A Ilha dos Camaleões - Parte 1

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O ar gélido da enorme mansão da família Malfoy foi imediatamente quebrado quando Lúcio entrou silenciosamente na sala de estar da casa, onde Narcisa observava as chamas de uma luxuosa lareira.
- Draco está bem. Muito bem, aliás. - comentou o homem, se sentando na poltrona ao lado de sua esposa. - Eu o vi ontem, com a garota Potter.
Narcisa levantou as sobrancelhas, e dirigiu um olhar curioso ao marido.
- Ele a pediu em namoro. E disse que a amava.
A mulher cuspiu o pequeno gole de café que acabara de beber.
- O quê? - disse ela, em meio a tossidas - Ele tem catorze anos, nem sabe o que é amar!
- Deixe o garoto se divertir, Cissa.
- Eu não vou deixar que meu filho tenha um romance bobo com POTTER! - gritou Narcisa, se levantando e olhando firmemente para Lúcio.
Ele desviou o olhar, pensando no que dizer.
- Ele fugiu de casa por causa dessa garota. - continuou ela, agora mais calma. - Isso já passou dos limites. Ele corre perigo, Lúcio!
- Draco está em Hogwarts, está seguro!
- ENQUANTO ELE ESTIVER COM AQUELA MENINA ELE NÃO ESTÁ SEGURO! ENTENDA ISSO! - berrou Narcisa - O LORDE DAS TREVAS IRÁ ACABAR COM ELE SE DESCOBRIR!
- E desde quando o Lorde das Trevas está vivo para saber? - respondeu ele, se levantando.
A mulher apontou lentamente para o braço esquerdo de Lúcio. A Marca Negra reluzia, ficando mais escura a cada segundo.
- Todos nós sabemos que Voldemort não morreu, Lúcio. - disse Narcisa, com os olhos lacrimejados. - Você estava no ataque na Copa Mundial de Quadribol. Acha que aquilo foi uma organização feita pelos Comensais? Lorde das Trevas está muito bem vivo, e sabe o que está acontecendo.Precisamos fazer alguma coisa.
O homem parou, e pela primeira vez naquela conversa, encarou os olhos de sua mulher.
- Então faça.

***

Sophie acabara de acordar com a respiração arfante, e uma gota de suor percorria sua testa. Tivera um sonho estranho - o mesmo de antes da Copa Mundial de Quadribol.
Isso a fez lembrar de que fora obrigada a voltar para a casa dos tios logo depois do evento (ordens de Dumbledore.) Ela não sabia o por que de ter que voltar, mas apesar de sua insatisfação, não ficou com raiva do diretor.
- Está tudo bem? - perguntou Hermione, que também havia acordado. - Ai meu Deus! Sophie você está horrível!
- Muito obrigada, Hermione. Te garanto que você está linda. - respondeu ela, ironizando.
Foi até o banheiro e tomou um banho demorado. Havia acordado de mau humor e não estava a fim de conversar com ninguém.
Quando saiu do banheiro, não tinha mais ninguém no dormitório. Ela simplesmente colocou suas vestes e prendeu o cabelo, e então desceu para o café da manhã.

***

Assim que entrou no Salão Principal já avistou seus amigos conversando animadamente na mesa da Grifinória.
Sophie caminhou até eles e se sentou no único lugar vago, entre Rony e Hermione. "Ótimo" pensou ela "Vou ficar de vela entre esses dois"
Harry e Mary riam um do outro, enquanto Julie os observava desconfiada. A garota os ignora e procura Draco com o olhar, e leva um susto quando o acha e percebe que ele já estava a olhando.
Pela primeira vez no dia ela sorri, mas logo para quando vê que Pansy Parkinson fazia de tudo para chamar atenção de Draco.
Ele se levanta, e Parkinson o acompanha, mas para brutalmente quando percebe que o garoto estava indo para a mesa da Grifinória.
- Bom dia! - disse Draco, se aproximando de Sophie.
- Bom dia, paixão! - responde Sophie, mais alto que o normal.
Ela lança um olhar diabólico a Pansy e beija Draco vorazmente, na frente de todos.
Quando para, o que vê é metade da Grifinória perplexa e a outra metade segurando o riso, enquanto Parkinson a encarava com raiva.
- Ah! Pansy, querida! - disse Sophie, rindo com prazer. - Nem vi que você estava aqui!

