Desespero

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Arranha
Arranha o papel
Nos riscos ocos da sua tinta negra
Como o vazio luminoso do universo.

Corre
Corre sem rumo
No teu desespero santo por um verso
Incompleto de razão

Fala
Fala e grita
No teu silencioso discurso de lamentos
A despeito dos limites improváveis da realidade

Faça
E faça logo
Aquilo que tua alma clama e suplica
Pra fazer, mas não pode.

És caneta sem tinta
Corpo sem sangue
Frase não dita
Canto silencioso
És esqueleto sem osso

És o que és
Tão distante do que poderia ser
Do que deveria
Tão distante de si como és

Poeta sem verso
sem voz

EfemeroOnde histórias criam vida. Descubra agora