Capítulo II

1.7K 118 21
                                    


— Oi — disse uma voz atrás de Clarke, fazendo a garota se assustar.

Ela olhou para trás e viu Lexa com um sorriso meio culpado. Passava das quatro da tarde e Clarke estava no estúdio de artes da Arkadia High terminando uma de suas pinturas. Ser filha da vice-diretora Griffin tinha seus altos e baixos. Poder ficar ali até mais tarde fazendo o que ela mais gostava era uma vantagem.

Clarke acenou com a cabeça para que Lexa entrasse na sala. A garota ainda estava triste pelo empate do domingo e descontara um pouco de sua raiva em Clarke — algo que nunca acontecera antes. Clarke não era de perdoar fácil, mas entendia a pressão que a namorada estava. Além disso, se aquele gol de Roan tivesse acontecido contra seu time, ela também não estaria muito feliz.

Era quarta-feira e Lexa tinha treino de futebol mais cedo, provavelmente a razão para ela ter parado em Arkadia antes de ir para casa. Não que Clarke tivesse falado onde estava. Ela podia entender o que Lexa passava, mas ainda estava um pouco emburrada com tudo o que acontecera.

— Uau — elogiou Lexa, se aproximando de Clarke. Ela observava a pintura, impressionada. — Essa sou eu?

— Bom... — Clarke deu de ombros; suas bochechas estavam vermelhas — talvez.

— Porque eu estou com essa graxa nos olhos?

Clarke revirou os olhos e deu um empurrão de leve na namorada.

— É uma reimaginação! — ela exclamou, irritada. — Como se você fosse comandante de um povo todo.

Lexa fez uma careta. Clarke sabia que a namorada gostava da posição de capitã do time de futebol. Lexa nascera para liderar qualquer grupo que entrava. Ela era inteligente, esperta, astuta e todas as outras qualidades que todo mundo procura em um líder. Ela não duvidava que Lexa talvez até pensasse em concorrer à presidência do país um dia.

— É para alguma galeria? — indagou Lexa, pegando um banquinho e se sentando ao lado de Clarke.

— Na verdade, é sim — respondeu a outra, sem tirar os olhos da pintura. — Minha mãe conhece alguém em Washington e eles ficaram interessados no que eu posso fazer.

— E quem não ficaria? — disse Lexa em um murmúrio quase inaudível. Clarke parou de pintar e a olhou de soslaio. A garota se atrapalhou. — Hm, digo, suas pinturas são maravilhosas. Elas merecem estar expostas em algo além de uma sala de aula.

— Se esse é o seu jeito de pedir desculpas pelo comportamento de domingo, então você está no caminho certo.

Lexa riu e sacudiu a cabeça, como se não pudesse acreditar no que ouvia. Clarke abriu um meio sorriso e puxou a namorada para um beijo impulsivo. Ela não gostava de brigar com Lexa, não quando ela tinha aqueles grandes olhos que pareciam de um filhotinho perdido.

— Também vim pedir para que você jante comigo — disse Lexa assim que o beijo terminou. — Meus pais voltaram de viagem.

O coração de Clarke parou por um segundo. Apesar de namorarem por quase um ano, ela nunca passara mais de cinco minutos com os pais de Lexa. Eles eram CEO's de uma empresa multinacional e mais viajavam do que ficavam em casa. Os dois não se incomodavam com as festas que Lexa dava em sua ausência e também não pareciam muito ligados na sexualidade da filha. Jantar com eles era um passo e tanto na relação das duas.

— Clarke, não faça essa cara — pediu Lexa, fazendo biquinho. — Meus tios e Anya estarão lá também!

Clarke grunhiu. Anya não era exatamente a melhor prima do mundo, pelo menos não do seu ponto de vista. Clarke tinha certeza que a prima de Lexa não gostava dela, por algum motivo que jamais descobrira. Talvez fosse a rivalidade entre as duas escolas (Anya também estudara na Trikru High) ou talvez ela fosse a prima ciumenta que fazia o papel de irmã mais velha. De qualquer maneira, ela não era a melhor companhia de todas.

i'll be waiting by the bleachersOnde histórias criam vida. Descubra agora