Primeiro Suspiro

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Por milhares de anos desde a existência, e desde que o ser humano se entende como o polegar supremo do topo da cadeia alimentar, as nossas crianças, ao menos as mais curiosas e exploradoras, procuram um sentido na vida com perguntas como "o que sou?", "qual minha finalidade?", ou a mais perturbadora "qual o sentido da vida?". Não temos essas respostas, mas vou te contar uma história, de um garoto que acreditava na ciência, e ao mesmo tempo em um Deus que rege a ciência, ele aposta em teorias brincando, e diz que o mundo dos adultos é complicado.

Capítulo 1; Primeiro Suspiro

Tudo começou quando Elisabeth Teinnor e Andrew Teinnor resolveram comprar uma casinha de veraneio para morar no Hawaii, eles planejaram tudo; tinham a faculdade que seu filho iria cursar, a escola que iria estudar, o trabalho de Andrew como biólogo no Alloha Central Park, a empresa de pesca de Elisabeth, tudo estava perfeito e bonito...
Não se preocupe, não vai dar nada errado, estamos apenas descrevendo a história haha.

No Hospital Municipal de Hoylla nasceu o grandioso explorador Peter Teinnor, um bebezinho lindo de três quilos e quatrocentas gramas, era tão pequeno que cabia na palma da mão.
Nasceu nosso pequeno herói, envolto de todo o amor dos pais, Elisabeth deixou a empresa para uma amiga cuidar, claro que ela precisava de tempo para cuidar do filho, o garoto era um amor de criancinha. Aprendeu a falar com dois anos de idade, e a andar com três, interagia com timidez na frente dos amigos, mas quando estava sozinho adorava criar teorias bobas, mas inteligentes para sua idade, aos onze ganhou seu primeiro telescópio, amou conhecer e desvendar as estrelas em seu pequeno mundo, para ele, ver as estrelas era como ter diamantes raríssimos e não poder tocá-los, então aos doze anos veio seu primeiro sonho; ser astronauta. Seus pais não duvidaram, deram toda a força do mundo para seu filho. afinal, eles queria apenas vê-lo feliz, aos quatorze anos, veio seu primeiro beijo e as perguntas da vida adulta começaram a lhe fuzilar como agulhas finíssimas saindo de uma .50, foi então que decidiu descobrir as resposta sozinho.

Hoylla era uma cidade pequena, todos se conheciam, e o acesso às informações na década de noventa era realmente difícil, existia a Biblioteca Municipal de Hoylla, todos os dias nosso explorador ia para lá, passava horas lendo, não era um garoto muito sociável, sempre sozinho. tinha apenas seu amigo imaginário; Billy. Billy não tinha forma, ele podia ser o que quiser que fosse, bastava apenas o incentivo da imaginação.

Peter era introvertido com as pessoas e extremamente extrovertido com Billy, o garoto tem cabelos ruivos e encaracolados, aparência petulante e olhos cor de mel aveludado. Seus sonhos iam além de qualquer pedido material, eram grandiosos; como chegar a lua, descobrir a cura para o câncer, guardar uma estrela num potinho, pegar energia do sol. Ele passava horas e horas lendo sobre teorias e revendo materiais que envolviam astronomia e astrologia, hoje em dia essas duas áreas do conhecimento brigam entre si, mas para nosso pequeno explorador elas poderiam ser amigas, amigas que dividem a mesma ideia; a do conhecimento.

