Capítulo 1 - Um Distúrbio na Força

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MUSTAFAR

Luke Skywalker estava agindo independente. Depois da Batalha de Endor, ele havia resolvido se afastar dos amigos da Rebelião e tentar encontrar o seu caminho. Após a morte de seu pai, Darth Vader, as coisas estavam confusas para Luke, e ele não sabia o que fazer daqui em diante. Ele havia tentado pedir conselhos aos espíritos de Obi-Wan e Mestre Yoda, porém eles pareciam distantes há algum tempo. "Há outros no mundo, perdidos, como eu", Luke havia pensado quando desistiu de falar com Obi-Wan e Yoda, "e precisam de ajuda, antes que alguém os use para o mal como o Imperador fez com meu pai". Então ele finalmente se decidiu: Luke iria recriar a Ordem Jedi, que seria o primeiro passo para restaurar o equilíbrio na Força! Ele iria passar o conhecimento adiante, fazer o sacrifício de seu pai para salvar a sua vida valer a pena! Mas que conhecimento ele passaria adiante?

Foi então que Skywalker começou a investigar. Ele visitou estabelecimentos do Sol Negro, organização mafiosa galáctica; se encontrou com Caçadores de Recompensas nos cartéis Hutts e procurou informações com a Rede de Espionagem Bothana. Tudo o que conseguiu foi descobrir que existiam holocrons jedi, com uma boa parte dos conhecimentos jedi guardados, porém a maior parte estava bem guardada em Coruscant, a capital do Império, que agora, com a morte do Imperador, era uma base para todos os comandantes imperiais sem líder e onde o Império tentava reunir suas forças. Seria impossível se infiltrar em Coruscant. Luke, porém, ouviu outros rumores: holocrons jedi roubados pelos Separatistas durante as Guerras Clônicas. As informações que Luke conseguiu eram de que os separatistas haviam conseguido obter esses holocrons, e quando se refugiaram em Mustafar, no final das Guerras Clônicas, pretendiam entregar esses holocrons a alguém. Porém alguma coisa aconteceu, e todos os separatistas foram mortos, deixando os holocrons em meio às ruínas da fábrica de droides de Mustafar.

E era lá, naquele planeta vulcânico, onde Skywalker estava com R2-D2, seu fiel droide. Mustafar já havia sido uma fábrica de droides para os Separatistas, porém logo depois do Império surgir os imperiais haviam bombardeado o planeta e destruído a fábrica. Só restavam ruínas daquela fábrica, misturadas à lava, mas Luke tinha esperança de encontrar os holocrons. 

A atmosfera de Mustafar era instável. A lava rugia de quase toda a superfície, e não havia como se aproximar dos destroços da antiga fábrica Separatista. O planeta não era tão grande, e havia sido fácil achar os destroços da fábrica, o difícil era "estacionar". 

Após algum tempo, Luke conseguiu achar um pico que emergia da lava e onde havia uma antiga entrada desgastada para a fábrica, por algum milagre, apesar de velha, quase intacta. Havia uma superfície plana perto da entrada, alta o suficiente para impedir que a lava queimasse os circuitos da nave e próxima da entrada para a fábrica. Ele aterrissou a X-Wing lá, hora despencando, hora tentando manter o controle, por que quando estava descendo a nave um jorro de chamas de nove metros de alcance surgiu da lava e quase desestabilizou a nave. Depois de estacionar, Luke deixou R2-D2 vigiando a nave.

- Vigie a nossa X-Wing, ok, R2? Se alguém chegar, me chame no comunicador.

