Reencontro

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A falsa harmonia da Rua dos Alfeneiros número 4 era algo que fazia com que o rotundo trouxa Válter Dursley se orgulhasse. Mas não mais que seu gramado, sempre impecável. Já a sua mulher, Petúnia, estava mais preocupada em erguer seu pescoço de girafa para ouvir a conversa dos vizinhos ou alimentar a banha de porco que era o seu filho, Duda. O garoto passava o dia inteiro na frente da televisão, com os olhos fixos na telinha e se entupindo de comida.
Tentando aparentar ser a família perfeita, escondiam o fato de que tinham dois jovens bruxos em casa há quatorze anos. Sophie e Harry Potter são irmãos prestes a ingressar no quarto ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
- Vamos, entrem, rápido. - dizia Petúnia, apressando os garotos a entrarem no carro.
- Esqueci minha varinha. - respondeu Sophie, encarando os olhos da tia.
- Busque rápido, não podemos perder tempo.
A garota corre pra dentro da casa, batendo os pés enquanto sobe a escada, na tentativa de fazer o maior barulho possível. Havia mentido, sabia muito bem que sua varinha estava dentro do malão, mas ela queria verificar sua aparência.
Entra dentro do quarto observa seu reflexo no único espelho do local. Os longos cabelos loiros caíam graciosamente pelos ombros da moça, e seus olhos eram exatamente iguais aos do seu irmão.
Despertando do transe, a garota volta até o carro.
- Lembrei que está guardada dentro do malão. - disse Sophie.
Os olhos miúdos de Válter encaram a garota com raiva, e ela não desvia o olhar. Gostava de irritar os tios.
Os dois entram no carro, e finalmente partem para a Estação de King's Cross.

                          
                           ***

- Oi Rony! Oi Mione! - Sophie e Harry disseram, já dentro do trem, cumprimentando seus melhores amigos.
Eles se abraçam. Estavam com saudades, pois haviam passado os meses de férias sem se ver.
Sophie coloca a gaiola de Edwiges para dentro da cabine e quando fecha a porta, avista um menino loiro com as vestes da Sonserina perto da senhora que vende os doces. Com a desculpa de que iria comprar chocolates, sai da cabine e caminha lentamente até o garoto. No meio do caminho, encontra Mary e Julie, suas amigas.
- Olá! Que saudades! - disse Julie, sorrindo.
- Oi meninas! - responde ela, abraçando as duas. - Estão todos na cabine 9, vão até lá que tem espaço pra vocês. Depois eu volto.
- Harry está lá? - disse Mary, colocando o cabelo atrás da orelha.
- Está sim! - diz, contendo o riso.
Elas saem e Sophie continua seu caminho. Ao chegar perto do loiro, ele a olha dos pés a cabeça.
- Potter.
- Cale a boca, Malfoy. 
- Uh! Calma aí... Que tal sentar na minha cabine um pouco? Apenas para conversar, eu prometo. - disse ele, sorrindo maliciosamente.
- Não, Draco. Muito obrigado pela proposta. - responde, se virando e caminhando na direção contrária.
Ele caminha até a garota e a puxa delicadamente pelo braço.
- Por favor Sophie. É só por alguns minutos. - insistiu Draco, olhando fixamente para a moça.
Ah, como aqueles olhos a subestimavam! Sem pensar duas vezes, ela aceita. Entrega os chocolates para uma aluna no primeiro ano e entra na cabine. Estava vazia.
- Onde estão Crabbe e Goyle? - pergunta.
- Foram dar uma volta pelos vagões.
- Hum.
- Você está muito linda, Potter. Sempre está.
- Obrigado Draco. Você também está bonito hoje. - responde Sophie, o encarando.
- Eu estava com saudades. - diz ele. - Como foram suas férias? Você não respondeu nenhuma carta!
- Desculpe, é que eu não sabia onde você estava e não queria que Edwiges se confundisse e mandasse a carta para sua casa, eu não sabia se você estava lá ou se você estava escondido. - disse ela, sincera.
- Tudo bem, não estou em casa, mas lhe garanto que estou em um lugar seguro.
Ele a puxa para mais perto, mas ela tenta se desvencilhar.
Sophie completamente apaixonada por Draco, e o sentimento era recíproco. Os pais dele eram Comensais da Morte, ele provavelmente seria obrigado a se tornar um, mas ele faria de tudo para não ficar ligado ao Voldemort. A prova de que ele a amava foi quando ele fugiu da própria casa por causa dos Comensais. Ele corria muito risco por estar na Sonserina, mas mesmo assim não desistia de cortar suas relações com a arte das trevas.
- Eu te amo, Sophie. - diz ele, de repente.
- Amar é um sentimento muito forte Draco, não deve ser dito as soltas por aí. - responde Sophie, rindo.
- Você é a unica coisa que faz com que eu tenha coragem de continuar me escondendo, Soph. Você sabe, meus pais são seguidores do homem que destruiu a sua família, e eu não quero que isso aconteça de novo. Eu nunca apoiarei Voldemort. Eu não estaria fugindo dele se eu não te amasse.
Draco se aproxima novamente, e dessa vez ela não recua. Eles estavam próximos demais, podiam sentir o batimento cardíaco, ouviam a respiração um do outro, Sophie estava com seus braços levemente pousados sobre os ombros do garoto. O cheiro doce do perfume da moça fazia com que ela aparentasse ser uma menina simples e inocente, mas ele sabia que não. Os olhos acinzentados de Draco agora olhavam fixamente para os lábios rosados de Sophie. O desejo era nítido. Sem resistir à tentação, ele a beija. As mãos dos dois percorriam por todo o corpo. Eles estavam com saudades de se sentirem amados, com saudades de se sentirem pertencidos. Ela sabia que era dele e ele sabia que era dela. Eles pertenciam um ao outro. Não existia mais nada naquele momento. Somente ele e ela.

