7 - subway

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"A Dona Karen não gosta nada de que eu leve bichinhos machucados pra casa, mas como esse já estava meio que na minha casa eu não vi problema algum." Michael deu de ombros. "Eu só espero que nem a Misty e muito menos o Boomer coma ele."

"Você é realmente incrível." Luke nem se quer percebeu o que disse, e quando o fez, não se arrependeu.

Ele realmente não tinha motivos para se arrepender. Michael era mesmo incrível.

Era a hora do intervalo (um dos únicos momentos que Michael e Luke podiam se encontrar) e o mais novo estava contando ao loiro o que aconteceu assim que ele acordou. Segundo Clifford, um filhote de pássaro havia caído de repente no quintal de sua casa, e aparentemente sua asa havia quebrado na queda. O primeiro pensamento de Michael com certeza foi levar o bichinho para casa para cuidá-lo, e ele o fez.

De novo, Michael era incrível.

Já fazia alguns dias desde que Luke começara a falar com o menino, e ele não tinha mais dúvidas de que estava completamente encantado por ele — tudo em Michael era perfeito: sua beleza, sua doçura, sua inteligência e principalmente sua gentileza. Ele era completamente diferente dos outros garotos que Luke jamais conheceu, Michael era tão... Michael. Tão único.

Aquilo fez Luke suspirar quase apaixonado.

"Para, qualquer um faria isso." Michael afastou uma mecha verde de cabelo do olho, sentindo suas bochechas esquentarem. "Eu não sou incrível."

"Claro que é. A forma com que você trata esses animaizinhos é adorável, sunshine."

Michael franziu as sobrancelhas pela última palavra, mas sorriu. "Sunshine?"

"Desculpa, é que ontem à noite eu assisti a um filme em que o cara chamava a namorada dele assim, aí acabou ficando na minha cabeça." Luke deu uma risada sem graça, desviando o olhar.

"Não, está tudo bem. Eu achei fofo."

Michael e Luke tinham suas mãos ao lado de seus corpos e em cima do banco que estavam; então Clifford começou a aproximar sua mão da de Luke, encostando apenas parte de seus dedos. Não era um grande ato de coragem, mas ao lado de Luke, Michael se sentia como um pré-adolescente — por mais que não gostasse de admitir aquilo — tudo o que fazia em relação ao loiro parecia perigoso e ousado demais.

Aquilo soava ridículo em sua cabeça.

"Por que a Amber não veio hoje?" Luke resolveu perguntar para fugir daquele clima, voltando a olhar para Michael.

"Eu não sei, ela não falou comigo hoje. Espero que esteja tudo bem com ela."

"Então você vai embora sozinho hoje?"

Michael deu de ombros. "Sim, mas não é como se fosse a pior coisa do mundo, porque eu só tenho que pegar o metrô, e, além disso, eu tenho o meu celular."

Hemmings pareceu pensar por um momento, ele olhou para sua mão coberta parcialmente pela de Michael (que era bem menor que a dele), depois para os olhos verdes do menino, e perguntou com a voz mais baixa do que pretendia:

"Você quer que eu vá com você?"

"Mas você consegue ir pra casa de metrô?"

"Na verdade eu não sei, eu sempre vim e voltei pra casa de moto, então..."

"Onde você mora? Talvez tenha uma estação que seja perto da sua casa, eu não sei. Mas também não precisa se preocupar em vir comigo, eu sei me cuidar sozinho."

Luke sorriu. "Eu sei, sunshine, mas eu acho que é melhor andar acompanhado do que sozinho. Eu moro no bairro Surry Hills, não acho que você deve conhecer."

unrequited ⚇ muke [INTERMINADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora