02. Amável reencontro de irmãos

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         Chegar a Nova York não foi fácil

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         Chegar a Nova York não foi fácil. A viagem de quatro horas se expandiu para seis com todas as paradas e trocas de ônibus. Antes de optar pelo ônibus, ponderando que seria melhor do que ir com meus pais de carro, sujeita a sermões moralistas e ameaças por qualquer comportamento inadequado, eu estava cansada dessa vida de agradar às expectativas parentais. Queria experimentar a vida adulta, com sua liberdade e responsabilidades. Convencer meus pais não foi fácil, mas eu queria me virar sozinha.

Infelizmente, não havia aeroporto em Corning, minha cidade natal, então tive que percorrer metade do caminho ao lado de um homem estranho e desagradável. Em alguns momentos, considerei descer do ônibus antes mesmo de começar a viagem. Se tivesse ligado para meus pais naquele momento, tenho certeza de que me buscariam, mas forcei um sorriso amarelo para o homem ao meu lado e fixei os olhos na janela pelo resto da viagem.

Admito que senti vontade de chorar algumas vezes. Apenas com 19 anos, criada em uma cidade pequena onde mal havia um McDonald's decente, agora estava indo morar sozinha numa cidade barulhenta, meio suja e cheia de desconhecidos. Tinha medo de não fazer amigos e passar os anos de graduação comendo sozinha, como no ensino médio. Sempre fui péssima em me enturmar. Talvez porque, sem amigos, minha única preocupação fosse não desapontar meus pais, meus únicos amigos.

Mas aquilo precisava mudar, eu havia decidido. Mesmo com frio na barriga e o medo de ter que me virar sozinha pela primeira vez, eu permaneceria firme. Quando finalmente cheguei ao último terminal de ônibus da cidade, precisei pegar um táxi até o centro, carregando todas as malas sozinha do saguão até o vigésimo andar.

Já havia visitado a cidade antes, mas os prédios, o trânsito, os táxis amarelos e as pessoas sempre me surpreendiam. Nova York estava sempre apressada, e as pessoas pareciam imersas em suas próprias vidas. A sensação era como se eu estivesse estrelando um filme de comédia romântica. Ali, tudo parecia possível. Apesar de a experiência ser divertida, era esperado que eu estivesse estressada e exausta. Tudo que eu queria era chegar ao apartamento e dormir.

Era um sábado tranquilo e agradável, exceto pelo fato de que meu irmão havia passado a noite numa festa e agora estava com uma ressaca terrível para abrir a porta. Teria apenas revirado os olhos se não fossem pelas quatro malas, pelos olhos vermelhos de sono, pelo humor irritadiço e pelos meus pés torturados mesmo no tênis confortável. Estava exausta.

Tentei respirar fundo, mas no segundo seguinte comecei a esmurrar e gritar contra a porta. Se nenhum vizinho saísse para me repreender pela gritaria às 8 horas da manhã de um final de semana, estaria no lucro.

— Se não abrir a porta agora, eu juro que...! — a porta aberta me interrompeu, graças a Deus, pois eu não sabia qual ameaça fazer a partir dali. — Está tentando seduzir algum entregador de pizza?

Era óbvio que eu o julgaria por ter me atendido sem camisa. O atropelei com a bagagem, entrando no apartamento e observando o sorriso sumir à medida que percebia o número de malas. Minhas mãos já estavam machucadas de tanto carregá-las sozinha para todo lugar.

Uma Louca em Nova York (versão 2019)Onde histórias criam vida. Descubra agora