Two

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"Vamos lá!"

Sorri ao ver a mensagem do baixista no twitter, não resistindo em responder com um "até mais, se cuida!", sabendo que eu o encontraria em breve no último ensaio para o live do Budokan.

Minutos depois meu celular exibiu uma nova notificação do cara que eu mais me dava bem na banda, e eu não pude reprimir um sorriso, respondendo em seguida.*

Não demorou muito até meu celular tocar, e eu não precisava ter olhado no visor para saber quem era.

- Oi Reita.

- Olha, eu sei que tenho cara de bad boy, mas você não precisa ter medo de andar sozinho comigo, Yuu. Achei que nós já tínhamos passado dessa fase – brincou. – E aí, vai conosco pro ensaio? Pode ficar sossegado que os outros também vão. Você estará seguro.

Suspirei, me jogando sobre o sofá.

- Não. Eu tenho umas coisas pra resolver, encontro com vocês lá.

- Que tipo de coisa, Aoi?

- O tipo de coisa que não é da sua conta – tentei brincar, mas meu tom saiu ríspido demais pra que não fosse levado a sério.

O silêncio do outro lado da linha perdurou tempo suficiente pra me fazer sentir culpado. Era incrível como eu sempre estragava tudo.

- Me desculpa. Não é nada com vocês, é só que...

- Tem certeza? – cortou. – Tem certeza que não há nenhum tipo de problema conosco, ou com algum de nós?

A indireta fora lançada com êxito, e a carapuça serviu com perfeição, o que não me permitiu ignorá-la. Todos sabiam que desde o dia em que Uruha havia dormido na minha casa algo tinha mudado, só que ninguém tocava no assunto, exceto Reita, que fazia questão de me infernizar sobre isso sempre que tinha oportunidade.

Desde aquela fatídica noite – e daquele maldito beijo – eu estava fugindo do guitarrista mais novo, e meu desespero era tanto que eu não conseguia disfarçar o fato de querer manter distância do outro. E a insistência de Reita era o de menos, porque o que me preocupava de verdade era o fato de Kouyou querer conversar sobre o ocorrido, além do fato de eu não lembrar de uma única palavra do que eu disse durante as horas de delírio.

- Aoi, você ainda está aí?

Saí dos devaneios e tentei me concentrar no problema principal: a curiosidade do baixista.

- Não há problema nenhum, Reita. Eu só quero ir sozinho pro ensaio. É proibido querer um pouco de solidão agora?

- Tudo bem, não quero discutir com você.

- Obrigada por respeitar minha privacidade, Akira.

- Não se iluda. Depois do live nós vamos ter uma conversa muito séria, e você vai ter que me contar tudo que está te incomodando, nem que pra isso eu tenha que usar métodos de tortura. Até mais tarde, Yuu.

E antes que eu sequer pensasse em responder a linha ficou muda, me fazendo revirar os olhos. Depois da ligação decidi tomar um banho relaxante, e após sair do chuveiro me joguei na cama, pensando em como seria o live, o típico frio na barriga que antecede um show importante me fazendo sorrir. Eu estava ansioso como há muito não acontecia. De alguma maneira eu sabia que esse show seria diferente, e eu queria transformá-lo no melhor de todos.

Me levantei, escolhendo uma roupa qualquer, sentindo-me animado para o ensaio, mesmo sabendo que meu bom humor só duraria até encontrar com Uruha. Estava sendo uma verdadeira tortura cruzar com ele quase todos os dias após o que eu tinha feito. Se arrependimento matasse, eu já estaria muito bem enterrado.

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