Sou internada por me cortar. Por tentativa de suicídio. Grito falando que não sou louca. Imploro pra minha mãe não deixarem me levar. Estou em uma maca, com os pés e os pulsos amarrados. É um pesadelo. Minha mãe apenas encosta a cabeça em minha testa e fala: Eu te amo, vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem. Vamos superar isso.
Os gritos continuam. Pessoas loucas me encaram como se eu fosse um novo brinquedo. Eu me esbato na maca tentando me soltar mas as amarras são fortes de mais. Me dão remédios. Me dopam. Durmo a maior parte do tempo. É uma forma de me manter viva, apesar de eu me sentir morta.
Minha família vem me visitar todos os dias. O período entre as visitas aumentam. Descubro que minha avó morreu. Ninguém fala mas sei que morreu de desgosto.
Meu irmão me visita quase sempre. Vejo ele com barba, bem arrumado, trabalhando, com uma família, filhos. Mas eu não os conheço. Ele não me apresenta. Por medo talvez. Mas porque isso se sou inofensiva? Com o tempo ele para de me visitar.
Minha mãe cada vez que vem me visitar está mais magra. Chora o tempo todo por desgosto de ter uma filha internada. Não era isso que ela planejava pra mim. Não era isso que ela queria. Ela não me colocou no mundo com esse propósito. Ela também para de me visitar. Não tenho mais notícias dela.
Minha tia e meu tio foram os primeiros a me abandonar. Me crucificaram e me cuspiram no olho na primeira oportunidade que tiveram.
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Pequena suicida
Teen FictionVocê esta preparado para morrer ? Não tente acordar. Isso não é um sonho. Não há para onde fugir. O seu pior pesadelo irá te perseguir para sempre, em cada noite.