Depois De Aidan

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Havia um parte de mim adormecida quando deixei o Texas, milhares de coisas me vinham a mente, lembranças, culpa, medo, mas uma Nova Esperança.

Uma vida feliz e normal dentro do que eu poderia chamar de apenas Vida.

Tentei por anos ser feliz lá mas não funcionou, então me mudei pra Nova York, consegui um emprego de meio período na faculdade onde meu tio leciona, e enfim, minha total independência.

Hoje consigo dizer que sou feliz... ou estou começando a ser um pouco mais feliz.

Deixei o passado no Novo México, deixei memórias boas e ruins, mais ruins do que boas com certeza, então vim pra cá e aqui estou a três semanas.

Não cursei a faculdade, não me casei com um homem rico, tenho vinte e dois anos e já vivi muitas coisas das quais a maioria das minhas colegas de infância nunca viveram.

Meu pai--se é que posso chamar aquilo de pai--sempre foi um grande lixo pra mim, e a minha mãe... apenas alguém covarde demais pra conseguir enfrentá-lo e tentar ser feliz.

Trouxe o Chip comigo, o meu gato, poucas coisas na bagagem mas consegui me livrar de tudo... melhor, de todos.

Moro com meu tio Andrew, ele é meu tio por parte de mãe, acho que ele entendeu que continuar na casa dos meus pais era um sofrimento pra mim, sentiu pena e entendeu meu desespero, também ajudo com as despesas do apartamento, eu faço de tudo, limpo o lugar, deixo comida pronta, como meu novo trabalho é de meio período eu não tenho muita dificuldade em cuidar do apartamento pela tarde, na verdade eu acho até bom me ocupar.

Estou tentando estudar pra conseguir uma bolsa de estudos na faculdade local, o meu tio vai me ajudar, essa é a grande chance da minha vida.

Foi uma das primeiras exigências para que eu ficasse, que estudasse, papai não tinha a mesma opinião é claro, pra ele o fato de eu ser mulher sempre significou apenas uma coisa: ficar presa.

Talvez por isso eu jamais tenha tido outra chance de ser feliz depois de Aidan...

Aidan Smith.

As vezes quando me lembro da loucura que foi o que chamo de "namorico" sorrio, outras fico profundamente magoada, mas consigo entender por que não deu certo, apenas não era pra ser.

Aidan Smith era o filho do minerador da cidade, ele tinha vinte e três anos e era um dos herdeiros mais desejados de todo o Novo México, quando nos conhecemos eu tinha dezessete e quando nos casamos eu tinha dezoito... Foi muito simples, papai anulou o casamento e Aidan, tão pouco apareceu em minha vida sumiu.

E milhões de coisas mudaram depois daquilo, percebi que aquilo fora um erro, papai tinha razão em me afastar dele, Aidan não era pra mim assim como eu não era pra ele... ou ninguém.

Venho de uma família que odeia os Smiths, ele vem de uma família que odeia gente pobre.

E assim seguiu a minha vida.

E ainda segue, Aidan ficou no meu passado, e já faz quatro anos que eu deleto ele todos os dias da minha mente, quando ele se foi se tornou apenas o rascunho de uma memória na minha mente, e tenho absoluta certeza que foi isso o que eu signifiquei pra ele: um pequeno brinquedo como muitos dos que ele teve desde sua infância.

--Madisson, mesa 20.

Eu mal cheguei e já estão me berrando.

Hoje é dia dos calouros, começo de ano, e eu já percebi que vai ser fogo, ouvi falar no saguão que um figurão deu uma palestra sobre negócios pros alunos da turma da administração.

Maddie - S.A.D.O I - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora