Capítulo 11

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Depois do que aconteceu ontem no estacionamento da escola, achei que Cameron não viria me buscar assim como ele tinha feito todos os dias da semana, por isso fico um pouco surpresa ao vê-lo parado perto da sua moto, com aquela sua postura arrogante de sempre.

— Você está com pressa de chegar em casa? — Ele me pergunta assim que me aproximo.

— Por quê? — Pergunto.

— Pensei em irmos até a praia, não estou a fim de ver meu pai hoje.

Penso em perguntar o que ele quis dizer com isso, o que hoje tem de diferente, mas sua expressão me faz ficar calada.

Tem algo sombriamente triste brilhando nos olhos de Cameron. Notei que ele estava mais quieto do que o normal hoje de manhã quando me trouxe, mas achei que ele estava de mau humor por acordar cedo ou algo do tipo.

— Tudo bem. — Concordo e subo em sua moto.

Fecho os olhos e me agarro em Cameron, rezando por minha vida como sempre faço quando subo na sua garupa.

Alguns minutos depois estamos caminhando pela praia, o mar agitado, quebrando suas ondas furiosamente. Uma representação do humor de Cameron.

De repente ele para e se senta na areia, soltando um gemido cansado.

— Vai ficar aí em pé me observando ou vai se sentar comigo?

Sento-me ao seu lado e permaneço em silêncio.

— Sei que parece loucura, mas sinto que você é a única pessoa com quem eu posso falar sobre isso e que não irá me julgar.

— Falar sobre o que? — Pergunto.

— Sobre a morte da minha mãe. — Ele diz e um silêncio pesado se segue as suas palavras.

Observo o perfil de Cameron e vejo que ele quer falar algo, mas está lutando, tentando encontrar a coragem para desabafar.

Espero pacientemente por vários minutos até que ele finalmente abre a boca.

Sua voz é tão triste, como eu nunca havia escutado antes.

— Hoje é o aniversário da morte dela.

— Sinto muito, Cam. — Estico a mão e seguro em seu braço.

— Eu a matei. — Ele diz, ainda olhando para as ondas. Sua voz está embargada pelo choro que ele luta para não derramar.

— O que você quer dizer? — Pergunto com medo.

— Foi minha culpa, ela morreu por minha culpa, se eu não tivesse...

Cameron olha para baixo e vejo uma lágrima solitária escorrer por sua bochecha. Aproximo-me mais, abraçando-o como posso.

— O que aconteceu com sua mãe, Cam? — Sussurro.

— Ela sofreu um acidente, um homem dormiu ao volante e acertou o carro da minha mãe. Ela morreu à caminho do hospital.

— Oh meu Deus! Isso é horrível, mas não entendo, como pode ter sido sua culpa? Foi um acidente.

— Não, foi minha culpa, Nina. Ela estava naquele carro, dirigindo por aquela rua, por minha causa. Não é a toa que meu pai me culpa pela morte dela, minha mãe está morta por minha causa, porque eu sou um fodido de merda!

— Não, não, Cam, não diga isso! — Me aperto mais contra ele, tento conforta-lo de alguma maneira, vê-lo chorando acaba comigo.

— Ela estava indo me buscar na noite em que morreu. Eu estava preso porque encontraram meus amigos e eu bebendo e fumando maconha.

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