de Nêmesis?

A ninfa nada fez além de assentir.

É verdade, então, que Nêmesis se vingou por todas as ninfas?

Protesto!

— Negado! Responda a pergunta.

— Nêmesis se apiedou de nós,

Por Narciso nem ao menos agraciar-nos com um sorriso...

Uma lembrança se fez presente.

Uma tarde de caça.

O calor do verão.

Sedentos estavam.

Um vasto rio a disposição.

Narciso, ingênuo,

Debruçou-se sem intenções.

Seu reflexo viu.

Contemplou-o sutil

Apaixonou-se o rio...

O oráculo avisou.

Bem que ele tentou.

Mas Narciso não foi forte.

E morreu do dito amor...

Amou unicamente a si mesmo

De um jeito tão incomum.

Transformou-se em uma flor.

De todas as formas no mundo,

Não há jeito melhor de demonstrar amor.

Qual foi o crime de Narciso?

Declaro o que ele se declarou quando olhou-se pela primeira vez.

Que ele carregue para sempre o fardo de ser quem é... foi... será...

Narciso é Narciso.

Culpem-no por isso.

Caso encerrado.

O veredicto final.

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