Elisabeth está sentada na varanda de seu apartamento contemplando a lua, segurando Um copo de vinho na mao esquerda e na outra segura um cigarro quase no final, sinal que os seus devaneios estão prendendo-a num labirinto cheio de espinhos.
Ela acorda dos pensamentos inoportunos e toma um gole do doce vinho tinto, joga o cigarro fora e volta-se para dentro de seu apartamento, ela dá uma volta pela sala ainda segurando a taça com o conteúdo roxo escuro dentro, passando os dedos sobre a mesa do jantar, e tocando de leve o lustre acima de sua cabeça. Toma mais um gole e deixa o resto sobre a mesa de madeira fosca, de súbito corre para a escada e sobe aos pulos, contando cada degrau, como se fosse uma criança novamente.
Ela vai no seu quarto secreto, onde ela costuma pintar suas telas, mas tinha deixado de lado essa semana por falta de inspiração. Pega a chave de seu casaco de lã falsa e corre a chave até o buraco da fechadura, destrava a tranca e entra. O cheiro de tinta penetra seu pulmão preenchendo seu coração, ela pega uma tela em branco e joga tudo em cima, mistura azul, verde, roxo, amarelo, preto, branco. Faz riscos com o pincel fino, círculos e triângulos, estrelas e a lua que tanto a fascina.
Depois de pronta, ela olha sua obra de arte entre uma respiração entrecortada e uma felicidade fora do comum.
Ela leva o quadro para seu quarto, pendura em um prego na parede branca, e depois desvia a atenção para o quadro grande cheio de fotografias de momentos felizes de sua vida, ela sorri, dá gargalhadas lembrando de tudo aquilo.
Olha para os fios de pisca-pisca que estão envolta do quadro. Sorri mais uma vez, e puxa eles para fora, arrastando até fora do quarto. Depois disso, ninguém soube falar o que aconteceu com ela.
Vizinhos dizem que quando encontraram Elisabeth, ela tinha um sorriso que fascinava e cativava a todos. Infelizmente ela se suicidou, mas morreu sorrindo, provavelmente feliz consigo mesma e com tudo o que fizera na sua vida, até aquele exato momento.
Os peritos encontraram um bilhete junto ao quadro que ela pintara mais cedo: "Que nada consiga me atingir, que depois do vale da morte haja o paraíso e depois de toda lágrima de sangue que escorrera dos meus olhos, venha o sorriso de mais uma vitória ganha com merecimento."
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