                           ***

Sophie volta à cabine 9, se sentando ao lado de Hermione. Harry estava em uma profunda conversa sobre quadribol com Rony e Augusto, um quintanista da Lufa-Lufa. Aproveitando as circunstâncias, as três meninas enchem Sophie de perguntas:
- Você foi ver o Draco né? - diz Julie
- O que vocês fizeram? Seu cabelo está meio bagunçado viu... - diz Mary, rindo
- Eu tenho certeza que você nem comprou doces. - responde Mione
- Eu comprei sim, mas nem lembro onde os coloquei. Ele me convidou para ir na cabine dele. - esclarece Sophie.
- Você não aceitou né? Tipo, você não gosta mais dele né? - diz Julie
- Você acha que se eu não tivesse aceitado eu teria ficado fora por tanto tempo? - eu digo, rindo.
- Ai meu Deus Sophie! Você é louca? - diz Mione, pasma.
- O que vocês fizeram? - Pergunta Mary.
- Bem, eu entrei na cabine e ela estava vazia, então...
- Então o quê? - perguntam elas, juntas.
- Ei meninas, cadê Neville? Era pra ele estar aqui não era? - diz Sophie, se fingindo de desentendida.
- Não desvie do assunto, Potter! - Responde Julie, fazendo uma cara de brava.
- Tá bem, Draco se declarou para mim pela centésima vez e... elemebeijoueeubeijeieleenósficamosnosbeijando. - confessa, rapidamente.
- POR MÉRLIN, POTTER! NÃO ACREDITO! - as três gritam, fazendo com que os meninos parem bruscamente a conversa.
- O que houve? - Pergunta Harry.
- Na-nada! - Responde Mary, tentando disfarçar.
Sem se importar, os garotos retornam a conversar.
- Harry não pode saber disso. Não agora. Ele vai morrer de ciúmes - Sophie diz baixinho, olhando para elas.
- Tudo bem, nós não vamos contar. - Responde Hermione, sincera.

                            ***

Logo o trem chega em Hogwarts. O grupo encara o lindo salão enquanto se dirigem à mesa da Grifinória. Eles começam a conversar, escutando e contando as novidades. De relance, Sophie vê Draco na outra mesa, olhando para ela. A garota abana para ele, dando um sorriso radiante. Ele corresponde, mandando um beijo. De repente, ela percebe que os grifinórios que estavam perto estavam a olhando desconfiados.
- O que foi gente? Ele é meu amigo ué. - diz
- Cof Cof, amigo, sei... - diz Mary, divertida
- Fica quieta aí, você sabe que sim! - diz Sophie, rindo da situação.

E então, todos mergulham em seus devaneios, e sem perceber, prometem que não fariam com que esse ano seja esquecido tão cedo.

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