As Crônicas de Hellēnm

Roberta e Nossa Querida Hellēnm

  Hellēnm chegou à delegacia, junto a ela, estavam mais cinco mulheres, com cara de que assassinaram alguém, exceto uma. Era Roberta, já tinha passagem pela polícia por ter tampado a boca de sua patroa, Jessica, a força, quando na primeira vez que fez entrevista de emprego para virar sua secretária, não tinha sido contratada, depois de dar queixa por abuso físico (ou como for que chamam oficialmente), viraram grandes amigas.
  Será que seria o mesmo com Hellēnm?
  Nossa protagonista se sentou perto de Roberta, e se cumprimentaram
  -Oi, e aí miguinha?
  -Num me chama assim não!
  Hellēnm ficou assustada com a resposta da colega
  -Ah, é brincadeira, estamos aqui agora pra fazer trabalho comunitário, vamos ser mais colaborativas e simpáticas umas com as outras.
  Hellēnm mexeu a mão e disse algo como "own". Logo após isso uma mulher de moletom preto e uma camisa azure por baixo chegou. Tinha a pele escura, cabelos ondulados até os ombros, parecia ter mais de trinta e seis anos.
  -Vamos moçoilas! Vocês já sabem o que vão fazer - disse a mulher - para os novatos me chamo Carla, para os íntimos, Carla também. (Porque, obviamente, não iria ter dois nomes, nesse país aqui, dupla identidade é crime!)
  Ela entregou sacos com roupas largas e laranjas para as garis. Hellēnm, indignada, se levantou e disse:
  -Eu não vou vestir isso não, vossa excelência!
  -Como!? Primeiro, eu prefiro que me chame de Carla, e vossa excelência não se adequa a meu cargo. Segundo, obedeça minhas ordens! Calma, você é nova aqui...!
  -Sim, minha querida Carla. Porque tem que ser essa roupa! Num pode ser uma listada, mais justinha. Eu fico gorda de laranja.
  -Não! Eu acho laranja uma ótima cor para você!
  -Tá dizendo que eu já pareço gorda!?
  -Se acalme...- parou um pouco, colocou a mão na testa e estalou os dedos para Hellēnm.
  -Hellēnm Giocconda.
  -É, Hellēnm Giocconda!
  De repente, começaram risadas abafadas das outras ajudantes públicas que pareciam ter assassinado alguém. Murmuravam o nome de Hellēnm, como se fosse uma piada e diziam coisas como:
   -Foi chamada a atenção por causa disso!? Que *********!
  Hellēnm ficou com o rosto vermelho de vergonha e raiva, até que Roberta levantou e a defendeu:
  -Olha, pelo menos ela tá reclamando de uma roupa. Ela nem deveria estar aqui! Ela me agrediu e eu fiz o mesmo com ela! Vocês devem ter assaltado um monte de bancos matado um monte de pessoas! Ficam rindo da vida dela, mas olha a desgraça que a vida de vocês é!
  Carla e as outras mulheres olharam para a figura barraqueira perto da mulher loira e com nariz largo (mas não tão largo) e lábios finos envergonhada, pois, não gostou da roupa. Depois disso se estabeleceu um silêncio longo, só interrompido pela delegada Carla, ordenando irem para a praça, catar lixo.
  Hellēnm ficou com uma cara tipo "o que" para Roberta.