C.H.A.O.S.

7

CHEGO AO CENTRO DE TREINAMENTO dos Soldados. Sinto como se tivesse sido ontem a primeira vez que entrei aqui. Três anos que se passaram com a velocidade de três meses. Só percebemos o quanto o tempo passa rápido quando ele, de fato, passou.

Todos os meus colegas de treinamento estão presentes. Alguns já fardados com o uniforme da guarda perfeitamente alinhados exalando imponência e orgulho. Procuro Brock e Ariana entre a aglomeração de soldados. Abro caminho entre as pessoas que se cumprimentam e conversam empolgadas sobre o baile da noite passada e sobre seus futuros recém-iniciados. Vejo Ariana do outro lado do galpão, está fardada com um traje azul-escuro das forças especiais, seu cabelo preso em um rabo de cavalo revelando nuances de um loiro acobreado entre seus cachos castanhos. Ela está conversando com outra garota que usa o uniforme verde da guarda popular. Caminho até ela e, ao me ver aproximando-se, ela se volta para a garota e diz algo que não consigo ouvir. A garota assente e se afasta. Ariana volta a olhar para mim e sorri. Olho para o uniforme dela. Ele continua sorrindo, dá uma giradinha e cai na gargalhada.

— Então? Como estou? — pergunta ela.

— O uniforme está amassado e você não lustrou seus sapatos. — digo.

O sorriso dela se converte a uma linha reta. Então eu rio e ela me dá um tapinha de leve no ombro.

— Estonteante. — digo.

Ela assente e olha para o meu uniforme negro da guarda presidencial.

— Esse seu novo uniforme lhe cai muito bem, senhor guarda elitista.

— Queria ver você falar isso dentro dele sob um sol causticante como o de hoje. — falo. — Se bem que logo saberá do que estou falando.

— Como assim? — pergunta ela.

— Logo saberá. Onde está o Brock?

— Saiu há uns dez minutos. Disse que voltava logo. Agora me diga, o que quer dizer com "logo saberá"?

— Quando Brock chegar, eu explico tudo. Venha, me ajude a achar Will. — falo, correndo os olhos pela multidão.

— Sabe, Duke, incitar a curiosidade de uma mulher pode ser mortal.

— Querida, por favor, eu sou da guarda presidencial. — digo, sorrindo.

— Convencido. — fala Ariana, rindo.

Avisto Will no meio dos soldados e vou ao encontro dele sendo seguido por Ariana. Ele está abotoando as mangas de seu uniforme da guarda popular.

— Rogers. — digo.

O olhar de Will passeia das abotoaduras até meu rosto.

— Sim, Hawkins? — fala ele.

— Preciso falar com você.

— Pode falar. Sou todo ouvidos. — afirma.

— Em particular. — informo.

— Aí está você. Fui te procurar no seu apartamento. — diz Brock, chegando, trajando seu uniforme verde em alinhamento impecável. Vivian jamais permitiria um vinco sequer no tecido.

— Excelente. Estão todos aqui. Venham comigo. — digo, guiando Brock, Ariana e Will para longe da multidão através de um corredor na lateral da grande sala.

Ouço Brock e Ariana sussurrarem:

— Sabe o que ele quer falar conosco?

— Não faço ideia. Ele não quis me contar. Acha que pode ser algo grave?