Capítulo 4

15 1 5
                                    

Harry não sabia explicar, mas algo estava diferente em seu corpo e ele se sentia feliz. Sentia-se vivo novamente. Ele não sabia o que Ronove havia dado para ele na noite anterior, mas o efeito daquela droga ainda era forte em seu sistema. Ele acordou na casa de seu amigo Niall e sorriu quando viu que o mesmo ainda dormia, a gravata frouxa em seu pescoço e a boca aberta, Harry balançou a cabeça e decidiu voltar para casa.

O sol de Londres batia em seu rosto de maneira gostosa e fazia sua pele queimar em uma sensação boa, ele até cumprimentou as pessoas na rua, o que causou alguns olhares de perplexidade, afinal, Harry sempre fora fechado e pouco simpático, nunca fora um símbolo de simpatia.

O que ele poderia fazer? Estava de muito bom humor e nada poderia mudar isso.

O pensamento veio cedo demais.

Ao entrar em casa, Harry foi recebido aos gritos. Seu pai gritava com ele. Sua mãe gritava com o pai, implorando para que não fizesse nada com seu filho. O humor de Harry foi de extremamente feliz para algo sombrio, nem mesmo ele poderia explicar aquilo que surgiu em seu interior, era obscuro e ele nunca havia sentido tal sentimento.

— Você só pode ser um bastardo! — Des vociferou. — Filho meu nunca seria uma decepção como você é. — rosnou. — Ficando bêbado ou seja lá o que tomou na casa de amigos da família, causando vergonha para sua família.

Harry inspirou fundo. Ele queria manter o controle, porém, quando seu pai deu um tapa no rosto de sua mãe, gritando que ela era uma vadia e que provavelmente Harry não era seu filho, algo queimou dentro do rapaz de olhos verdes.

Num movimento totalmente instintivo, Harry estendeu sua mão, como se tentasse impedir seu pai de bater em sua mãe, e gritou um "pare" num tom, que para ele era baixo e rouco, mas quem estava ao redor pôde ouvir a voz dele dentro de suas mentes. O que aconteceu a seguir ninguém soube explicar, mas Desmond foi parar contra a parede, seu corpo suspenso e sua respiração dificultada. Ele podia jurar que Harry estava com sua mão em seu pescoço, mas seu filho estava há metros de distância.

Quando o homem olhou para Harry viu algo que o assustou ainda mais.

Os olhos verdes... Agora estavam negros.

Completamente negros.

— O d-demônio. — foi o que Desmond conseguiu pronunciar, a força contra sua garganta era muito forte e ele não conseguia mover qualquer músculo de seu corpo.

Quando Harry ouviu suas palavras, ele saiu de sua transe e soltou Desmond, piscando várias vezes enquanto tentava entender o que estava acontecendo. Anne estava tão absorta do que estava acontecendo que apenas olhava para Harold com uma expressão de total confusão.

Quando o mais novo do cômodo voltou a olhar para seu pai, ele pôde ver algo que nunca havia visto antes, Desmond estava com medo.

Aterrorizado, na verdade.

— Filho... — Anne começou com um sussurro. — Como vo-você fez isso? — perguntou. — Seus olhos...

— Ele é... O Diabo. — Desmond falou num tom completamente amedrontado, tentando se recuperar ainda.

Harry não respondeu nenhum dos dois e apenas saiu correndo, ele correu tanto que nem sabia mais onde estava e nem sequer se sentia cansado por isso. O rapaz apenas parou quando notou que estava rodeado por árvores, seus músculos estavam queimando, não por correr, mas era quase como se algo estivesse correndo por eles.

CollarOnde histórias criam vida. Descubra agora