***

- Você é louca. Completamente pirada. - comentava Hermione, enquanto Sophie e Mary desciam para as masmorras.
- Não me surpreenderia se Parkinson jogasse um Avada Kedavra na sua cara. - completou Mary. - Ela ficou furiosa.
- Só cuido do que é meu.
As meninas entraram na sala e o pesado olhar de Severo Snape as acompanhou até se sentarem ao lado de Julie, que esperava entediada.
Aos poucos a turma foi silenciando, e agora todos prestavam atenção no professor, que os olhava ameaçadoramente.
- Digam-me. - disse ele - O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó em uma infusão de losna?
A mão de Hermione imediatamente se levantou.
- Asfódelo e Losna produzem uma poção do sono tão forte que é conhecida como a Poção do Morto-Vivo, senhor. - disse ela.
Snape pareceu ignorá-la.
- Que vergonha... - disse ele. - Se eu quisesse encontrar um Bezoar, onde procuraria?
- No estômago de uma cabra, senhor. - respondeu Hermione, ainda com a mão levantada.
- Essa é a segunda vez que a senhorita fala sem ser convidada! - exclamou Snape. - Será que você não consegue se controlar? Menos dez pontos para a Grifinória por ter uma irritante sabe-tudo.
Hermione corou e olhou para baixo com os olhos cheio de lágrimas. Todos já haviam chamado ela de sabe-tudo pelo menos uma vez na vida, e Sophie se irritou:
- O senhor nos fez uma pergunta e Hermione sabe a resposta! Por que perguntou se não queria que ninguém respondesse?
Embaixo da mesa, Rony e Sophie fizeram um high-five.
- Detenção, Srta. Potter. - disse Snape, caminhando lentamente sem despregar os olhos de Rony. - e junto com você, o Sr. Weasley, por apoiar esse tipo de desrespeito na minha aula.

***

- OK, agora definitivamente você enlouqueceu! - disse Hermione, apressadamente. - Não precisava ter me defendido, Soph. Mas obrigada mesmo assim.
- Claro que precisava! Você é minha amiga, e amigos fazem isso. - respondeu Sophie, rindo - Eu tinha acordado de mau humor, mas depois dos acontecimentos de hoje é impossível não sorrir.
As outras aulas da manhã se passaram bem.
No início da tarde, todos estavam na sala comunal da Grifinória, quando surge Minerva, dando avisos:
- O Prof. Dumbledore me pediu para avisá-los que não faltem o jantar hoje. Os treinos de quadribol já vão começar, Olívio, quero que você fale comigo antes de marcar as datas.
Sophie e Julie comemoraram, pois ambas eram artilheiras. Julie, que antes estava voando pela comunal com a vassoura de Sophie, pega a vassoura e a levanta para o alto, comemorando, enquanto Hermione observava rindo. Depois, faz um high-five com Sophie. No exato momento que suas mãos se tocam, uma fumaça invadiu o local, fazendo somente as duas adormecerem...

***

- Sophie! Acorda! Anda, acorda! - disse Julie, abaixada ao lado dela.
- Ela não vai acordar assim - respondeu Draco, as observando.
- Então como pretende acordá-la?
- Com um beijo de amor - diz ele, ironizando.
- Para de ser idiota - respondeu Julie
- Idiota é você, sua dissimulada. - disse Draco.
- Não te perguntei nada sua víbora nojenta.
- E eu não me importo com o que você pensa sua ratazana mentirosa. - respondeu Draco
- Ah mas eu vou arrancar todo esse seu cabelo de água oxigenada!
Julie avançou contra Draco, tentando o empurrar contra uma árvore, mas para quando vê que Sophie os observava, com o mau humor estampado em sua cara.
- A maturidade de vocês é incrível. - disse ela, se levantando.
- Nós só estávamos brincando. - respondeu Julie.
- É. - complementou Draco - foi só uma brincadeira.
Sophie simplesmente os ignorou, enquanto Draco resmungava se perguntando o que seria água oxigenada.
- Onde estamos? - perguntou ela.
Uma pequena floresta os rodeava. O ar sombrio pairava, e quando faziam extremo silêncio, pareciam ouvir cochichos desesperados surgindo das árvores, que tapavam todo o sol.
- Eu não faço a mínima ideia. - disse Draco.
- Eu... Eu acho que sei onde estamos. - falou Julie. - E se estivermos onde penso, eu estou com medo.
Draco dá alguns passos, e de repente um arrepio sobe à sua nuca.
- Bellatrix. - sussurra ele. - Bellatrix Lestrange esteve aqui.
- Como sabe disso? - perguntou Sophie.
Ele junta um maço de cabelo do chão.
- Esse cabelo pode ser de qualquer pessoa - responde ela.
- Não, é dela, eu tenho certeza. Também sinto o cheiro daquele perfume enjoado que ela usa.
- OK, então se ela esteve aqui, estamos onde acho que estamos. - disse Julie, dando passos para trás. - Vou ir buscar ajuda, não é tão longe de Hogwarts.
Ela sumiu entre as árvores, levando a vassoura, e Sophie se aproxima de Draco.
- Lumos.
Uma luz iluminou o pequeno espaço entre as árvores.
Narcisa e Lúcio os olhavam apreensivos, enquanto Bellatrix os encarava com um risinho maléfico, enrolando alguns fios de cabelo em sua varinha curvada.

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