R2 não gostou da ideia, mas ficou na entrada. Luke ativou seu sabre de luz verde e abriu um buraco na porta enferrujada. Utilizou o brilho do sabre para iluminar o interior do local. Era uma espécie de corredor escuro, com paredes de ferro, estreito e teto baixo. Em alguns locais a passagem estava obstruída por pedras, em outros o teto tinha um buraco ou o chão, mas Luke conseguiu seguir adiante. Foi quando ele sentiu a presença sombria no lugar. Alguma coisa acontecera ali, e alguém sombrio estivera ali há muito tempo. Agora não passava de uma sombra, nada além de resquícios do passado, porém Luke ainda podia sentir o frio e a morte. Uma sala, que estava obstruída por algumas pedras, chamou a atenção de Skywalker. Luke abriu caminho em meio às pedras e encontrou uma porta antiga, enferrujada, que atravessou facilmente com seu sabre de luz. Era lá. Um lampejo do passado, gritos, tudo veio à mente de Luke de repente. E uma respiração robótica. Darth Vader já havia estado naquele lugar. Aparentava ser uma espécie de sala de controle da fábrica, porém estava danificada demais para se dizer ao certo o que era. Um dos painéis parecia ainda funcionar, e estava ligado, movido por algum tipo de energia que Luke desconhecia. Skywalker mexeu no painel, que possuía algumas gravações. A gravação mais antiga mostrava os Separatistas. Luke sabia que eram eles por causa dos droides que estavam de guarda na porta, os droides que eram usados pelos Separatistas. A sala estava em funcionamento e preservada, mas era possível perceber que era o mesmo local onde Luke estava. Os Separatistas estavam conversando, quando uma porta se abriu. Entrou na sala uma figura encapuzada, vestida de negro. Os Separatistas abriram os braços para recebê-lo, porém o ser encapuzado ativou um sabre de luz azul e começou a massacrá-los, um por um. Ele era muito bom, e nenhum tiro o parava. Então o sabre se virou para a câmera, e a gravação acabou. Agora Luke queria saber mais. Quem era aquela figura encapuzada?

O jovem jedi se adiantou, curioso, e procurou a fonte da energia do painel. Havia algo de estranho ali, devia haver algo alimentando aquele painel naquela fábrica em ruínas. Ele não encontrou cabos, nem qualquer fonte externa, mas então abriu o compartimento da bateria com o sabre, e lá estavam: os holocrons. Alguém havia esperado que uma pessoa fosse atraída para aquele lugar, e escondido os holocrons lá dentro. Skywalker pegou o holocron, que era um espécie de caixa tecnológica, e procurou um botão ou alguma sequência para abrir um dos holocron, mas não foi preciso, pois ao seu toque o holocron se abriu. Surgiu a imagem holográfica de um jovem jedi de cabelos castanhos e rosto triste. Ele possuía uma cicatriz no rosto. Mas o mais chocante eram os olhos: estavam amarelados, de uma forma sobrenatural, e expressavam desespero puro. 

- Caso alguém encontre este holocron, e consiga abrir, saberei que é um jedi. - Disse a voz aflita do rapaz, que vestia um manto negro e possuía um sabre de luz que estava desativado no cinto. Luke percebeu, pela gravação, que era o mesmo lugar onde ele estava agora, e concluiu que ele era a figura encapuzada que havia massacrado os Separatistas. 

- Se estiver fugindo do Império, recomendo que vá para o mais longe possível. Não há piedade para jedis aqui. - Disse o jovem, numa voz trêmula e falha, porém implacável. A imagem deu um pique.

- Escondi estes holocrons aqui para que o Imperador não tivesse acesso à eles. Somente jedis podem abrir os holocrons. Deixo isto como um último presente para os jedis. - Parecia ter arrependimento em sua voz ao falar isso, e ele baixou a cabeça, envergonhado.

- Este foi o último gesto de Anakin Skywalker. - Disse o jovem, e Luke arregalou os olhos ao descobrir que aquele era o seu pai. - Agora Anakin morre. Vocês estão vendo Darth Vader. - Seus olhos se intensificaram, implacáveis, e toda a hesitação e sofrimento sumiram. Luke quase podia ver a máscara de gárgula de Vader naquele jovem rosto cruel.

E então a imagem holográfica acabou. Luke refletiu durante alguns segundos. Se sentiu tentado a abrir os outros holocrons, mas se lembrou de que R2 estava esperando do lado de fora. Então ouviu alguns chiados pelo comunicador, e em seguida o som de um baque, e depois apenas interferência.

Luke havia demorado muito tempo na velha fábrica de droides. Enquanto ele estava lá dentro, uma nave solitária havia entrado na atmosfera de Mustafar, e pousado em um local perto de onde estava a X-Wing de Luke. Os sensores de R2 não captaram a nave, pois ela possuía um raro dispositivo de invisibilidade tanto a olho nu, quanto à sensores eletrônicos. E então o ser que havia saído da nave queimou os circuitos de R2. 

Luke, tentando manter o controle da situação e sem saber da nave recém-chegada, avançou pelo corredor com o sabre em posição de guarda. Enfiou os holocrons numa pequena bolsa que havia trazido com o objetivo de guardar o que conseguisse coletar, e seguiu em frente. No início o corredor estava silencioso, e escuro. Seja lá quem estivesse ali, Luke não o deixaria pegar os holocrons, e estava preparado para enfrentar qualquer coisa. Então Luke ativou seu sabre de luz e avançou pelo corredor.

Star Wars - As Sombras de VaderOnde histórias criam vida. Descubra agora