Capítulo 03.Entre lobos.

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Jared me olhou com intensidade, exigindo uma resposta.

- Não sei do que Garret está falando - menti descaradamente, sem hesitar.

Ele estreitou os olhos, claramente duvidando.
- Tem certeza que não ficou com um certo caipira? - Jared acusou, usando o infalível radar de gêmeo que ele sempre alegava ter.

Cruzei os braços, fingindo indignação.
- O que pensa que eu sou? Nunca ficaria com aquele idiota. - Minhas palavras saíram com uma convicção forçada, mas suficiente para manter sua desconfiança acesa.

Jared suspirou, ainda me encarando com aquele olhar crítico.
- Eu conheço você, Lizzie. Está escondendo alguma coisa.

Antes que ele pudesse pressionar mais, uma voz familiar e arrogante cortou o ar entre nós.
- Desculpe atrapalhar a conversa dos super gêmeos, mas preciso falar com sua irmã agora. - Disse Tyler, puxando-me pelo braço antes que eu pudesse protestar.

Jared deu um passo à frente, enraivecido.
- Se você encostar um dedo na minha irmã, eu vou te matar. - Sua voz era baixa, ameaçadora.

Tyler apenas deu um meio sorriso, desdenhando.
- Calma, Jared. Só precisamos de um minutinho. - Ele respondeu, sem sequer olhar para trás enquanto me arrastava.

Antes que eu pudesse soltar qualquer reclamação, Tyler me empurrou para dentro de uma sala de limpeza e fechou a porta atrás de nós com um estrondo.
- O que você quer? - Perguntei, cruzando os braços, irritada.

Ele sorriu de canto, como se estivesse gostando da situação.
- Quero te entregar isso. - Ele tirou do bolso uma pequena caixinha, revelando um celular caro, muito mais sofisticado do que era meu.

Franzi o cenho, pegando o objeto sem muito entusiasmo.
- Você me trouxe aqui só para me dar isso?- Perguntei, balançando o celular em sua direção.

- Porque vai precisar dele. - Ele respondeu com simplicidade, bloqueando a porta quando tentei sair.

Revirei os olhos.
- Obrigada, mas se me der licença, eu tenho uma aula para voltar.

Ele se aproximou, sua expressão foi endurecendo.
- Nunca fale de outro homem que não seja eu. - Sua voz era baixa, quase um sussurro.

Eu ri, incrédula.
- Por quê? Você é meu namorado agora? Eu acho que não. - Apontei, tentando manter o tom leve.

Tyler se inclinou ainda mais perto, seus olhos fixos nos meus.
- Não sou seu namorado, Liz. Sou seu marido.

Fiquei em silêncio por um segundo, chocada com a ousadia. Depois, uma gargalhada escapou dos meus lábios.
- Você só pode estar louco! Você tem uma namorada e mesmo assim quer ficar comigo? Isso não vai rolar, Tyler.

Ele ergueu uma sobrancelha, desafiador.
- Você acha que tem escolha?

Pisquei algumas vezes, sentindo uma raiva crescente.
- Eu tenho escolha, sim. E eu escolho ficar longe de você. - Retruquei, tentando abrir a porta mais uma vez.

Ele me observou por um momento, depois deu um passo para trás, permitindo que eu saísse.
- Vamos ver quanto tempo você consegue resistir. - Disse ele com um sorriso frio, enquanto eu saía.

O retorno à sala foi constrangedor. O professor, mal-humorado como sempre, não gostou nada da minha tarefa incompleta e anunciou que os alunos com dificuldades, no caso eu, teriam ajuda dos monitores. Senti o peso do olhar de Tyler nas minhas costas enquanto ele observava minha reação. Para minha surpresa, o monitor designado para mim era Romeu, o garoto por quem eu tinha uma queda.

Estava sonhando acordada com a possibilidade de estudar com Romeu, até que um chute na cadeira quebrou minha fantasia. Virei-me lentamente, encontrando Tyler me encarando com aquele sorriso arrogante.

- Quando vamos estudar? - Ele perguntou casualmente.

Franzi a testa, confusa.
- Estudar? Você está louco? Você não é meu monitor.

- Eu sou seu monitor. - Ele respondeu, com um sorriso satisfeito, inclinando-se mais perto. - Vamos estudar na minha casa ou na sua?

