Prólogo

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        Mudar de cidade para a faculdade era meu sonho

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        Mudar de cidade para a faculdade era meu sonho. Mas ter que dividir o apartamento com meu irmão Malcolm era um pesadelo. Meus pais pagavam o aluguel dele perto da faculdade e não pagariam outro para mim. 

Por que não podíamos dividir o apartamento? A resposta era um emaranhado de anos de ódio e implicância. Mas eu preferia dormir em uma república sem dar despesa para os meus pais. Eles, conservadores demais, negaram. Uma república mista era inaceitável.

— Morar em república mista incomoda vocês? E conviver com o Malcolm? Ele vai me corromper! — disparei, irritada. — Um cara que já foi preso duas vezes por entrar de carro no quintal do vizinho e mijar num poste bêbado é um ótimo exemplo de companhia!

Minha mãe suspirou e dobrou as roupas recém lavadas.

— Eu confio em você, querida. Mas, pensando bem, talvez essa seja a chance de vocês dois se entenderem. Além disso, quem sabe você não consegue colocar algum juízo na cabeça dele? Só pensa em bebidas, basquete e festas. — Ela olhou para mim com preocupação. — Será que errei em algo?

Em tudo?! Meus pais mimavam demais meu irmão. Se fosse eu a pedir um apartamento só para mim no centro de Nova York, seria mandada pastar na hora.

Eu sabia que não me deixaria influenciar, mas também sabia que morar com Malcolm seria tê-lo grudado em mim 24 horas por dia. Ele não limpava nada, era barulhento, irritante e bagunceiro. E ainda era um delator!

Aos 19 anos, recém-formada com honras, eu sonhava com a liberdade da faculdade. Finalmente não seria mais a "bebê da mamãe". Queria tomar minhas próprias decisões, sem interferência dos meus pais ou do meu querido irmãozinho. Mas a presença dele me corroía. Sempre fui a filha exemplar, tirando notas altas e atendendo às expectativas de todos. E eu sabia que na faculdade seria impossível — ou nem queria — manter esse padrão. Mas com ele por perto isso seria difícil. 

A frustração e a ansiedade me dominavam. Eu não queria ser mais uma filha que decepcionava os pais.

Imaginei que na faculdade teria a liberdade que tanto almejava. Mas morar com Malcolm seria como morar com meus pais, só que com uma versão mais irritante e fedorenta.

Ele tinha quatro anos a mais do que eu, mas não parecia. Parecia ter a mentalidade de um garoto de seis anos. Isso me fazia questionar se era verdade que os homens amadurecem mais tarde. Pena para mim.

Ele estudava engenharia, o que me preocupava. Sempre foi mais do tipo que destrói do que constrói coisas. Era um milagre seu apartamento ainda estar de pé.

Além disso, ele fazia o que queria, quando queria, sem pensar nas consequências. A vida para ele era uma festa eterna, e às vezes ele nem chegava nela porque era preso antes. Se eu tivesse sido um pouco mais convincente, já teria convencido meus pais a interná-lo.

Suspirei e me joguei na cama, ao lado das roupas.

— Eu deveria ter aplicado para a faculdade na cidade da vovó.

Minha mãe negou com a cabeça.

— E você não moraria com ela, de qualquer forma. Não desde que vocês dois quase incendiaram o estábulo dela.

Revirei os olhos, lembrando do ocorrido. 

Malcolm estava numa fase rebelde e fazia tudo ao contrário para chamar a atenção. No ensino médio, fumar um cigarro era o máximo, então ele decidiu que sua popularidade diminuiria se não começasse. Só que fumar não era bem a praia dele, principalmente depois que o vi tossindo e jogando o cigarro aceso no chão, incendiando o feno.

A verdade é que eu tinha medo de morar com o Malcolm. Suas festas barulhentas duravam até o amanhecer, e ele nunca se importava em limpar a casa. O apartamento era um caos permanente, com roupas sujas espalhadas pelo chão, pratos empilhados na pia e latas de cerveja vazias por toda parte. O cheiro de pizza velha e suor era nauseante.

Eu me preocupava em como ele influenciaria minha vida na faculdade. O sonho de liberdade se transformava em um pesadelo, e a empolgação dava lugar à apreensão. 

 

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Uma Louca em Nova York (versão 2019)Onde histórias criam vida. Descubra agora