Ninguém sabe, apenas eu, que eu choro de vez em quando

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Acabo ficando louca por causa do lugar em que me encontro. Tenho pequenos momentos de lucidez. Sei que fiquei louca por estar com pessoas loucas. Que não sou... ou pelo menos não era louca; apenas precisava de ajuda.
Passo fome, frio. Tenho medo, ouço vozes, coisas se mexem. Perdi a noção do tempo. Não sei a quantos dias estou aqui. Fazem dias que estou aqui certo? Anos? Não sei quanto tempo estou aqui.
Na minha cabeça toca Tempo Perdido do Legião Urbana. Fora dela é um silêncio mortal na calada da noite. Mas há sempre alguém gritando. Sempre.
Não sei o que aconteceu. Mas sei que estou na solitária. Agredi alguém? Tentei me matar novamente? Não sei. Não consigo me lembrar. Não lembro de quase nada.
Me dão remédios. Muitos remédios. E isso me dopa por completo. Me vejo magra, finalmente uma coisa boa. Mas tenho fome, frio. Sinto que anos se passaram. Mas não tenho noção do tempo.
Consigo sentir o cheiro do perfume da minha tia no ar. Sinto o abraço do meu tio amado na rua quando completei 15 anos. Consigo colocar minha cabeça no colo de minha mãe. Consigo ouvir meu irmão rindo e brincando comigo.
A morte finalmente chega. Me leva, e com ela leva toda a dor, a angústia, o sofrimento que eu passei nos últimos tempos. Estou finalmente livre. Me livrei de mim mesma. Estou cansada, mas estou feliz que tudo tenha acabado de uma vez.

Pequena suicida Onde histórias criam vida. Descubra agora