Em uma praia deserta na região sul de Hoylla, Peter estava brincando com seu amigo, tendo em mente que teria de procurar as respostas para suas perguntas sozinho, perguntou;
— Billy, me diz; o que você acha de me ajudar a procurar as resposta que quero? - pergunta Peter enquanto brincava com as pedrinhas na areia.
Billy agora era uma águia gigante, demonstrando vigilância e cuidado com Peter.
— Sabe, eu até ajudaria, mas só se prometer que não vai usar fogos de artifício de novo - respondeu Billy, olhando seriamente o garoto brincando com a areia.
— Haha Qualé, eu só queria ver se era possível mesmo sair da atmoaferea - disse o garoto, debochando.
— Atmosfera, é a forma correta, agora pare de tentar bancar o astronauta e vamos procurar suas respostas, sem fogos de artifício! - disse Billy.
— Não esqueço a cara da vizinha Scarlett, ela realmente nunca tinha visto fogos de artifício na vida haha - citou Peter, debochando novamente.
— Okay você tem razão, foi engraçado, mas não faça isso de novo!
- retrucou Billy.
— Certo, quero você às seis na biblioteca, vamos estudar a teoria da vida! - disse Peter, animado.
— Certo! Vamos! - agora Billy era um beija flor, representando agilidade.
Peter pegou a bicicleta e foi para escola, ao sair pedalou para a biblioteca que ficava a poucos quarteirões da escola, chegando lá se encontrou com Billy que agora era um macaco-prego de óculos, representando inteligência.
— Sabe Billy, você não parece mais inteligente como macaco de óculos - disse Peter e depois soltou um riso baixo.
Billy continuou a ler sem dar atenção a Peter.
— Ah Qualé... Certo, vou direto ao ponto - dizia Peter enquanto procurava algum livro sobre teoria de Darwin.
— Darwin diz que não é o mais inteligente nem o mais forte que sobrevive na natureza, e sim o mais adaptado a mudança, Peter - disse Billy, agora dando atenção ao garoto.
— Hum, Darwin está errado, sem inteligência não existiria tecnologia e nem teorias, como a raça humana iria progredir sem tecnologia? - perguntou Peter curioso.
— Essa teoria é apenas aplicada a biologia, Peter, animais não raciocinam - Disse Billy.
— Eu estou conversando com um macaco-prego de óculos, sim Billy, eu realmente preciso de amigos - disse Peter, e caíram na gargalhada.
— Hey garoto! Faça silêncio! Aqui é uma biblioteca! Xiu! - esperneou a bibliotecária.
— Desculpa - disse Peter baixinho.
Voltando para casa enquanto conversavam sobre a teoria de Darwin, Peter tinha certeza que não conseguiria as respostas sozinho, ele precisaria de ajuda, alguma ajuda exterior, ele ama o desconhecido, mal ele sabe o que lhe espera dentro de sua caixa de correio, especialmente para ele, Peter Teinnor.

Chegou em casa faminto, às sete da noite.
— Oi mãe - disse Peter.
— Filho, onde estava? - perguntou Elisa preocupada.
— Ah, estava na biblioteca, onde mais estaria? - respondeu Peter.
— Você vive na biblioteca filho, tudo bem você gostar de ler, mas você precisa fazer..
— Amigos? Não, eu realmente não preciso de amigos, mãe, o que eu preciso mesmo agora é de um pedaço de bolo de carne - disse ele interrompendo-a e pegando um pedaço de bolo de carne que estava encima da pia.
— Entenda amor, eu só quero o seu bem - disse a mãe, carinhosamente.
— Eu sei mãe, mas eu tenho tudo o que preciso em casa - e abraçou a Elisa.
— Posso jogar videogame antes de dormir, mãe? - perguntou Peter.
— Suas notas sempre foram excelentes, e as desse semestre também estão altas, então tudo bem - disse Elisa com segurança.
— Valew mãe! - disse Peter enquanto ia correndo para o quarto.
— Ah sim, filho! Poderia pegar a correspondência para mim? Por favor? - disse Elisa.
— Sim mãe! - respondeu Peter num grito do quarto.
Ele ligou o videogame e desceu as escadas até a porta, a abriu e foi em direção a caixa de correio, pegou todos os papéis e levou para dentro de casa, jogou todas em cima da mesa da cozinha, uma carta azul marinho saiu do bolo de cartas a caiu no chão.
— Mãe, as cartas estão em cima da mesa - disse enquanto pegava a carta caída no chão.
— Okay filho, obrigado - disse Elisa.
Mas no meio do agradecimento da mãe, Peter viu seu nome na carta azul marinho, estava escrito; "De: um sonhador Para: Peter Teinnor", ele fitou a carta por alguns segundos e correu para o quarto, ignorando o videogame ligado, ficava se perguntando quem enviaria uma carta para ele? Ele não conhecia ninguém além de Billy, será que Billy existe mesmo? Não, quem seria esse tão 'Sonhador'?, a curiosidade o enchia por dentro chegando a deixá-lo ansioso, abriu a carta... e o que estava prestes a ler, iria mudar sua vida.

As Cartas de Um Sonhador Onde histórias criam vida. Descubra agora