- Isso só pode ser um engano. - Murmurei, sentindo meu rosto corar. - Meu irmão e meu pai teriam um ataque.

- Então na minha casa. - Ele disse, como se a situação já estivesse decidida.

Suspirei, tentando manter a calma.
- Prefiro estudar sozinha, Tyler. Por que não diz ao professor que está me ajudando? Assim, ficamos livres um do outro. - Tentei barganhar.

Ele balançou a cabeça lentamente, seus olhos ainda fixos em mim.
- Não.

- Não? - Repeti, quase sem acreditar.

Tyler inclinou-se ainda mais, sua voz agora baixa e ameaçadora.
- E se seu pai descobrir que nós dormimos juntos?

Meu coração disparou.
- Você não faria isso! - Sussurrei, incrédula.

Ele sorriu de lado, como se a simples ideia o divertisse.
- Meu irmão já está na sua casa, conversando com seu pai. Talvez você devesse se apressar.

Voltei correndo para casa, onde encontrei meu pai, furioso, gritando a plenos pulmões.
- Como você pôde fazer isso, Elise? - Ele rugiu, sua voz fez as paredes tremerem.

Eu pisquei, confusa.
- Fazer o quê?

- Não se faça de desentendida! - Ele gritou, virando-se para Jared, que estava ao meu lado, tentando falar. - Jared, cale a boca!

Trevor, o irmão de Tyler, entrou na sala, e a atmosfera ficou ainda mais tensa. O olhar de meu pai suavizou por um instante, mas logo Tyler chegou, destruindo qualquer esperança de reconciliação.

- Não adianta mentir, Liz. - Disse Tyler, calmamente. - Nós estamos namorando há algum tempo.

- Como ousa mentir assim? - Exclamei, sentindo a raiva subir. - Isso é um absurdo!

Tyler ignorou minha explosão, voltando-se para o meu pai.
- Seria melhor assumir, já que estamos juntos há tanto tempo. Não quero que a barriga dela cresça sem um marido.
Eu quase desmaiei de choque enquanto Jared ouvia tudo calado.
- O quê?!

Trevor interveio com frieza.
- Não ficaria bem para o candidato a prefeito ter uma filha adolescente grávida, não é?

Meu pai suspirou, balançando a cabeça em derrota.Parecia pensativo ,suas feições não entregavam o que estava por vir.
-Jared e Elise são minha vida ,sei que não são perfeitos e algumas vezes sem limites, mas não posso deixa-la partir.
-Obrigada, pai.- Falei aliviada.
-Não antes de dar a minha benção.
-O quê? Perguntei sem acreditar que meu pai acreditou em Tyler.

- Elise, precisamos resolver isso rapidamente. Vamos fazer o casamento o mais cedo possível. Sei que em parte tenho culpa por deixar sua tia Ângela assumir sua criação depois da morte da sua mãe. Mas ser feminista também é ser responsável.

Senti o chão desmoronar sob meus pés enquanto Tyler e Trevor saíam, vitoriosos.

Corri para o meu quarto, fechei a porta com força e desabei na cama. Lágrimas ameaçavam cair, mas eu me forcei a permanecer forte. Isso não podia estar acontecendo.

Adormeci logo depois de todo o caos, mas fui despertada no meio da noite por uma sensação estranha. O calor era insuportável, como se algo estivesse fervendo dentro de mim. Meu corpo estava coberto de suor, e a respiração entrecortada mal acompanhava o ritmo do coração disparado. Pulei da cama, ofegante, e corri para a cozinha. A única coisa que pensei em fazer foi buscar alívio imediato. Abri o congelador, tirando todo o gelo que encontrei e jogando na banheira. Entrei rapidamente, esperando que o frio me ajudasse a controlar o calor que me consumia.

Mas nada mudava.

Estava começando a entrar em pânico quando uma voz baixa e familiar ecoou pela cozinha.

- Isso não vai adiantar.

Virei-me bruscamente, meu coração disparando ao ver Tyler parado na porta. Ele parecia ter surgido do nada, e a luz fraca da cozinha realçava seus traços, tornando-o quase etéreo.

- O que está fazendo aqui? - Perguntei, minha voz tremendo de pânico.

Continua...

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⏰ Última atualização: Oct 13 ⏰

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