Capítulo 1

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*OI OI! Não costumo fazer notas no início dos capítulos mas isso é só para pedir que vocês comentem bastante e que me digam quais são suas reações. Por favor. Até a nota final!*

Junho, 1923.

A noite estava fria e chuvosa, como era de costume em Londres, todos estavam dentro do conforto de suas casas, bem abrigados e dormindo. Bom, nem todos. Harry estava bem acordado e encarando o chão, calculando o ângulo certo para se jogar sem se machucar.

Ele estava segurando firmemente nos detalhes em alto-relevo da parede que descia da janela de seu quarto, odiando-se por não ter nem ao menos prendido o cabelo. Os fios longos que fazem seus pais pegarem em seu pé estavam jogados sobre seu rosto, impedindo-o quase completamente de ver qualquer coisa. Desistindo de tentar enxergar algo, Harry olhou para cima e respirou fundo, pulando da parede e caindo pouco tempo depois no chão. Não foi a melhor queda, mas pelo menos ele não se machucou.

Guiando-se para os postes abastecidos a gás ou óleo, Harry limpou sua roupa, abriu o terno e desabotoou os dois primeiros botões da camisa. Ele odiava aquelas roupas, odiava seus pais e odiava a vida que ele era obrigado a manter por causa de seus progenitores.

Seu pai, Des Styles, era um homem correto que dirigia uma das maiores igrejas da cidade e sua mãe, Anne Styles, ajudava-o com isso. Filho de pais extremamente religiosos, Harry sempre foi submetido a seguir todos os dogmas da religião de seus pais. Ele tinha de ser um exemplo para os membros da igreja que seu progenitor pastoreava, mas ele odiava aquilo tudo.

Harry, primeiramente, era ateu.

Quando era apenas um menino, seus pais já explicavam os ensinamentos bíblicos e aquilo parecia ser um tanto irracional para ele. Um ser que tem todo o poder, está em todos os lugares e que sabe de tudo?, não fazia sentido. Na época, ele só achava estranho.

Alguns anos se passaram, o ódio por seus pais aumentou e a descrença em um ser divino atingiu seu ápice. Se Deus realmente existia, por que criaria homens que se autodestroem todos os dias? Não é algo que alguém que sabe de tudo faria. Bom, Harry não criaria o planeta Terra se fosse Deus.

Ele concluiu que Deus não existia, portanto, o Diabo, demônios, anjos e qualquer coisa que fugisse de sua realidade também não.

Quando seus pais souberam de seus pensamentos, jogaram milhões de trabalhos da igreja em cima do garoto e ainda havia o estudo bíblico que ele era obrigado a comparecer. Harry, aos 22 anos, sabia mais da Bíblia do que seus pais e ainda não acreditava em Deus.

O pior era seu pai. Des estava sempre colocando Harry de castigo, usando muitas vezes a força física e sempre a pressão psicológica. Certa vez, quando ainda tinha apenas oito anos, o pai colocou seu filho no porão por uma semana e só era alimentado porque Anne levava comida às escondidas até a pequena janela do lado de fora da casa. Harry só havia dito que Deus nunca fizera nada por ele e por isso não acreditava em sua existência.

A cada dia que ele era obrigado a ouvir algo sobre a crença que não compartilhava com seus pais, ele guardava mais ódio. Harry nem compreendia porque ainda obedecia seus pais, talvez fosse medo de seu pai, mas ele poderia simplesmente jogar tudo para o alto e ir fazer o que bem entendesse de sua vida, mas não o fazia.

Harry continuou seguindo até o lugar onde deveria se encontrar com seus amigos, as ruas estavam realmente mais vazias e algo ruim parecia pairar sobre a cidade fria. Mas ele não se importou, apenas permaneceu caminhando. Era comum de Londres ter até mesmo as vias principais vazias durante a noite, aliás, ninguém se atrevia sair naquele horário. Todos sabiam o que se escondia na escuridão.

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