Cap 4 - POV ELISA

30 3 0
                                    


Chegamos a Empresa. Desço da moto, tiro o capacete e o entrego a Alex.

- Obrigada pelo lanche, pela companhia e pela carona.

- Sempre que precisar...- Diz batendo no assento da moto.

- Pode deixar. - Respondo rindo.

Caminhamos lado a lado e Alex se despede indo em direção a uns executivos. Pego o elevador e chego rapidamente ao quinto andar.

- Pode tirar esse olhar de esperança do rosto que não houve nada de incomum.

- Poxa, estava só shippando. - Diz desapontada.

Henrique me chama em seu escritório e depois de ficar aérea enquanto ele me explicava onde eu iria com Gaby no dia seguinte, me libera.

- Pode ir pra casa.

- Obrigada. Até amanhã.

- Até mais.

Passo pela Gaby.

- Tchau Gaby!

- Mas já? Não quer carona?

- Não, obrigada. Nos vemos amanhã.

- Ok.

Desço de elevador mesmo. Pego um ônibus e uns minutos depois chego ao meu destino.
Observo a casa de dois andares com terraço e fico encarando a janela em que observei as estrelas durante toda a minha adolescência. Bato na porta e ninguém responde. Caminho até os fundos e pego a chave em baixo do capacho. Entro na cozinha, encho um copo de água e o bebo tentando pensar. Subo as escadas e entro no meu quarto. Tudo está do jeito que deixei a uns meses atrás. Vou até meu banheiro e me apoio na pia olhando meu reflexo no espelho.

Tranco a porta e tiro minhas roupas, entro no box e ligo o chuveiro deixando a água gelada me acordar. O choque que sinto quando as gotas geladas batem em minha pele parece acalmar meus pensamentos. Enrolo uma toalha em meu corpo e procuro alguma roupa que possa ter deixado no antigo guarda roupa. Visto uma calça de moletom com uma camiseta e me sento na cama pra ler um dos livros que deixei na prateleira.

"Havia apenas dois tipos de gente em nossa cidade. "As burras e as empacadas", que foi como meu pai afetuosamente classificara nossos...."
Ouço a porta da sala bater interrompendo Ethan de continuar sua descrição da visão de seu pai sobre Gatlin.

Escuto gritos e não me surpreendo. Brigas entre minha mãe e seu marido sempre foram constantes. Agradeço a Deus por ter trazido minha bolsa até o quarto. Coloco minhas roupas sujas em uma sacola plástica, as coloco na bolsa e pulo a janela. Me seguro na árvore próxima a minha janela, pulo pra calçada e vou andando até minha casa.
Percebo que estou chorando quando uma senhora que caminha com seu cachorro me encara preocupada. Apresso o passo, não me leve a mal mas quem aturou as discussões e os gritos praticamente a vida toda fui eu. Só fui morar em meu apartamento por que não aguentava mais viver como uma prisioneira aguentando aqueles dois. Eu já sei exatamente oque vai acontecer. Eles brigam, minha mãe me liga dizendo que vai deixá-lo e no dia seguinte ele aje como um cão arrependido e ela permanece com ele. É sempre assim.
Ouço o toque do meu telefone.

Ligação on

- Oi Gaby.

- Oi Lis! Quer curtir uma balada hoje?

- Aceito.

- Te busco às dez, bye.

- Bye.

Ligação off

Idas e VindasOnde histórias criam vida. Descubra agora