Em meio aos seus sonhos agitados, Raquel mal pregou os olhos nessa noite. Acordava de hora em hora parecendo não ter dormido hora nenhuma. Ana também não a ajudava, toda hora tinha que arreda-la para o outro lado ou tirar a sua pequena mãozinha suada do seu rosto.
Em meio a todas aquelas cobertas e Ana constantemente grudando nela, Raquel resolveu ir se deitar na outra cama, ali estava quente e abafado.
Primeiro foi no banheiro.
De volta ao quarto, pegou o seu travesseiro e foi para a outra cama.
_Ai meu Deus, que susto que você me deu!! -disse Sofia sentando se na cama, uma mão na testa e a outra no peito.
_M-me desculpe... -disse Raquel também se assustando com aquela voz repentina em meio ao silêncio que reinava ali.
Sofia recuperava se do susto.
_Eu pensei que fosse... -forçou um sorriso respirando fundo- o que aconteceu?
_Não consigo dormir, está muito quente... e desculpe, não queria lhe assustar.
_Ah não se preocupe... passou!
_Você tem um lençol...?
_Sim. Vou pegar pra você.
"Nossa!" pensou Raquel ao ver Sofia se levantando, "Como não reparei nisto antes?"
Sofia vestia uma camisola de cetim de cor rosa bebê, batia no meio de suas coxas tampando somente o necessário. Raquel pode perceber dois pequenos seios desprotegidos ali em baixo aproximando se.
_Aqui! -disse Sofia entregando lhe o lençol dobrado.
_Ah... -se desfez daqueles pensamentos impróprios.
Sofia deixou claro que não estava afim dela. Seria uma pena, Raquel adoraria se perder em meio àqueles par de seios tímidos em baixo daquela camisola.
Pigarreou.
_Se importa se eu tirar a blusa? Não gosto de dormir de blusa, ainda mais quando está calor... me sufoca!
_Ah não, sem problema.
_Tá... -disse Raquel tirando a blusa no mesmo instante.
Revelou um corpo magrelo e que precisava desesperadamente de sol, pequenas cicatrizes espalhavam se pelos braços e tronco.
Sem querer, Sofia corria os olhos nas pequenas cicatrizes.
Não eram nada demais, apenas cicatrizes antigas de quando era uma criança levada que vivia pulando de árvore em árvore nos quintais dos vizinhos e no da casa de sua avó. Seus joelhos e braços viviam ralado. Hoje em dia, os joelhos vivem ralados pelos tombos que dá quando se está bêbada.
Há apenas uma cicatriz em especial, uma que gostaria que não tivesse. Três dedos abaixo do sutiã, hoje ela é coberta com vários números tatuados sequenciadamente formando o seu RG, CPF, tipo sanguíneo, todos os seus documentos se precisasse com urgência.
_Qual é dessa tatuagem aqui? -pergunta Sofia tocando lhe em cima da tatuagem cobrindo aquela cicatriz que Raquel carregará para o resto de sua vida.
Raquel se afasta desconfortável com o seu toque. Sentia vergonha por estar só de sutiã perto de uma desconhecida com quem não iria transar.
_Bom -começou sentando se na cama- como eu vivo perdendo meus documentos por aí depois de beber todas, resolvi tatua-los em mim, assim eu não tenho problema em carrega-los pra cima e para baixo... eu ia tatua-los no braço, mas, 'nazideia' da minha mãe, resolvi tatua-los aqui -aponta para a costela.
Na cabeça de sua mãe, seria fácil arranca lhe os braços para dificultar o reconhecimento do seu corpo, se por obséquio, Raquel fosse encontrada sem vida devido a sua maneira nada saudável de se andar por aí. Tatuando na costela, seria mais difícil de esconder a sua identidade.
_Humm... interessante! -disse Sofia depois de pensar um pouco.
Já deitada, Raquel viu Sofia se deitar. Viu mais do que deveria.
"Daí me força meu Deus!" disse para si mesma.
Sofia se ajeitava na cama deitando se e antes de se cobrir, deixou a mostra um pouco da sua calcinha e uma bela coxa.
Raquel imaginou como seria o toque de sua pele, a maciez, o cheiro.
"Olhar não arranca pedaço, né?"
Ninguém é de ferro quando se vê uma bela mulher como Sofia, belas pernas, belos seios e um rostinho bonito, a imaginação de Raquel vai a mil.
Mesmo namorando Marina e amando ela, os seus olhos não tinham cerca, muito menos a sua imaginação.
Bruna foi a primeira mulher que Raquel ficou depois que começou a namorar sério com Marina, não sentia necessidade de ficar com outras mulheres estando com ela.
_Boa noite! -disse Sofia tirando Raquel de seus pensamentos.
_Boa noite...
Raquel não tinha a mínima vontade de dormir. Pegou o celular tirando o do modo avião, mas primeiro o silenciou para não acordar Ana e nem Sofia que já havia pegado no sono.
"Ninguém é perfeita!" disse para si mesma quando ouviu Sofia começar a roncar. Mas não era um ronco insuportável, era até que bonitinho.
E como Raquel pensou, um monte de mensagens e notificações de chamadas não atendidas apareceu na tela do celular. Uma chamada perdida lhe chamou a atenção, correu o olho nas mensagens recebidas e viu o seu nome escrito em uma delas.
Leu a última mensagem que Bruna a enviou.
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NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!! (Volume 1)
Romance"Como você quer me ajudar, sendo você a causadora de todos os meus problemas? Você é a minha ruína. O meu pior vício." Raquel não tem culpa de ser assim. Meio rebelde, uma viciada, meio pirada, paranoica e um tanto quanto apaixonada, leva um relaci...