Cap 7 - POV ELISA

17 2 0
                                    

    Eu nunca precisei de você como preciso agora.
Eu nunca precisei de você como preciso agora.
Eu nunca odiei você como odeio agora.
  Make me (Cry) - Noah Cyrus ft. Labrinth.

Acordo com o corpo dolorido.

Ontem à noite, tive alta do hospital. Minha mãe foi me buscar com uma muda de roupas e um irmão com uma cara nada boa ao saber que sua irmã havia se metido em uma briga. - Segundo ele, desnecessária.

- Você não presta, não é garota? - Perguntou me olhando com desdém.

- Não presto. - Eu disse após um bolo se formar em minha garganta.
 
  - À propósito, quem não presta aqui é você. Enquanto eu aturava a mamãe e seu adorável "papai". - Digo fazendo aspas com os dedos. - Você virava a noite em boates. Sempre rodeado de vagabundas interessadas no dinheiro que você roubava da bolsa dela. - Aponto em direção à minha mãe.

- Se você não quiser essa agulha enfiada no seu rabo, sugiro que saia daqui. Não me lembro de ter pedido sua presença. - Digo com superioridade.

Tomei um banho com a ajuda de uma enfermeira, já que queria evitar ter uma discussão com minha mãe. Vesti as roupas que ela havia trazido e fui ao encontro do médico.

- Olá doutor.

- Olá Elisa. Eu observei seus exames e estarei lhe dando alta, mas com uma condição. Você terá que seguir rigidamente essa lista. Terá que se alimentar bem, se exercitar e evitar estresse. Estamos entendidos? - Levantou uma de suas sobrancelhas ao me observar, estendendo uma lista com uma dieta rigorosa que eu deveria seguir.

- Sim doutor. Era só isso? - Pergunto me levantando.

- Lis. - Suspira cansado. - Estou falando sério. Você apresenta um caso de anemia. Está magra demais, se não se alimentar devidamente para ganhar peso e fazer seus exercícios, irá ter sérios problemas de saúde, compreende?

Encarei seu olhar sério.

- É claro. Pode deixar.

- Onde está aquele rapaz? Não vem buscá-la?

- E porque viria?

- Por se importar?

- Como se se importasse. - Murmurei pra mim mesma.

- Até mais, e se cuide mocinha. - Disse saindo e fechando a porta.

Minha mãe me esperava sentada em uma cadeira azul no corredor. Ao me ver, se levantou, em seguida caminhando pelo longo corredor.
Comecei a acompanhá-la. Quando chegamos ao seu carro, Ben nos esperava com a cara amarrada sentado no banco traseiro.
Bati a porta do carro com força fazendo-o se sobressaltar.

- Não é hora de dormir. - Resmunguei colocando o cinto.

- Filha da...

- CALADOS!! - Minha mãe berrou o interrompendo. - Calados os dois!

Fechei a cara me sentindo com cinco anos novamente. Liguei o rádio em uma estação aleatória e cruzei meus braços.

Após uma viagem silenciosa, minha mãe para em frente ao prédio em que moro. Suspiro cansada com vontade de me deitar.

- Obrigada pela carona, e por cuidar de mim. - Digo colocando a mão na maçaneta para abrir a porta do carro.

- Nem pensar, vou ficar aqui com você! - Disse D. Leila batendo o pé.

- O médico me mandou evitar estresse. - Revido num tom monótono.

- Tudo bem, mas se acontecer qualquer coisa, me ligue. - Se aproxima beijando minha bochecha.

- Tchau animal. - Provoco Ben.

- Tchau palhaça de circo! - Reviro os olhos saindo do carro e fechando a porta.
  
  Caminho em direção à entrada do prédio sentindo seus olhares em mim. Quando atravesso o saguão consigo ouvir o barulho do carro se afastando.

- Senhorita Bennet! -  O porteiro grita preocupado.

- Oi Seu José! - Digo sorrindo.

- A senhora está bem? Precisa de algo? - Questiona observando as manchas arroxeadas em minha pele.

- Dormir, Seu José. É tudo que preciso no momento. - Bocejo.

- Tudo bem, então. Se precisar... já sabe, é só interfonar que eu apareço.

- Obrigada. Até mais, Seu José! - Aceno e caminho em direção ao elevador.

Após entrar, aperto o número três e me recosto na parede do elevador.
Amanhã preciso levar meus atestados médicos para a Empresa. O médico queria me liberar pelo resto da semana, mas decidi não abusar da sorte.

Eu era estagiária de uma das maiores Indústrias de cosméticos do Estado, não me daria ao luxo de ficar faltando por uma simples anemia.

Desci no meu andar, caminhei praticamente me arrastando. Destranquei a porta e Léo percebendo meu estado, não pulou em mim.

- Oi meu amor. - O pego no colo e o levo até a cozinha. Procuro sua comida na dispensa e encho seu pote com comida. Léo salta do meu colo atacando a ração.

Após devorar tudo, encho seu pote de água e sigo pro meu quarto.
Fecho a cortina roxa que ganhei da vovó, coloco o telefone no silencioso e me jogo na cama com roupa e tudo, apagando em seguida.


   

Idas e VindasOnde histórias criam vida. Descubra agora