気持 ― "what about feel without falling in love?"

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Olá.
    Sabe, eu acredito fielmente que toda pessoa já se encontrou ― ou ainda se encontrará ― em um daqueles momentos em que tudo o que se deseja é sair para qualquer lugar, sem rumo.

    Andar pelas ruas de uma cidade desconhecida, esbarrando em pessoas também desconhecidas, beber até esquecer do próprio nome e finalmente se sentir livre para fazer tudo que sempre quis e não podia fazer.

    Meter o pé na estrada escutando aquela música que, apesar de não se conhecer quem canta ou sequer o título, é uma das suas favoritas, com amigos que fez há 40 minutos em uma festa qualquer.

    Sair dos limites, quebrar as regras, errar muito e até mesmo cometer alguns crimes leves.

    Se sentir livre como um pássaro. Sentir o gosto efêmero da felicidade. E, nem que por poucos minutos, se sentir infinito.

    Houve um dia, há não muito tempo atrás, em que eu estava passando por um desses momentos.

    Um dos motivos que me trouxeram à vontade súbita de deixar tudo de lado por um tempo fora a minha paixão.

    Nah, eu não estava apaixonado por uma pessoa. Eu estava apaixonado pelo sentimento.

    Realmente, faz muito tempo desde que eu não me apaixono por alguém, nem mesmo tenho certeza se já o fiz completamente.

    Dizem que quando gostamos de uma pessoa, o nosso coração acelera, as pernas ficam bambas, os pensamentos formam um nó e tudo que se vê é a tal pessoa amada. Além, é claro, das famosas borboletas no estômago.

    A única vez que ― infelizmente ― me recordo de sentir como se borboletas estivessem passeando por meu estômago foi quando estava de cabeça para baixo em uma montanha russa no meu aniversário de 15 anos. E acredite, não foi uma sensação muito boa.

    Na verdade, eu tinha uma paixão e uma saudade imensa do desconhecido.

    Eu sempre quis descobrir o mundo, mas antes precisava descobrir a mim.

    E, deus, como foi difícil...

    Para quem vê de fora, parece até fácil conhecer e reconhecer a si mesmo ― e realmente pode ser para alguns ― mas, definitivamente, não foi para mim.

    Eu era como um enigma, um mistério.

    Assim como aqueles contos de piratas, eu era o mapa, o pirata e o tesouro ao mesmo tempo.

    Precisava achar dentro de mim o meu próprio tesouro. Eu só não sabia exatamente por onde começar, nem como começar e muito menos o que me aguardava no final.

    Foda-se. Não sei até hoje.

    Todas as vezes em que eu, tolo, acreditava ter finalmente me encontrado, surgia uma nova pista, um novo caminho para seguir.

    Até que um dia eu desisti e mudei minha linha de raciocínio. Talvez eu precisasse descobrir o mundo primeiro para então poder me descobrir.

    Talvez eu deva ser um pouco empirista, sabe? Sair da teoria e experimentar, conhecer novas pessoas, visitar lugares diferentes, ouvir as clássicas histórias de pescadores e contos de terror. Eu necessito ser uma pessoa completa. Não posso me tornar alguém vazio e sem sonhos.

    Porque eu realmente amo sonhar ― o que pode ser um defeito inspirador ou uma qualidade terrível, admito.

    Meu principal sonho sempre foi ser um cantor famoso, escutar as vozes clamando por meu nome e ver almas se conectando através da minha música.

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