CAPÍTULO 2 - NO AR

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– Pegou tudo Mila? – Jô pergunta pela enésima vez. Sem muita paciência apenas reviro meus olhos – Isso não é educado Camila – faço de novo.

– Malas, ok. Documentos, ok. Eu peguei tudo! – diz Nana com empolgação.

– Anticoncepcionais, ok. Camisinhas, ok. É Jô, eu também peguei tudo!! – falo com ironia e ela revira os olhos. – Ah, Joana, isso não foi educado! – Nana já começa a rir. Não sei o motivo, mas ela parece mais animada hoje.

– Ok ok, informação de mais Mila e deixem para brigar quando estiverem longe, desse jeito meu coração não aguenta. Uma hora com vocês e já tô pirando! – Esse é o Tio Beto, pai da Nana e meu segundo pai. Tio Beto e papai eram amigos da faculdade e quando papai morreu em um acidente de carro, ele tomou para si a tarefa de cuidar de mim. Meu drama é um comportamento aprendido e foi com ele que apendi. É um dramático!!

Dou lhe um abraço apertado e um beijo no rosto.

– Ihh quanto drama. - digo e reviro os olhos

– A Jo tem razão, isso não é educado. - ele diz tentando me dar uma bronca, mas falha miseravelmente ao sorrir e mostrar suas covinhas. Essas covinhas que se parecem tanto com as do meu pai.

– Tchau Tio, vou sentir saudades. – vejo seus olhos lacrimejarem.

– Ahh! Menina assanhada, também vou sentir saudades – diz ele me apertando no seu abraço de urso e me soltando quando escuta minha gargalhada.

– Tio, você é velho!! Quem ainda fala "assanhada" hoje em dia??? – digo para disfarçar o aperto no peito. Amo esse velho chato e controlador! Tio Beto veio nos trazer no aeroporto para ter certeza que estávamos embarcando corretamente. (Suspiros e viradas de olhos).

– Sou velho mesmo, mas ainda dou um bom caldo – diz ele todo vaidoso, me dando uma piscadinha – Se não acredita em mim, pergunta pra sua tia. – e caímos na risada, mas Nana corta nosso barato.

– Ok Ok senhor Roberto, informações de mais. Tchau, papai. Te amo! – ah!! Eles são fofos!!

– Tchau, minha menina. Juízo. As três. E Jô vê se coloca juízo na cabeça dessas meninas. – diz ele indo abraça–la.

– Ah tio, você fala como se você possível. – Joana diz isso com tanto carinho que nem fico brava.

Depois de mais instruções e beijos e abraços, enfim, partimos. Demora um pouco até estarmos acomodadas, mas como é de costume: avião no ar Camila no bar. Estamos na primeira classe, lógico. Jô não queria voar de primeira classe alegando ser a mais pobre das três, mas resolvi o problema pagando a diferença.

Prefiro a primeira classe, pois me dá a vantagem de andar pelo avião atrás a aeromoça e seu carrinho de bebidas e admirar os boys maravilhosos. Nesse voo em especial eu já vi dois algumas poltronas a frente. Um moreno bonito, seu corpo parece ser magro, mas definido, um cabelo sedoso e um olhar charmoso. O outro estava tirando a camisa e... PQP que "tanque" é esse. "Nossa Senhora do Chuveiro elétrico"... dai–nos resistência!! Seus olhos são claros, mas não consegui entender a cor. Por que?? Fala sério né? Vê lá se eu vou ficar tentando adivinhar a cor dos olhos quando aquele tancão está à mostra. Mas minha apreciação termina quando ele coloca uma camiseta. O safado percebe que eu estou babando por seus músculos e me dá uma piscadinha. Eu fecho a cara pra ele. Exibido.

Já estou quase chegando à cabine da aeromoça quando uma porta se abre me fazendo cair de bunda no chão.

– Ai merda! – meu grito é mais de susto do que de dor.

AssanhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora